Texto: Colossenses 3:18-21
Introdução
A vida em família geralmente é cercada de muita expectativa. Quando os noivos entram no casamento, carregam consigo muitos sonhos em torno da construção de uma família estável, feliz, bem sucedida, com filhos saudáveis, obedientes, etc. Entretanto, há muitos casais que nos primeiros meses ou anos do casamento deixam ir por água abaixo todos os sonhos e expectativas, chegando à conclusão de que a família que idealizavam e que começaram a construir não passava de um castelo de areia. Há muitos casais que concentram todas as esperanças de uma família alegre e realizada, nos fdhos que estão crescendo, mas, com o passar do tempo, estes acabam lhes trazendo grandes desgostos e preocupações.
Assim, assiste-se hoje à desestruturação e ao desmoronamento de muitas famílias. É nesse contexto e diante desse desafio, que estaremos buscando na Palavra de Deus os princípios que possibilitam a estabilidade familiar, pois, “se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam”.
Desde a instituição da primeira família na terra – Adão e Eva – até hoje, a família enfrenta problemas. Se por um lado a família é lugar onde se tem segurança, provisões e cuidados mútuos, por outro lado é também o lugar onde surgem conflitos, aborrecimentos e incompreensões.
Marido e mulher, com suas individualidades e diferenças de formação, filhos com idades e temperamentos diversificados, personalidades diferentes abrigadas sob um mesmo teto, acarretam, muitas vezes, as dificuldades em se manter um relacionamento familiar tranqüilo, saudável e estável. Junto a esses fatores somam-se as tensões de um mundo em crise, as influências dos meios de comunicação – especialmente a televisão – a deterioração de valores de uma sociedade secularizada e a falta de comunicação, agravando a já bastante desestabilizada família moderna.
Diante da preocupante situação da família moderna, o que deve ser feito? Será que a família é mesmo uma instituição ultrapassada e fracassada? Será que outros modelos de vida familiar devem ser buscados ou tolerados?
Sem considerar a complexidade dos fatores que hoje se somam, ameaçando a estabilidade da família, e sem adiantar respostas às indagações anteriores, convidamos cônjuges e filhos a considerarem os princípios bíblicos relacionados à estabilidade familiar.
LIÇÕES PRÁTICAS
A Bíblia não é um manual de vida familiar que traz regras e leis para a vida em família. A Bíblia apresenta, sim, conselhos e princípios flexíveis que visam orientar e fazer da vida em família uma agradável, compensadora e edificante experiência, assegurando a sua estabilidade.
1. A ESTABILIDADE FAMILIAR REPOUSA NO PRINCÍPIO DA AUTORIDADE
Em qualquer instituição, tanto divina quanto humana, precisa haver o princípio da autoridade. Porém, é preciso entender que autoridade não é o mesmo que autoritarismo. Mas, que tipo de autoridade deve existir na família?
1.1. Autoridade divina. “Como convém no Senhor… pois fazê-lo é grato diante do Senhor” (vv. 18,20). Quem pensa que a maior autoridade dentro da família é a mulher ou o marido, está equivocado. Marido, mulher e filhos estão sob a autoridade do instituidor e preservador da família: Deus. A autoridade divina está acima de qualquer outra autoridade na família. A vida familiar deve ser vivida conforme a orientação bíblica, antes de tudo porque “fazê-lo é grato diante do Senhor”. Quando alguém desonra a sua família, está ofendendo diretamente a Deus e negando a fé (1 Tm 5.8).
1.2. Autoridade patriarcal. “Esposas, sede submissas aos próprios maridos…” (v. 18). Esse texto bíblico foi produzido em uma época, um lugar e um contexto cultural em que a estrutura social aceita era a patriarcal, onde o pai era visto como o chefe e autoridade máxima. Em nossa cultura, o regime patriarcal também é mais aceito. Entretanto, quando a mãe, por fatores diversos e/ou adversos assume a direção da família, a sua autoridade não é inferior pelo fato de ser mulher. A autoridade patriarcal não dá ao marido o direito de ser arrogante, violento e dominador. Alerta J. Comblin que: “Sendo o chefe da casa, o marido sofre a tentação de impor o seu humor a todos os membros da família. Tem que reprimir esse mau humor, e tratar a mulher com delicadeza”. Espera-se da esposa não a subordinação (estar sob ordens), e sim, submissão (missão dentro do lar abaixo do marido, como sua auxiliadora idônea) (Gn 2.18). A esposa não está na mesma condição dos filhos e dos servos que, em tudo devem obediência ao chefe da casa. É importante entender também que, ao falar de submissão feminina, Paulo não questiona, nem justifica em nome do Evangelho esta regra da tradição social familiar. Apenas diz que é conveniente que assim seja; não por causa do marido em si, mas por causa do Senhor (Tt 2.3-5).
1.3. Autoridade Paternal/Maternal. “Filhos, em tudo obedecei a vossos pais ” (v.20). Ainda dentro do princípio da autoridade, o texto mostra com muita clareza a importância da autoridade dos pais, através de uma exortação direta aos filhos. Esta exortação, também repetida na carta aos Efésios (Ef 6.1-3), inspira-se no quinto mandamento (Ex 20.12). Em muitas famílias os filhos obedecem mais ao pai do que à mãe, mas não é correto que seja assim. Tanto o pai quanto a mãe precisam exercer autoridade sobre os filhos (Pv 13.24; 19.18; 29.15, 17). Uma família onde a autoridade dos pais não é reconhecida e respeitada, torna-se lugar de confusão e tristeza.
2. A ESTABILIDADE FAMILIAR REPOUSA NO PRINCÍPIO DA SUBMISSÃO
Onde não há submissão é difícil haver harmonia, é impossível haver felicidade. Por isso, a Bíblia apresenta para a vida em família também o princípio da submissão.
2.1. Submissão expressa em amor. “Maridos, amai a vossas esposas, e não as trateis com amargura” (v. 19). Em primeiro lugar, para haver estabilidade na família, o casal deve ser submisso a Deus. Um coração submisso a Deus será sempre um coração cheio de amor. Diz a Bíblia
que o amor procede de Deus e aquele que O conhece, ama. O marido que conhece a Deus dispensará à sua mulher e receberá dela um tratamento cheio de amor (I Jo 4.7).
2.2. Submissão expressa em obediência. “Esposas, sede submissas aos seus próprios maridos… Filhos, em tudo obedecei a vossos pais” (vv. 18,20). A submissão expressa em obediência é a resposta mais natural a um tratamento de amor. Um chefe de família obediente ao Senhor, responsável e amoroso, receberá de sua esposa e dos filhos uma voluntária obediência como expressão de submissão. Uma família onde cada um faz o que bem entende e ninguém obedece a ninguém, está muito distante dos princípios bíblicos que incluem a obediência como expressão de submissão.
2.3. Submissão expressa em humildade. O contrário de submissão é arrogância, altivez, etc. Quando existe este tipo de comportamento na família, por parte de quem quer que seja, fica muito difícil a convivência familiar. A palavra de Deus recomenda a humildade (Pv 22.4; 1 Pe 5.5).
3. A ESTABILIDADE FAMILIAR REPOUSA NO PRINCÍPIO DA AFEIÇÃO
A autoridade e a submissão na família se harmonizam e se tornam viáveis, praticáveis e agradáveis, em virtude do princípio da afeição: consideração do marido para com a esposa e vice-versa, dos pais para com os filhos e destes para com os pais. O princípio da afeição, sobre o qual também repousa a estabilidade familiar deve, necessariamente, ser exercitado da seguinte maneira, como sugere o texto:
3.1. Afeição conjugal. “Esposas, sede submissas… Maridos, amai… ” Aqui fica mais clara a idéia de que a submissão que a mulher deve ao marido e o amor que este deve à sua mulher não são atitudes forçadas por leis e regras exteriores, mas é um sentimento de afeição que brota do coração. Grande é esse mistério, que se confunde com a união entre Cristo e a Igreja (Ef 5.28-33).
3.2. Afeição filial. “Filhos, em tudo obedecei a vossos pais” (v.20). A afeição dos filhos em relação aos pais é de fundamental importância para a existência de uma família estável e feliz. Os filhos devem àqueles que os geraram, a mais profunda afeição (Pv 6.20-23).
3.3. Afeição paternal. O texto básico indica também que o princípio da afeição deve ser acatado e praticado pelos pais em relação aos filhos: “Pais, não irriteis os vossos filhos para que não fiquem desanimados” (v.21). A mesma recomendação é encontrada em Ef 6.4. Os pais devem ser muito cuidadosos na demonstração da afeição aos filhos. Os sentimentos de rejeição, incompreensão e indiferença sentidos por muitos filhos, têm criado revoltas, complexos e outros dramas existenciais, desestabilizando vários lares.
DISCUSSÃO
1. Quais os principais fatores que hoje provocam a desestabilização da família?
2. No relacionamento familiar, quais são os limites: a) da autoridade do marido; b) da submissão da esposa; c) da obediência dos filhos?
3. Você concorda que dentro de casa a última palavra deve ser sempre do marido?
Pr Josias Moura