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Toggle1) Introdução
Estudamos que Deus é o Criador todo-poderoso. Deste estudo também parece sensato concluir que Ele também preserva e governa tudo no universo. Deus não só cria como estabelece uma relação providencial com sua criação, sustentando-a com seu poder.
Podemos definir assim a providência divina: Deus está continuamente envolvido com todas as coisas criadas de forma tal que (1) as preserva conservando as propriedades com que ele os criou; (2) coopera com as coisas criadas, a fim de fazê-las agir como agem; e (3) as orienta no cumprimento dos seus propósitos.
Dentro do estudo da doutrina da providência veremos três elementos conceitos importantes: (1) Preservação, (2) Cooperação e (3) Governo.
2) A preservação
Deus preserva todas as coisas. Um exemplo disso é que Ele continuamente nos dá a respiração. Eliu em sua sabedoria diz: “14 Se Deus quisesse, poderia fazer voltar para si o fôlego, a respiração da gente; 15 então todas as pessoas morreriam juntas, no mesmo instante, e voltariam de novo para o pó. ” (Jó 34:14-15 NTLH)
Toda a criação é preservada ou sustentada pela sua palavra. Hebreus 1.3 nos diz que Cristo está “sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder”.
A palavra grega traduzida como “sustentando” é “carregar, suportar”. É usada comumente no Novo Testamento com o sentido de carregar algo de um lugar para outro, como nos seguinte exemplos: Lucas 5.18 (levar um paralítico num leito até Jesus), João 2.8 (levar vinho ao encarregado do banquete) e 2Timóteo 4.13 (levar uma capa e livros para Paulo). Não significa simplesmente “sustentar”, mas encerra a idéia de controle ativo e deliberado da coisa que se carrega de um lugar a outro.
Hebreus 1.3 diz: “…sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder….”. A palavra “…sustentando…” indica que Jesus está “continuamente carregando consigo todas as coisas” no universo pela palavra do seu poder. Cristo está ativamente envolvido na obra da providência.
Deus preserva, sustenta e literalmente “esta carregando” tudo o que foi criado. Assim Deus fez e sustenta todo o universo, e a nossa própria vida. E o poder preservador de Deus que garante que o sol aparecerá amanhã, ou que a terra não será destruída nesse momento, ou que o universo não deixará de existir agora.
3) A cooperação
Deus coopera com todas as coisas no sentido de que Ele faz a sua criação agir para realizar determinadas atividades.
Veja o que o diz Jó. 37:6-13: “6 Porque Ele diz à neve: Cai sobre a terra; e à chuva e ao aguaceiro: Sede fortes. …… 10 Pelo sopro de Deus se dá a geada, e as largas águas se congelam. 11 Também de umidade carrega as densas nuvens, nuvens que espargem os relâmpagos. 12 Então, elas, segundo o rumo que ele dá, se espalham para uma e outra direção, para fazerem tudo o que lhes ordena sobre a redondeza da terra. 13 E tudo isso faz ele vir para disciplina, se convém à terra, ou para exercer a sua misericórdia.” (Jó 37:6-13 RA)
O texto acima nos mostra que Deus coopera com as coisas criadas, dirigindo suas propriedades características a fim de faze-las agir como agem.
Há muitas coisas na criação que concebemos como ocorrências meramente “naturais”. Contudo, as Escrituras afirmam que Deus as faz acontecer. Lemos que “fogo e saraiva, neve e vapor e ventos procelosos […] lhe executam a palavra” (Sl 148.8). Ainda, o salmista declara que “Tudo quanto aprouve ao SENHOR, ele o fez, nos céus e na terra, no mar e em todos os abismos” (Sl 135.6), e depois, na frase seguinte, exemplifica como Deus impõe a sua vontade ao clima: “Faz subir as nuvens dos confins da terra, faz os relâmpagos para a chuva, faz sair o vento dos seus reservatórios” (Sl 135.7; cf. 104.4).
As Escrituras revelam que até os animais selvagens do campo são influenciados por Deus, pois “todos esperam de ti que lhes dês de comer a seu tempo. Se lhes dás, eles o recolhem; se abres a mão, eles se fartam de bens. Se ocultas o rosto, eles se perturbam” (Sl 104.27-29; cf. Jó 38.39-41). Jesus também afirmou isso ao dizer: “Observai as aves do céu […] vosso Pai celeste as sustenta” (Mt 6.26). E ele disse que nenhum pardal “cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai” (Mt 10.29).
As Escrituras também nos mostram que há controle providencial divino das questões humanas. Lemos que Deus “multiplica as nações e as faz perecer; dispersa-as e de novo as congrega” (Jó 12.23). “Pois do Senhor é o reino, é ele quem governa as nações” (Sl 22.28). Ele já determinou o tempo de existência e o lugar de cada nação na terra, pois Paulo diz: “[Deus] de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação” (At 17.2
6; cf. 14.16).
A providência de Deus pode ser vista até nos eventos de nossas próprias vidas. Por exemplo, nossa dependência de Deus para o alimento de cada dia é afirmada cada vez que oramos “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (Mt 6.11). Do mesmo modo, Paulo, mirando as coisas com os olhos da fé, afirma que “o meu Deus […] há de suprir […] cada uma de vossas necessidades” (Fp 4.19), mesmo que se usem meios “comuns” (como, por exemplo, outras pessoas) para fazê-lo.
4) O governo
Esse terceiro aspecto da providência divina sugere que Deus tem um propósito em tudo o que faz no mundo, e providencialmente governa ou dirige todas as coisas a fim de que cumpram os seus próprios propósitos divinos. Lemos em Salmos: “O seu reino domina sobre tudo” (Sl 103.19). Além disso, “segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Dn 4.35).
Paulo afirma que "dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas" 11.36) e que "[Deus] todas as coisas sujeitou debaixo dos pés" (ICo 15.27). Deus é aquele "que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade" (Ef 1.11), para que no "ao nome de Jesus" todo joelho se dobre "nos céus, na terra e debaixo da terra, e língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai" (Fp 2.10-11). Paulo sabe que Deus é soberano sobre tudo e incute os seus desígnios em tudo o acontece, pode declarar que "Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito" (Rm 8.28 NVI).
Assim, podemos confiar plenamente em Deus, porque Ele em sua providência, nos sustenta e nos mantem vivos para que realizemos a sua vontade, e exerce governo absoluto sobre toda a criação.
Na próxima semana, trataremos dos decretos de Deus. Não falte.
Pr Josias Moura de Menezes