‘Creio em Jesus Cristo, seu único filho, Nosso Senhor. João 1.1-14
Quem é Jesus?” – Muitas respostas poderiam ser dadas a esta questão aparentemente simples, mas, na verdade, bastante complexa.
Afinal, “quem é Jesus?” Esta intrigante questão vem ocupando a atenção da igreja cristã há séculos. Heresias várias eram apresentadas na tentativa de explicar a natureza de Jesus como Homem-Deus, negando um ponto vital da doutrina cristã. 0 Credo Apostólico, por exemplo, nasceu principalmente com a finalidade de dirimir muitas dúvidas que preocuparam os cristãos dos primeiros séculos. Na época perguntavam: “Jesus é mais homem ou mais Deus?” ou: “Ele nasceu como Filho ou foi adotado como tal?”. Compreende-se, então, o motivo do Credo contemplar principalmente afirmações de fé referentes à pessoa de Jesus, combatendo doutrinas heréticas como a dos ebionistas, arianos, nestorianos, docentistas, apolinarianos, dentre outros.
A afirmação: “Creio em Jesus Cristo” é portanto, decisiva para a fé cristã, e envolve mais do que uma simples declaração uma vez que compreende diferentes e importantes aspectos vitais, a saber:
CREIO EM JESUS CRISTO… O ENVIADO DE DEUS
Jesus (de Nazaré) é o Cristo, o Messias, o enviado de Deus. Neste primeiro aspecto, concebe-se Jesus como aquele que era esperado para a redenção de Israel, conforme prometido na antiga aliança. Desde o Antigo Testamento (Gn 3.15), Deus prometeu enviar aquele que haveria de destruir a serpente. As páginas vétero- testamentárias encontram-se permeadas da expectativa da vinda do Messias que mudaria o curso de toda a História.
Disse Pedro: “Tu és o Cristo” (Mc 8.29) – esta confissão expressa a convicção não apenas do apóstolo, mas também de toda a comunidade crente. Esta declaração ocupa lugar vital na história da salvação, confirmando que Deus cumpre fielmente as suas promessas e redime ao seu povo.
No prólogo de seu Evangelho (Jo 1.1-11), o apóstolo João apresenta Jesus como o próprio Deus que se encarna e vem habitar entre nós (para sempre!). Ainda que afirma que Ele “veio para o que era seu e os seus (isto é, os judeus) não o receberam” (Jo 1.11). Infelizmente, ainda hoje, muita gente não reconhece Jesus como o Messias enviado por Deus. Destes, muitos aguardam a vinda de um líder político, e não de um libertador espiritual. Porém, enfatiza a Palavra que “a pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular…” (I Pe 2.6-8). No testemunho e experiência da igreja, não resta dúvida quanto a identidade de Jesus, o Cristo, o Filho do Homem, o Senhor. Em sua obra Jesus Cristo Libertador, Leonardo Boff argumenta que os títulos são conseqüência da autoridade de Jesus. Ele diz que os títulos “querem decifrar e explicar essa autoridade… Nenhum título conseguiu exprimira radicalidade do bom senso, da fantasia criadora e da soberania de Jesus. Não são os títulos que criaram esta autoridade, mas a autoridade deu origem aos títulos. Nenhum deles, contudo, consegue exaurir a riqueza da figura de Jesus, diante da qual todos, até os demônios se admiravam. Quem és tu afinal, Jesus de Nazaré?”
CREIO EM ESUS CRISTO… O DEUS-HOMEM
Esta declaração é, fatalmente, matéria de fé, pois envolve um conceito inexplicável do ponto de vista humano: “Jesus é Deus ou homem?” Por séculos, esta questão incomodou a teologia cristã. 0 Concilio Ecumênico de Calcedônia (451 a.D.) define que Jesus é, ao mesmo tempo e o tempo todo, Homem e Deus, afirmando que: “Um e o mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, confessado em duas naturezas, sem confusão, sem conversão, sem divisão, sem separação”.
A natureza “hipostática” de Jesus (ser homem e Deus ao mesmo tempo) constitui-se em um grande mistério da fé cristã. Os esforços intelectuais são insuficientes para explicar o mistério da Encarnação. As Escrituras afirmam a Encarnação, sem questioná-la: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus… E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do Unigênito do Pai” (Jo 1.1,14. Compare com I Jo 1.1-3).
Por isso, Jesus nasceu por obra do Espírito Santo, vestiu-se de humanidade e identificou-se com a nossa realidade: comeu, bebeu, dormiu, sorriu, chorou, conviveu com todo tipo de gente, sentiu dores, angustiou-se, sofreu, morreu etc. Ele foi tentado, mas sem jamais pecar. Ele nos deu o exemplo: .. No mundo passais por aflição. Mas, tende bom ânimo. Eu venci o mundo” (Jo 16.33). Jesus ensinou a possibilidade de uma vida pura e santa. E hoje, coloca-se ao nosso lado para nos ajudar em nossa caminhada: “Pois naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer aos que são tentados” (Hb 2.18).
CREIO EM JESUS CRISTO… ÚNICO SENHOR E SALVADOR
Ao afirmarmos “Creio em Jesus Cristo”, declaramos, também, reconhecê-lo como único Senhor e Salvador. Esta convicção baseia-se na Palavra de Deus que afirma: “antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno” (II Pe 3.18). Jesus é o Salvador, porque primeiro Ele é o Senhor absoluto (Fp 2.9-11).
Segundo a contagem de L. Sabourim e W. Taylor, o Novo Testamento contém 55 nomes diversos para Jesus. Destes, o título de “Senhor” atribuído a Jesus, ocorre 350 vezes. A afirmação de fé: “Jesus Cristo é o Senhor” (Rm 10.9; I Co 12.3) é curta, mas uma das primeiras confissões de fé dos cristãos que confrontavam aquela proposta pelo Império Romano, que exigia de seus súditos a declaração de que “César é Senhor” – exigência de imperadores como Nero e Domiciano. Dentre outras ênfases bíblicas, Jesus aceitou título de Senhor (Jo 13.13), pois é o Senhor do Sábado e da lei de Deus (Mc 2.28). Ele é o Senhor sobre o mundo e a humanidade (Rm 14.9), e sobre os poderes e potestades (Ef 1.20). E ainda Senhor dos senhores e Rei dos reis (Ap 17.4); Senhor da Igreja (I Co 4.19) e Senhor sobre a morte, em sua ressurreição.
Ele é também o Único e Suficiente Salvador que veio “buscar e salvar o perdido” (Lc 19.10), isto é, todos os pecadores, dentre os quais o apóstolo Paulo se considera um dos principais (I Tm 1.15). Ele quer que todos se salvem (I Tm 2.3), de graça, mediante a fé (Ef 2.5-8). Afinal, Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29).
Não basta simplesmente afirmar que Jesus é o Senhor, pois Ele alerta: “Nem todo aquele que me diz; Senhor! Senhor! Entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7.21-23). Jesus também pergunta: “Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?” (Lc 6.46). Torna-se urgente e necessário, declarar que Jesus é o Senhor e Salvador, mas também e, principalmente, dispor-se a viver pela fé, obedecendo à Palavra de Deus.
Para concluir, julgamos oportuno o comentário de L. Boff: “Convém ressaltar: os títulos e nomes, mesmo os mais divinos, não querem apagar o homem-Jesus. Antes, querem ressaltá-lo. Não querem fundamentar a soberania e autoridade de Jesus, mas exprimi-la e realçá-la. No final de tudo, após longo processo de meditação sobre o mistério que se escondia em Jesus, chegaram a dizer: humano assim como foi Jesus de Nazaré, na vida, na morte e na ressurreição, só podia ser Deus mesmo. Com isto, rompem-se todos os conceitos humanos… Homem e Deus são distintos, mas em Jesus Cristo, chegaram a formar uma unidade sem confusão e sem mutação”.
Com segurança e fé, podemos sempre reafirmar: “CREIO EM JESUS CRISTO!”.
DISCUSSÃO
1. Como podemos provar a nossa fé em Cristo?
2. Por que tantas pessoas professam crer em Cristo e depois, com sua conduta, negam a fé?
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