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ToggleMISSÕES NO AT E NO VT
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 02
UNIDADE I – Bíblia, O Tratado Divino para Missões Mundiais 03
UNIDADE II – As Alianças no Propósito Mundial de Deus 11
UNIDADE III – O Chamado Missiológico de Abraão 17
UNIDADE IV – Os Profetas e o Propósito Missionário de Deus 25
UNIDADE V – A Glória de Deus entre as Nações 31
UNIDADE VI – A Preparação do Palco para os Acontecimentos 39
UNIDADE VII – Jesus Cristo e Missões 42
UNIDADE VIII – Missões, a Grande Comissão 45
UNIDADE IX – Os Apóstolos e a Obra de Missões 48
UNIDADE X – Atos, Igreja Emergente em Missões 51
BIBLIOGRAFIA 56
INTRODUÇÃO
O estudo da missiologia, tanto na realidade do Velho Testamento quanto no Novo, apresenta-se com uma significativa beleza e um expressiva riqueza de ensinamentos para todos os que fazemos a Igreja de Deus, este povo eleito, de propriedade exclusiva do Senhor e nação santa. Deste modo, submissos ao Senhor da Igreja, com os olhos da fé, contemplemos toda beleza possível de ser percebida, e, também, mergulhamos no mar de riquezas destes ensinamentos que o VT e o NT nos proporcionam.
O presente trabalho é o simples resultado do dedicado esforço em procurar sistematizar, de uma maneira clara e equilibrada, uma porção significativa do ensino bíblico-missionário do Velho e Novo Testamentos. Não é um trabalho com grandes pretensões, senão, na realidade, uma proposta de sistematização (organização de assuntos de modo lógico) daquilo que a palavra de Deus nos oferece sobre missões. O trabalho é simples pelo fato de não estar propondo nem defendendo teses, mas sim, oferecendo às pessoas interessadas em missões um material organizado cuja fonte, além da própria Bíblia, está nos mais variados livros de missões um material organizado cuja fonte, além da própria Bíblia, está nos mais variados livros de missiologia que encontramos, bem como teses e apostilas sobre o assunto.
O conteúdo da apostila “Missões no VT e NT” apresenta-nos uma estrutura onde temos o seguinte: um propósito (aquilo que pretende-se oferecer ao aluno) da unidade, a argumentação (exposição do assunto em discurssão) e um resumo final com as principais lições da unidade. Acreditamos que, com esta maneira de organizar o material, você terá condições para melhor assimilar o conteúdo, bem como direcionar as suas pesquisas dentro das áreas mencionadas.
“As flores desabrocham para continuar a viver, pois reter é perecer”. A nossa oração sincera é para que cada irmão que tiver a oportunidade de usar este material, tenha o coração disposto para passar adiante o mínimo e o máximo daquilo que aprendeu através do estudo desenvolvido, tendo este trabalho como o ponto de partida. Assim, “procura apresentar-se a Deus, aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm. 3:15), onde encontramos os belos e ricos tesouros de toda missiologia vétero e neo-testamentária.
BÍBLIA, O TRATADO DIVINO PARA MISSÕES MUNDIAIS
UNIDADE I
Propósito: Oferecer ao aluno uma visão do papel significativo da Bíblia, como Palavra de Deus vivo, para a realização da tarefa missionária, cujo objetivo maior é fazer conhecida a Sua Glória em toda a terra.
Sendo a Bíblia, como revelação especial de Deus, a última revelação de Deus para o homem como respeito a Sua vontade eterna e soberana, ela ocupa um lugar especial nas várias maneiras de Deus revelar-Se ao homem.
A Bíblia contém a narrativa fiel das demais revelações de Deus por isso é a mais completa das revelações.
Pense:
1. O mundo e os que nele habitam são obras das mãos de Deus.
2. Deus quer anunciar Sua glória a todo o mundo.
3. A Bíblia é a Palavra de Deus e contém as revelações de Sua glória.
Conclusão:
A Bíblia, como Palavra de Deus, é o mais útil instrumento que Ele nos oferece para anunciar a Sua glória em toda a Terra.
Logo: Sem a Bíblia, a evangelização do mundo (a realização da obra de Missões) não seria apenas impossível, mas também, mas também inconcebível).
Verdade Histórica:
À medida que os cristãos perdem o interesse e a confiança na Bíblia, perdem o seu zelo pelo evangelismo.
Logo o grau de compromisso da Igreja com a evangelização do mundo é proporcional ao grau de convicção sobre a autoridade da Bíblia.
I – A BÍBLIA E INDISPENSÁVEL NA REALIZAÇÃO DA OBRA MISSIONÁRIA
Numa observação cuidadosa da Palavra de Deus, quanto ao seu valor e utilização na evangelização mundial, percebe-se evidências de características que nos são indispensáveis na tarefa de evangelização do mundo.
A. O MANDATO MISSIONÁRIO
A ordem para a realização da evangelização do mundo nos é apresentada pelas Sagradas Escrituras. É a Bíblia que nos dá este mandato.
A grande comissão tem o seu expressivo valor, contudo não é apenas ela que nos dá o mandato, mas toda a revelação bíblica.
· Visão panorâmica do mandato missionário na revelação bíblica.
1. Deus como criador do universo, o Senhor das nações – Gn. 1:1; Hb. 11:3;
2. O chamado Abraâmico – Gn. 12:1-4;
3. O testemunho dos profetas – Is. 42:6; 49:6; Sl. 2:8;
4. As Palavras de Jesus – Mt. 8:11; Lv. 13:29;
5. O testemunho dos cristãos – Mt. 28:20; At. 1:8.
· Assim, o mandato para a evangelização mundial pode ser encontrado:
– Na criação de Deus (Todos os homens são responsáveis diante dele).
– No caráter de Deus (Transcendente, amoroso e compassivo, deseja que todos se arrependam).
– Nas promessas de Deus (Todas as nações abençoadas através de Abraão).
– No Cristo de Deus (Com autoridade universal e será aclamado universalmente).
– No Espírito de Deus (Que convence o homem do pecado, testemunha de Cristo, impulsiona a Igreja).
– Na Igreja de Deus (Comunidade missionária multinacional, evangelizar até que Cristo volte).
B. A MENSAGEM MISSIONÁRIA
Para ir ao mundo, precisamos de uma mensagem para proclamá-la, a Bíblia nos dá esta mensagem. Nossa mensagem para a evangelização mundial vem da Bíblia. Por isso precisamos estar atentos à realidade seguinte:
1. A mensagem nos é dada (Jr. 1:9; 2 Co. 4:1-2)
– Não temos permissão de inventá-la.
2. A mensagem não é uma fórmula (I Co. 15:1; Gl. 1:6-8)
– Ela apresenta-se de forma rica e diversificada com imagens ou metáforas diferentes.
– Para não cairmos nos erros da “fluidez total”(liberdade para mudar o evangelho) e da “rigidez total” (escravidão de formular precisas), devemos combinar fidelidade com sensibilidade, ou seja, o estudo sério do texto bíblico aplicando-o ao cenário contemporâneo.
C. O MODELO MISSIONÁRIO
A Bíblia também nos oferece o modelo para a obra missionária. Isto porque a Bíblia não somente contém o Evangelho: Ela é o Evangelho.
Através da Bíblia, o próprio Deus está comunicando as boas novas ao mundo. (Gl. 3:8; Gn. 12:3). Assim, conclui-se que toda Escritura prega o evangelho; Deus evangeliza através dela.
· Modelos bíblicos para a missão:
1. O modelo da inspiração das Escrituras (2 Pe. 2:21; Hb. 1:1).
– As palavras faladas e escritas: igualmente de Deus e dos homens.
– Deus não sufocou suas personalidades.
2. O modelo da encarnação do verbo (Jo. 1:14)
– Cristo tornou-se um de nós sem deixar de ser Ele mesmo.
Princípio fundamental.
– A identifição sem perda de identidade é o modelo para todo o evangelismo, especialmente para a missão transcultural.
D. PODER MISSIONÁRIO
Diante da magnitude da tarefa, diante das defesas do coração humano e diante da maldade e o pode do diabo, a Bíblia Sagrada apresenta-se como o instrumento de Deus que nos dá o poder para a realização da evangelização do mundo.
· Não devemos esquecer estes fatos:
1. O mundo jaz no maligno (I Jo. 5:19)
– Até que sejam libertos por Jesus Cristo, todos os homens são escravos do diabo.
2. A regeneração continua um milagre (Cl 2:15; Mt. 12:27-29).
– Aqui acontece a vitória do Cristo vivo sobre Satanás.
– Deus quer nos fazer compreender o valor de Sua Palavra. Vejamos 2 Co. 4:4-6: vs. 4 – “O Deus deste século cega o entendimento dos incrédulos”.
vs. 6 – “O Deus Todo-Poderoso ilumina os corações para o conhecimento da glória de Deus”.
Conclusão:
Se as mentes humanas estão cegas por causa da ação da Satanás, somente Deus, através de Sua Palavra criadora, pode dizer: “Haja luz”.
A nossa responsabilidade nisto tudo está no verso 5: “Pregamos a Cristo Jesus como o Senhor”. Assim, pregar o evangelho, longe de ser desnecessário, é indispensável. Isto porque há poder no Evangelho de Deus – O seu poder para a salvação (Rm. 1:16).
RESUMO: Observamos claramente até o momento que, na verdade, a Bíblia é indispensável na realização da obra missionária. Isto se torna mais evidente pelo fato de que, sem a Bíblia, não temos um evangelho para levar às nações, nenhuma garantia para lhes dar, nenhuma idéia de como fazer a tarefa e nenhuma esperança de sucesso. Logo, sem a Bíblia, a evangelização do mundo é impossível.
Aprendemos, aqui, que, ao nos dar o mandato, a Bíblia nos dá a responsabilidade de evangelizar o mundo; com a mensagem, a Bíblia nos dá o evangelho para proclamar; com o modelo, a Bíblia nos diz como fazer a obra; e com o poder, a Bíblia declara-se o poder de Deus para salvação de todo o que crê.
II – A BÍBLIA FALA DE FAZENDO MISSÕES
A Bíblia, a Palavra revelada de Deus, apresenta-nos fatos claros quanto ao papel de Deus na obra missionária. Assim, como tratado divino para missões, a Bíblia fala de Deus fazendo missões.
A. A Bíblia ensina que Deus chama o homem
1. Chama-o para salvá-lo do pecado. (Gn. 3:9)
– Deus, o criador do universo, chama o homem para ajudá-lo e perdoar o pecado dele.
– Deus está chamando o homem para lhe dar uma nova esperança.
– Deus faz missões.
2. Deus chama o homem para abençoar outros. (Gn. 12:1-3)
– Através de Abraão, Deus vai fazer missões.
– Deus quer demonstrar o seu interesse pelos povos da terra.
B. A Bíblia ensina que Deus vai ao homem
– Gn. 3:8, 21.
– Jonas – Deus insiste com o escolhido para que vidas sejam alcançadas.
C. A Bíblia ensina que Deus faz um povo para Si
– Is. 43:1-10
– Ele faz um povo de um só homem, Abraão.
– I Pe. 2:9-10, A Igreja hoje é o seu povo.
D. A Bíblia ensina que Deus envia em busca do perdido
– Ez. 2:3; Jr. 1:7.
– Para a salvação do perdido, At. 10 (Cornélio).
III. A BÍBLIA: MISÕES DE GÊNESIS A APOCALIPSE
Pouco se conhece da realidade missiológica da Bíblia nos seus dois testamentos. Na verdade, geralmente, quando fala-se em missões na Bíblia é para o Novo Testamento
que todos caminham. O Velho Testamento tem ficado fora do estudo missiológico, pois, quando muito, lembramos ou recorremos ao capítulo 12 de Gênesis. Ora, se temos aprendido que missões está no coração de Deus, se temos a certeza de que a Bíblia (VT e NT) é a revelação viva de Sua vontade a todos os homens; é conclusivo o fato de que a Bíblia deve ser um livro missionário como um todo. (Gênesis a Apocalipse) e não apenas o Novo Testamento.
Há muito mais textos bíblicos que nos mostram a base sólida de missões por toda a Escritura, contudo procuraremos apresentar-lhes, pelo menos, uma razão e cada livro da Bíblia para missões mundiais.
A. Textos do Velho Testamento
Gênesis 12:3
– Chamado Abrâamico: Sua bênção para todas as nações da terra.
Êxodo 19:5-6
– Propriedade de Deus dentre todos os povos: Toda terra é do Senhor.
Levítico 19:34
– Amar o estrangeiro porque fostes estrangeiro no Egito.
Deuteronômio 28:9-10
– E todos os povos verão o que é chamado pelo nome do Senhor.
Josué 4:23-24
– Para que todos os povos da terra conheçam que a mão do Senhor é forte.
Juízes 2:21-22
– Deus não expulsará as nações para provar a Israel.
Rute 1:16
– “… o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.”
I Samuel 17:46
– Davi para Golias: “E toda a terra saberá que há Deus em Israel.”
II Samuel 22:50-51
– Celebrar-te-ei entre as nações, ó Senhor. (Davi)
I Reis 10:23-24
– Todo o mundo procurava vir ter com Salomão para ouvir da sua sabedoria.
II Reis 19:19
– Para que todos os reinos da terra saibam que só tu és Senhor Deus (Ezequias)
I Crônicas 16:23-24
– Anunciai entre as nações a Sua glória (Cânticos no Tabernáculo)
II Crônicas 6:32-33
– A fim de que todos os povos da terra conheçam o teu nome. (Consagração do templo)
Esdras 1:2
– O Senhor Deus dos céus me deu todos os reinos da terra. (Ciro)
Neemias 9:6-7
– Tu és o Senhor que elegeste a Abraão, e lhe chamaste Abraão.
Ester 4:14
– Quem sabe se para tal tempo como este … ? (Mordecai)
Jó 19:25
– “O meu redentor se levantará sobre a terra.”
Salmos 2:8
– “Pede-me e te darei: As nações por herança.”
Provérbios 8:15-16
– Por intermédio da sabedoria governam os reis e juízes da terra.
Eclesiastes 3:14
– A ação de Deus para que os homens temam diante dele.
Cantares 6:9
– As donzelas e as rainhas representam as nações pagãs.
Isaías 49:6
– O Servo do Senhor como luz para os gentios.
Jeremias 33:9
– Jerusalém por nome e glória do Senhor entre todas as nações.
Lamentações 3:45
– Jerusalém colocada no meio dos povos para julgamento de Deus.
Ezequiel 36:23
– “… as nações saberão que Eu sou o Senhor.”
Daniel 7:13-14
– Ao filho do homem foi dado o domínio e glória, e o reino para que os povos, as nações e homens de todas as línguas o servissem.
Oséias 1:10
– Os filhos de Israel como a areia do mar, e entre as nações se dirá: Vós sois filhos do Deus Vivo.
Joel 3:14
– Multidões, multidões no vale da decisão! O dia do Senhor está perto.
Amós 9:11-12
– E todas as nações serão chamadas pelo nome do Senhor.
Obadias 1
– Foi enviado um mensageiro às nações.
Jonas 4:11
– A compaixão de Deus pela grande cidade de Nínive.
Miquéias 4:2
– E muitas nações dirão: Vinde, subamos ao monte do Senhor.
Naum 1:5
– Levantam-se diante do Senhor o mundo e os que nele habitam.
Habacuque 2:14
– Toda a terra se encherá do conhecimento e da Glória do Senhor.
Sofonias 3:8
– Deus resolve ajuntar as nações e congregar os reinos para o juízo.
Ageu 2:7
– Deus diz que fará abalar todas as nações para que venha à sua casa.
Zacarias 14:9
– O Senhor será rei sobre toda a terra.
Malaquias 1:11
– Desde o nascer do sol até o poente grande é o nome do Senhor entre as nações.
B. Textos do Novo Testamento
1. A grande comissão
Mt. 28:18-20; Mc. 16:15; Lc. 24:46-49; Jo. 20:21 e At. 1:8.
2. Nos escritos paulinos
Rm. 1:5; I Co. 1:22-24; II Co. 5:19; Gl. 3:14; Ef. 1:10; Fl. 2:11; Cl. 1:6; I Ts. 1:7-8; I Tm. 3:16; II Tm. 4:1; Tt. 2:14; Fl. 9
3. Carta aos Hebreus
Hb. 1:2-3
4. Carta de Tiago
Tg. 1:18
5. Nos escritos de Pedro
I Pe. 5:9; II Pe. 3:13
6. Nos escritos de João
I Jo. 4:14; II Jo. 7; III Jo. 6:7
7. Carta de Judas
Vs. 25
8. Revelação de Apocalipse
Ap. 5:9-10
RESUMO FINAL DA UNIDADE – LIÇÕES PRINCIPAIS
1. A Bíblia é a mais completa das revelações de Deus.
2. O mais útil instrumento oferecido por Deus para a proclamação de Sua Glória é a Sua Palavra revelada.
3. É inconcebível realizar a obra de missões sem a Bíblia.
4. O zelo missionário da Igreja é um reflexo do Seu compromisso com a Bíblia.
5. O mandato para a realização da tarefa missionária pode ser encontrado em toda a Bíblia.
6. A mensagem para missões mundiais nos é dada por Deus na Sua Palavra . Não temos permissão para inventá-la.
7. O mais expressivo modelo para missões está na identificação sem a perda de identidade.
8. O diabo cega o entendimento, Deus ilumina os corações, mas nós temos a responsabilidade de pregar a Cristo como Senhor.
9. A Bíblia fala de Deus realizando a obra de missões: chamando o homem, indo ao homem, fazendo um povo para si e enviando pessoas em busca dos perdidos.
10. É possível encontrar em toda a Bíblia (Gênesis-Apocalipse) bases para a realização de missões mundiais.
AS ALIANÇAS NO PROPÓSITO MUNDIAL DE DEUS
UNIDADE II
PROPÓSITO: Levar ao aluno a oportunidade de perceber a ação efetiva do Deus de Israel, o Criador do todas as coisas, o estabelecedor de Alianças, que através dessas Alianças, Ele estava demonstrando o Seu propósito missionário mundial.
É o fato notório que o nosso Deus, o Todo-Poderoso, criador e Deus da nossa salvação, em toda a história da revelação Divina, é Ele, o Senhor, quem estabelece o primeiro passo, a primeira iniciativa de contato em direção ao homem. Diante desta realidade onde Deus é sempre o iniciador do diálogo com o homem, obra de Suas mãos e coroa da Sua criação, gostaríamos de gastar um pouco de tempo analisando esta atitude Divina de estabelecer contatos com o homem através de Suas Alianças. A análise destas Alianças nos permitirá perceber com clareza que, ao estabelecê-las com o Ser humano, Deus estava demonstrando o Seu propósito mundial de missões.
Não nos deteremos em todas as Alianças estabelecidas pelo Senhor, mas, de modo efetivo, pensaremos um pouco naquelas que têm sido consideradas as grandes Alianças de Deus com o homem. Portanto, na presente unidade, trabalharemos com as Alianças no Éden, a pós-diluviana, a no deserto e a Davídica. Omitiremos a Aliança com Abraão pelo fato de que, em unidade posterior, estaremos tratando da mesma particularmente.
I. ÉDEN: Aqui nasceu a primeira Aliança de Deus com os homens.
É do conhecimento de todos nós a maravilhosa narrativa da criação que encontramos no Livro de Gênesis, bem como o fato de que dentro de Seu Plano criador, o Senhor decidiu fazer o homem a Sua imagem e semelhança, dando ao mesmo a liberdade de escolha.
A liberdade de escolha era essencial à personalidade humana para que o homem e a mulher fossem feitos à imagem de Deus.
Os acontecimentos registrados no Éden não são obscuros para nenhum de nós. Portanto, todos recordamos que, voluntariamente, após serem tentados por Satanás, Adão e Eva cederam à tentação e escolheram desobedecer ao Seu Criador. Nesta ação deliberada, proclamaram sua independência da vontade de Deus e sua filiação ao reino das trevas de Satanás.
Observe que a causa do desastre no Éden não foi a árvore, nem a serpente, nem Satanás por trás da serpente. A causa foi a desobediência dos dois, estava na decisão tomada por ambos.
ÉDEN: É justamente, neste lugar que se tornou palco do primeiro pecado humano e que levou à queda toda a raça humana, que o SOBERANO CRIADOR, O DEUS DA ETERNIDADE, decide estabelecer a Sua primeira ALIANÇA com o homem.
A. O CONTEÚDO DESTA ALIANÇA (ADÂMICA)
Gn. 3:15 – “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o SEU DESCENDENTE, ESTE TE FERIRÁ A CABEÇA, e tu lhe ferirás o calcanhar”.
Definindo os termos deste conteúdo:
– “Entre ti” – Referência a Satanás
– “Tua descendência” – Referência a Satanás e seus demônios
– “Seu descendente” – A semente da mulher, o Cristo de Deus
– “Este te ferirá a cabeça” – A vitória de Cristo sobre Satanás
– “Lhe ferirá o calcanhar” – Natureza temporária da morte de Cristo
FATO A OBSERVAR: Estas palavras foram proferidas à serpente, contudo a sublime promessa do Redentor foi para o homem pecador.
B. PROPÓSITO E ALCANCE DA ALIANÇA ADÂMICA
O que observamos na palavras do Senhor é que o julgamento de Satanás começou ali mesmo no Éden, e este julgamento, Deus apresentou aquilo que tem sido conhecido como o PROTOEVANGELHO, anunciando Seu propósito redentivo para os homens.
Está evidente na promessa de Gn. 3:15 que Deus se compromete com o homem quanto à redenção do mesmo. Na verdade “o descendente da mulher” caracteriza-se na pessoa de Cristo (Gn. 4:4) que veio para destruir as obras de Satanás e oferecer salvação ao pecador.
Entendemos que o alcance desta Aliança se torna evidente no fato de que a promessa do salvador em Gn. 3:15 foi dada aos pais da raça humana inteira. Logo podemos compreender o propósito de Deus em alcançar toda a raça humana e não apenas parte dela.
C. OS ELEMENTOS DESTA ALIANÇA
1. O julgamento da serpente (14)
A serpente é amaldiçoada por Deus (Gn. 3:14; Rm. 16:20)
2. A promessa de um redentor (15)
Aqui começa o caminho da serpente da mulher
Abel-Sete-Noé (Gn. 6:8-10) – Sem (Gn. 9:26, 27) Abraão (Gn. 12:1-4) – Isaque (Gn. 17:19-21) – Jacó (Gn. 28:10-14) – Judá (Gn. 49:10) – Davi (2 Sm. 7:5-17) – Emanuel (Is. 7:10-14).
3. A condição da mulher (16)
a. Concepção multiplicada
b. Sofrimento na maternidade
c. Submissão ao homem
4. A condição do homem (17)
a. Tornou a terra maldita
b. O trabalho seria uma fadiga
5. A brevidade da vida (19)
A morte física seria inevitável: “tu és pó e ao pó tornarás”.
II – ALIANÇA PÓS-DILUVIANA
* Como conseqüência do mau uso de sua centralidade na criação, o ser humano enveredou por caminhos tortuosos e inicia-se uma culposa alienação de Deus. Esta alienação de Deus assume proporções catastróficas em toda a criação, e, diante desta situação de calamidade espiritual, o juízo de Deus não podia deixar de vir.
* O dilúvio veio como juízo Divino sobre o todo o gênero humano por sua causa de sua tremenda alienação espiritual de Deus. Contudo, Deus separou uma família para continuar a perpetuação sobre a terra.
* Após o dilúvio, fica caracterizado o interesse e a fidelidade de Deus à sua criação. Daí, surge uma nova geração de homens.
* O anúncio de Gn. a respeito da Nova Aliança “enchei com a terra”, mostra-nos a sua eficiência em encher a terra com a multidão de Nações. Daí, podemos observar que o mundo das Nações mencionadas em Gn. 10 é resultado da Paz que Deus estabeleceu com Sua criação após o dilúvio.
A. CONTEÚDO DA ALIANÇA NOÉTICA
Gn. 9:1, 8, 9 – “Abençoou Deus Noé e a seus filhos, e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra. Disse Deus e a Noé e a seus filhos: Eis que estabeleço a minha aliança convosco e com a vossa descendência”.
* Definindo os termos deste conteúdo:
– “Noé” – Homem Justo e íntegro entre os seus contemporâneos (Gn. 6:5-9)
– “Seus filhos” – Sem, Cão e Jafé (Gn. 6:10)
– “Multiplicai-vos e enchei a terra” – repovoamento da terra, uma nova geração de homens
– “Minha aliança” – Pacto de Deus com Noé e seus filhos
– “Vossa descendência” – A multidão das Nações que se formaram deles
FATO A OBSERVAR: A aliança incluir os três filhos (Sem, Cão Jafé) de Noé, e não apenas Sem. O que revela o interesse de Deus por todas as nações da Terra.
B. PROPÓSITO E ALCANCE DESTA ALIANÇA
* O que podemos perceber na ação de Deus ao estabelecer uma aliança com Noé, é o fato claro de que ele, o Deus criador de todas as coisas, permanece fiel a Sua criação demonstrando o Seu interesse na restauração da mesma.
* Quando ao alcance desta Aliança, está muito evidente o interesse de Deus em todas as Nações que surgiram da descendência dos filhos de Noé, e não somente dos descendentes de Sem.
C. OS ELEMENTOS DAALIANÇA NOÉTICA
1. RESPONSABILIDADE PELO PRÓXIMO (Gn. 9:5, 6)
– O homem torna-se responsável pela proteção da santidade da vida humana.
2. NÃO HAVERÁ MALDIÇÃO NA TERRA (Gn. 8:21; 11-16)
– Deus detém-se de continuar a amaldiçoar a terra.
3. CONFIRMAÇÃO DA ORDEM NATURAL (Gn. 8:22; 9:2)
– A ordem da natureza é restabelecida e confirmada.
III – A ALIANÇA NO DESERTO
Após a Aliança com Abraão, onde Deus estabeleceu para si um povo surgiria da descendência de Abraão, Isaque e Jacó, este povo cresceu e se proliferou de tal modo que o Faraó passou a fazê-lo sofrer como escravo (Êx. 1.1-14)
No momento do sofrimento maior, Deus se lembrou de Sua Aliança com Abraão. Isaque e Jacó (Êx. 2.23-25), e decidiu libertar o Seu povo da escravidão no Egito (Êx. 3.7-10).
Com mão forte e poderosa, o Senhor JAVÉ, o grande EU SOU, libertou o Seu povo do Egito e o fez caminhar para a terra de Canaã. E foi justamente neste percurso pelo deserto que o Senhor estabeleceu a Sua Aliança com Moisés, Seu servo. O povo estava no deserto de Sinai, e ali no monte que Deus decidiu estabelecer uma aliança com Moisés.
A. O CONTEÚDO DA ALIANÇA MOSAICA
Êx. 19:4-6; “Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a Mim. Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz, e guardardes a minha Aliança, então sereis a minha propriedade peculiar entre todos os povos: Porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel”.
Definindo os tempos deste conteúdo:
– “Minha Aliança” – Deus é quem estabelece o pacto de compromisso com o povo.
– “Sereis minha propriedade” – Israel era o povo exclusivo de Deus.
– “Toda a terra é minha” – Deus como soberano sobre toda a humanidade.
– “Reino de sacerdotes” – O papel mediador de Israel das outras nações para o benefício do mundo inteiro.
B. PROPÓSITO E ALCANCE DA ALIANÇA MOSAICA.
Deus, como Senhor de todas as nações, escolheu soberanamente a Israel, e o separou das outras nações para que, como súditos do Rei santo, e, como sacerdotes, representem-no e sejam mediadores do Altíssimo para com as nações.
É-nos evidente o alcance desta Aliança demonstrado na expressão: “toda terra é minha”. O mundo inteiro pertencia ao Senhor, por isso o valor da presença de Israel no meio das nações.
C. OS ELEMENTOS DA ALIANÇA MOSAICA.
1. Povo da possessão de Javé (Êx. 19:5)
– Deus chamou este povo de minha propriedade peculiar.
2. Povo da mediação (Êx. 19:6)
– Vós me sereis Reino de sacerdotes.
3. Povo da Santidade (Êx. 19:6)
– Vós me sereis … nação santa. Um povo separado para o serviço de Deus entre as nações.
4. Povo com um compromisso (Êx. 19:5)
– O ouvir e o obedecer eram imprescindíveis no processo estabelecido pelo Senhor para se guardar aquela Aliança.
IV. A ALIANÇA DAVÍDICA.
Após a Aliança no deserto, a Aliança Mosaica, onde estabeleceu diretrizes significativas para o povo escolhido manifestar a Sua glória entre as nações, desenvolveu-se um processo histórico que constou do seguinte: caminhada pelo deserto durante quarenta anos; conquista da terra de Canaã; estabelecimento do povo na terra; surgimento e estabelecimento da monarquia em Israel.
É neste contexto de monarquia em Israel que o Senhor, através do profeta Natã, manifestou o Seu pacto com o Rei Davi, estabelecendo assim uma Aliança com o mesmo. Embora o termo Aliança não seja empregado em 2 Sm. 7:12-17, torna-se evidente, por causa das outras passagens relevantes, que esse anúncio básico feito a Davi quanto à dita Aliança (Sl. 89: 3, 4; 132: 11-18).
A promessa de Deus dada a Davi em 2 Sm. 7: 12-17 está classificada, com certeza, entre os mais brilhantes momentos da história da salvação quanto ao valor e prestígio, esta Aliança é igualada apenas pela promessa feita a Abraão, em Gn. 12.
A. O CONTEÚDO DA ALIANÇA DAVÍDICA.
2 Sm. 7: 12-17; “Quando teus dias se cumprirem, e descansares com teus pais, então farei levantar depois de ti o teu descendente que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino. este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino. Eu lhe serei por pai, e ele será por filho; se vier a transgredir, castigá-lo-ei com varas de homens e com açoites de filhos de homens. Mas a minha misericórdia não se apartará dele, como a retirei de Saul, a quem terei d diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre … assim falou Natã a Davi.”
Definindo os termos deste conteúdo:
– “Teus dias se cumpriram” – aconteceria após a morte de Davi.
– “O teu descendente” – Refere-se a pessoa do Messias Cristo.
– “Para sempre o trono do seu reino” – Referência a Cristo e ao seu reino. (Salomão)
– “Tua casa e o teu reino serão firmes para sempre” – descendência de Davi (Cristo)
FATO A OBSERVAR: A Aliança Davídica é uma Aliança Messiânica em seu sentido final. Assim, mesmo apresentando esta característica messiânica, a casa a ser edificada também significava o templo a ser construído por Salomão que seria usado como ponto de missões no V.T. ( I Rs 8.43, 60)
B. PROPÓSITO E ALCANCE DA ALIANÇA DAVÍDICA.
O Senhor dos céus, o grande Rei de toda a terra, manifesta o seu propósito através desta Aliança, no sentido de que aquele que seria o Messias Cristo, o que viria a tornar-se o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o descendente de Davi teria o seu reino firmado para sempre.
Á medida que pensamos no descendente de Davi como o Messias Cristo, e compreendemos as evidências do seu Reinado como sendo um reino de duração eterna, é nos possível entender o alcance desta Aliança.
C. OS ELEMENTOS DA ALIANÇA DAVÍDICA
1. Um rei prometido (2 Sm. 7.12; Dt. 17.14)
sistema monárquico não estava fora dos planos de Deus.
2. Uma descendência prometida ( 2 Sm 7.13)
“Edificará uma casa ao meu nome”
3. Um reino prometido ( 2 Sm 7.13,16)
Este reino foi declarado eterno ( 13,16,24,25,26,29)
4. Uma aliança comprovada ( 2 Sm 23.5)
Através dos Salmos Davi fez comprovada a Aliança que o Senhor havia estabelecido com ele ( Sl 89.3,4, 26-38; Sl 132.11-18; Sl 2.6-8)
RESUMO FINAL DA UNIDADE – LIÇÕES PRINCIPAIS
1. No Éden, Deus estabeleceu a primeira Aliança, e com descendente da mulher a promessa da vitória sobre a serpente.
2. Com a promessa de Gn. 3.15, Deus está interessado em alcançar toda a raça humana.
3. A Aliança Pós-diluviana acontece num momento de paz entre Deus e a sua criação, a qual Ele Permaneceu fiel mesmo após o juízo do dilúvio.
4. A inclusão dos três filhos de Noé demonstra o cuidado de Deus para com as Nações.
5. Na Aliança Mosaica , Deus estabelece Israel como reino de sacerdotes e uma nação santa. Assim, o povo assumiria um papel de mediador entre as nações, bem como o caráter de servo separado para servir ao Senhor.
6. A Aliança Davídica assume uma característica especialmente messiânica, abrindo um pequeno espaço para pensar no templo como objeto da missão centrípeta.
O CHAMADO MISSIOLÓGICO DE ABRÃAO
UNIDADE III
PROPÓSITO: Levar ao aluno às informações necessárias para que o mesmo perceba a ação missiológica de Deus, através de sua aliança com Abraão, cujo propósito é o de abençoar todas as nações da terra.
Ao nos envolvermos com o estudo da missiologia vétero-testamentária, de imediato, percebemos que o grande fundamento, a sustentação missiológica maior, encontra-se nas lições missionárias que estão registradas no “chamado Abraâmico”. Assim, é impossível estudar a teologia Bíblica de missões e omitir aquilo que tem sido considerado a coluna vertebral de todo estudo missiológico na Bíblia, especialmente, no Velho Testamento.
Durante muito tempo, pensou-se que toda sistematização da missiologia no Velho Testamento, estava unicamente centrada na Aliança de Deus com Abraão. Embora, ainda hoje, alguns líderes, por não se envolverem com uma necessária pesquisa na missiologia do VT, continuem a pensar assim, já nos é possível mostrar o contrário. Muito embora reconheçamos, com alegria, o “expressivo valor da aliança abraâmica” para toda a base bíblica de missão.
Sendo “o chamado missiológico de Abraão”, para a maioria dos missiólogos da atualidade, a grande base se sustentação da doutrina e ação missionária do VT, queremos, e devemos, nos envolver numa pesquisa mais séria e numa análise que envolva um maior comprometido de todos nós, com as lições que nos forem oferecidas aqui.
I – ABRAÃO E O CONTEXTO DO SEU CHAMADO
Apesar de um pouco incerta, para a maioria do estudiosos do VT, a etimologia do nome Abraão traz como significação fundamental “Pai exaltado”.
Abraão nasceu em Ur dos Caldeus onde vivia com o pai, Terá, e os irmãos Naor e Harã, e se casou o Sarai.
A Mesopotâmia, a terra entre os dois rios, era a terra natal de Abrão. Sabe-se que, antes de vir para Harã, Abrão viveu em Ur, cidade a respeito da qual as descobertas arqueológicas dizem o seguinte: Uma razoável população, grande atividade comercial e muita luxúria.
Percebe-se que o chamado de Deus a Abrão foi estabelecido em duas etapas: A primeira em Ur e a segunda em Harã ( Gn 11.31 – 12.4; Atos 7.2-4)
Temos poucas informações sobre a vida de Abraão antes o do seu chamado para herdar as terras de Canaã. Alguns chegam até a conjectuar que, devido o fato de serem os caldeus um povo muito idólatra, certamente Abraão também o era. Porém o pouco que temos revelado deste assunto na palavra, está no texto de Neemias 9.7-8, e nos leva a pensar de modo diferente.
II – ABRAÃO E AUNIVERSALIDADE DO VELHO TESTAMENTO
Para uma melhor compreensão da missiologia que nos é ensinada no chamado Abraâmico, se faz necessário que tenhamos uma abordagem da universalidade do Velho Testamento.
Quando chamamos a mensagem vétero-testamentária de universal, é porque entendemos que ela tem em mente o mundo todo e que é válida para ele.
A. O PONTO DE PARTIDA
Gn 1 a 11
Tanto no tratamento da teologia do V.T. como na descrição da história de Israel, geralmente o êxodo do Egito tem sido sempre usado com o ponto de partida.
Para analisarmos a universalidade do V.T., tomamos o texto de Gênesis 1 a 11 como o nosso ponto de partida. Isto porque, para melhor compreender o propósito universal do VT, é necessário conhecermos onde este começa.
Os primeiros capítulos de Gênesis são a chave para a compreensão de todo o resto do VT, e ainda mais, de toda a Bíblia. Portanto, devido o valor dos mesmos para uma correta análise da missiologia vétero-testamentária, estes têm sido vistos como um testamento concernente à pré-história de Israel como o povo de Deus.
1. Conteúdo da pré-história de Israel:
a) Gn. 1 – Toda criação foi instituída com base no homem e para o homem.
b) Gn. 2 – O Centro da criação é o homem.
c) Gn. 3 – O homem usa mal a sua centralidade e não compreende a sua responsabilidade.
d) Gn 4-6 – Inicia-se a culposa alienação de Deus, que assume proporções catastróficas em toda em toda a criação.
e) Gn. 7-8 – O juízo de Deus não pode deixar de vir.
f) Gn. 8-9 – Deus permanece fiel à sua criação após o juízo.
g) Gn. 10 – Surge uma nova geração de homens.
h) Gn 11 – A nova geração se afasta de Deus, surge um novo juízo para o homem. Agora, com dispersão da humanidade sobre a terra.
2. Restaurando a unidade perdida
A narrativa da criação e queda ( Gn 1 – 3) e das conseqüências da queda (Gn 4-11), apresenta-nos a história do rompimento da comunhão com Deus, quebrando, assim, a unidade entre o homem e Deus.
O chamado de Abraão, e a história de Israel, que tem início naquele ponto, é o começo da restauração da unidade perdida e da comunhão rompida com Deus.
Gênesis 12 – Aqui começa o processo de reunião; a solução do problema não resolvido da relação de Deus com as nações, pois toda história de Israel representa a continuação do trato de Deus com estas.
O mundo das nações é o resultado da paz feita com o homem depois do dilúvio. Por isso, as nações são simultaneamente sinais da vontade divina de paz e o do juízo divino.
B. A ELEIÇÃO – GÊNESIS 12
Observamos que, em Gn 1.11, forma um pano de fundo da história dos patriarcas. Logo, também é verdade que a história dos patriarcas forma a base da história de Israel que começa no Êxodo.
O Deus que escolheu Abraão não é um “deusinho tribal”, mas o soberano Criador dos céus e da terra, e de toda a humanidade.
Ao escolher Abraão e seus descendentes, Deus não estava perdendo o seu interesse ou desistindo dos outros povos. Ao contrário, Ele escolheu um homem e sua família para abençoar as nações da terra.
1. O chamado como revelação de Deus às nações.
a) Rm. 4.13 – Abraão é chamado “herdeiro do mundo”
b) Gn. 14.18-24/Heb.7 – Seu encontro com Melquisedeque relaciona-se com o sacerdócio universal de Cristo.
c) Gn. 12.3/Gl 3.8 – Pré-anúncio do evangelho para os gentios.
d) Gl. 3.28-29 – Salvação de todos os povos, colocada sob a luz cristológica. O ato da eleição de Abraão (e implicitamente de Israel) coincide com a promessa ou perspectiva de bênção para as nações.
2. O chamado como eleição para os serviço
A decisão soberana de Deus na escolha de Abraão deve levar-nos a refletir que “a eleição não é um sinônimo de elitismo”.
Não havia méritos para a eleição – Dt 7.6-8; Am 9.7.
O propósito da eleição é o serviço, e quando o serviço é recusado, a eleição perde seu sentido. Não há serviço mediante a eleição; antes, eleição por causa do serviço, portanto, entendemos que eleição não e primeiramente privilégio, mas responsabilidade. Logo, se a responsabilidade é recusada a eleição pode ser punida. ( Amós 3.2)
A eleição de Israel é questão de iniciativa divina, para que haja o reconhecimento de Deus, por todas as nações em todo o mundo.
A eleição separa Israel das nações, para que ele possa servir e revelar, de modo especial, a glória e soberania deste sobre a terra e, por fim, trazer o mundo a Deus.
III – ABRAÃO EO CONTEÚDO DO SEU CHAMADO
Gn 12.1-3 “Ora, disse o SENHOR a Abraão: sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei e te engrandecerei o nome. Sê tua uma benção; abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.”
O conteúdo do chamado de Abraão tem seu ponto culminante em Gn 12.1-3. Contudo, quando tratamos dos aspectos da promessa devidamente estabelecida por Deus naquela ocasião, percebemos que, para Abraão, esta promessa apareceu em quatro etapas de desenvolvimento, assim apresentadas: Gn. 12.1-3; 13.14-16; 15.4-21; e 17.4-16.
1. Definindo os termos do chamado
a) “Ora disse o Senhor”- Aqui refere-se ao Deus ELOHIM, o Deus de todos os povos, o Deus cuja palavra de revelação era dirigida àqueles a quem escolhia.
b) “A Abrão”– Filho de Terá. Seu nome significativa “Pai exaltado”.
c) “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai” – a necessidade de não apegar-se demasiadamente à pátria e à família quando somos chamados por Deus.
d) “Vai para uma terra que te mostrarei”- o lugar para onde vamos é da responsabilidade de Deus.
e) “De ti farei uma grande nação”- uma posteridade prometida.
f) “Te abençoarei”- a certeza da bênção do Senhor Deus.
g) “Te engrandecerei o nome”- Deus oferecia a Abraão aquilo que os homens de Babel estavam buscando.
h) “Sê tu uma bênção”- Ser abençoado para abençoar outros.
i) “Abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem”- promessas para os que estariam envolvidos com Abraão.
j) “Em ti serão benditas...” – uma grande promessa, uma grande responsabilidade e uma especial oportunidade: levar a bênção do evangelho a todas as nações da terra.
2. O conteúdo da promessa
O conteúdo desta promessa era basicamente tríplice: uma posteridade, uma terra e uma bênção para todas as nações da terra.
a) Uma posteridade:
“De ti farei uma grande nação” – Abrão deveria deixar toda sua família e obedecer ao Senhor, mas não ficaria só.
Gn. 13.16 – Deus relembra ao seu servo Abraão a promessa da posteridade, comparando-a ao pó da terra.
Gn. 15.1-6 – Abraão revela ao Senhor a sua preocupação quanto a sua descendência. O Senhor da aliança reafirma a promessa da posteridade, comparando-a com “as estrelas dos céus”. O fato de estar com a idade bastante avançada não impediu a fé de Abraão, assim, “ele creu no Senhor, e isso lhe foi imputado por justiça”.
Um herdeiro – um dos temas da narrativa patriarcal (12.7; 13.15,16; 15.13; 16.10; 17.7,8.9.10,13,16,19; 21.12; 22.17,18; 24.7)
Gn. 17.5 – Com a mudança do nome de Abrão (Pai exaltado) para Abraão (Pai de uma multidão), Deus confirma diante do seu servo a intenção de constituí-lo por “Pai de numerosas nações”.
b) Uma terra
“… e vai para a terra que te mostrarei”- Deixar a sua própria terra era a decisão que Abraão deveria tomar diante da promessa de Deus de lhe oferecer uma nova terra.
Gn. 13.14-18 – Após a separação entre Abraão e Ló, Deus aparece a Abraão e lhe apresenta a terra que seria dada ao mesmo, bem como à sua descendência.
Gn. 15.18 – Aqui Deus oferece a Abraão o conhecimento dos limites da terra. As fronteiras se estenderiam “desde o rio do Egito até ao Eufrates”.
Gn. 17.8 – A herança oferecida pelo Senhor foi identificada coma sendo e “em possessão perpétua”.
c) Uma bênção
“Em ti serão benditas todas as famílias da terra” – a bênção que Deus prometera a Abraão transbordaria sobre toda a humanidade.
O fato de que Abraão seria um “abençoador das nações” está registrado em, pelo menos, três momentos importantes no livro de Gênesis:
– No momento do chamado (12.3)
– Antes de Deus destruir Sodoma e Gomorra (18.16-19)
– Após haver oferecido Isaque por sacrifício (22.15-18)
As palavras “bênção” e “abençoar” aparecem cinco vezes no texto da aliança Gn. 12.1-3, o que nos mostra o expressivo interesse de Deus para abençoar Abraão.
Gn. 17.7-8 – Como sinal da aliança perpétua, a duração da bênção do Senhor, encontramos aqui a chamada fórmula da aliança da graça: Eu serei o Seu Deus e eles serão o Meu povo.
3. O cumprimento da promessa
No estudo das profecias vétero-testamentárias, tem sido difícil o acordo quanto ao cumprimento das mesmas. Porém estudiosos têm observado que a profecia do VT oferece-nos um cumprimento geralmente triplo.
O cumprimento triplo é identificado como sendo passado, presente e futuro.
– Passado (imediato ou histórico na vida de Israel)
– Presente (intermediário ou evangélico em Cristo e na Igreja)
– Futuro (final ou escatológico no novo céu e na nova terra)
Cada parte do conteúdo da promessa será observado quanto ao seu triplo cumprimento na história da profecia.
a) Cumprimento passado
a.1) – Posteridade
– Promessa confirmada em Isaque (Gn. 26.4) e Jacó (Gn. 32.12).
– Desenvolvimento do processo: 1º) Egito (Ex. 1.7; At. 7.17)
2º) Salomão (I Rs. 3.8)
3º) Jeremias (Jr. 33.22)
a.2) – Terra:
– Deus lembra de sua promessa quando o povo está no Egito. (Êx. 2.24;3.6)
– Moisés reivindica a promessa (Êx. 32.13)
– Não houve a herança total da terra (Hb. 11.8-16; 39-40)
a.3) – Bênção:
– Compromisso do Sinai (Êx. 19.4-6) – “Ser o Deus de Israel”.
– O julgamento em Oséias: Jezreel (Deus dispensará), Ló-Ruama (desfavorecida) e Ló-Ami (não meu povo).
– Restauração do Senhor (Os. 1.10-2.1)
– Responsabilidade de Israel (Is. 42.1-4,6; 49.6)
b) Cumprimento presente
b.1) – Posteridade:
– Abraão, quase a primeira palavra do NT (Mt. 1.1)
– Qualificação para a herança: descendência espiritual (Mt. 3.9; Lc. 3.8; Jo. 8.33-40)
– Filhos entre os gentios (MT. 8.11-12)
– A atitude de Pedro (At. 3.25-26)
– Paulo declara a verdadeira posteridade (Rm. 9.6,7; 4.16,17)
– Os crentes em Jesus, a verdadeira posteridade de Abraão.
b.2) – Terra:
– Um lugar de repouso pela fé (Hb. 4.3)
– O herdeiro do mundo: Abraão (Rm. 4.13)
– Co-herdeiro com Cristo (I Co. 3.21-23)
b.3) – Bênção:
– Os da fé são os filhos de Abraão (Gl. 3.6-9)
– A bênção é a salvação (Gl. 3.8): Justificação pela fé.
– De Cristo e de Abraão (Gl. 3.29)
c) Cumprimento futuro
c.1) – Posteridade:
-Ap. 7.9 “Uma multidão que ninguém podia enumerar”.
Neste caso, percebemos o cumprimento escatológico da promessa de “uma grande Nação”.
c.2) – Terra:
– Ap. 21,22: “Nova terra” – muito mais que uma terra que mana leite e mel, uma terra irrigada com o rio da água da vida.
c.3) – Bênção:
– Céu – a maior bênção oferecida por Cristo ao homem pecador, a todos aqueles que invocaram o nome do Senhor para serem salvos.
IV- ABRAÃO E O DEUS DA ALIANÇA
As narrativas bíblicas para o pacto de Deus com os patriarcas apresentam uma série de nomes usados pelo Senhor para uma identificação pessoal com os mesmos.
Os principais nomes de Deus nestas narrativas são as seguintes:
El Olam – “O Deus eterno” (Gn. 21.22), El Elyon – “Deus altíssimo” (Gn. 14.18-20,22), Javé-Jireh – “O Senhor proverá” (Gn. 22.14) e El-Shadai “Deus Todo-Poderoso” (Gn. 17.1; 28.3; 35.11; 43.14).
O modo como Deus se revela na chamada patriarcal nos mostra o seu poder e soberania na Sua ação em favor daqueles a quem ama e que são chamados de acordo com Seu propósito e plano.
A manifestação de Deus a Abraão oferece-nos importantes lições, quando a analisarmos dentro da perspectiva de promessa e cumprimento.
A. NOSSO DEUS É O SENHOR DA HISTÓRIA
A história divino-humana tem sido planejada por Deus desde a sua eternidade passada até a sua eternidade futura.
Lembrar: A história não é um fluxo d acontecimentos ao acaso.
A grande verdade: “Jesus Cristo, a semente de Abrãao, é a figura-chave no processo histórico da história divino-humana.
B. NOSSO DEUS É O SENHOR DA ALIANÇA
O estabelecedor de alianças, o Deus de Abraão, faz as promessas e se compromete em cumprir, pois “se prometeu ele há de cumprir”(Nm. 23:19)
Lembrar: Nem sempre a promessa se cumpre imediatamente (Hb. 11:13).
A grande verdade: Devemos aprender a esperar, com paciência (Hb. 6:12), a hora de Deus.
C. NOSSO DEUS É O SENHOR DA BÊNÇÃO
Abraão ouviu do Senhor estas ricas palavras: “Eu te abençoarei”.
Lembrar: A atitude de Deus para com seu povo é sempre positiva.
A grande verdade: “A obra principal de Deus é abençoar as pessoas, através de seu filho Jesus, com a salvação (At. 3:26).
D. NOSSO DEUS É O SENHOR DA MISERICÓRDIA
Não seremos tão poucos assim. Ap. 7:9 – “Uma multidão que não se podia enumerar.”
Lembrar: Não estamos falando de universalismo (crença que defende a salvação final de toda a humanidade).
A grande verdade: Deus, na sua misericórdia, cumprirá sua promessa a Abraão de uma descendência numerosa (pó da terra, estrelas do céu e areia da praia).
E. NOSSO DEUS É O SENHOR DE MISSÕES
As nações são os alvos da sublime promessa de Deus: “Abençoar todas as famílias da terra.”
Lembrar: Deus prometeu abençoar as nações “através da semente do Abraão (Gn. 12:3; 22:18).
A grande verdade: Nós somos a semente de Abraão e, portanto, responsáveis para abençoar as nações com o evangelho de Cristo.
RESUMO FINAL DA UNIDADE – LIÇÕES PRINCIPAIS
1. Ao saber que Deus chamou Abrão em Ur na Caldéia, é possível perceber que o Senhor pode buscar os seus servos em qualquer lugar.
2. Para uma melhor compreensão da universalidade de VT, faz-se necessário o estudo da chamada pré-história de Israel.
3. O chamado de Abraão representa, no estudo da missiologia, o ponto de início da restauração da unidade perdida entre o homem e o seu criador.
4. É bom lembrar que o Deus que escolheu Abraão é o Soberano criador dos céus e da terra, o Senhor de toda humanidade.
5. A eleição é prerrogativa divina, e não representa elitismo, mas apresenta-se com o propósito de serviço. Assim a eleição não é primeiramente privilégio, mas responsabilidade.
6. Na definição dos termos do conteúdo do chamado abraâmico, a expressão “em ti serão benditas…” evidencia a nossa grande responsabilidade em levar o evangelho às nações da terra.
7. Na aliança com Abraão, Deus estabelece uma tríplice promessa que se evidencia nos seguintes elementos: uma posteridade, uma terra e uma bênção.
8. A missiologia analisa o conteúdo da promessa, quanto ao seu cumprimento, vendo os aspectos históricos na vida de Israel, a realidade em Cristo e a perspectiva escatológica no novo céu e na nova terra.
9. No estudo do pacto abraâmico, pode-se perceber a manifestação gloriosa do nosso Deus que, como Senhor da história e Estabelecedor de alianças, estende a sua bênção e misericórdia para com as nações, através de nós, e a semente de Abraão.
OS PROFETAS E O PROPÓSITO MISSIONÁRIO DE DEUS
UNIDADE IV
PROPÓSITO: Dar ao aluno condições de perceber, de forma sistematizada, o modo como Deus, o soberano Senhor de todos os confins da terra, decidiu utilizar homens especiais – os seus profetas – para a proclamação de sua vontade santa, justa e misericórdia.
Temos aprendido que o Velho Testamento é um livro missionário, isto porque como revelação de Deus, a Bíblia é um todo onde o Senhor revela-se a si mesmo a todos os homens. Observamos que esta maravilhosa manifestação de Deus aconteceu para que a sua glória fosse percebida por todos que fazem parte de sua criação, assim, pudessem glorificá-lo. No seu processo de revelação ao ser humano, Deus criou o homem, estabeleceu alianças com o mesmo em diversos momentos da história, e ainda, escolheu um homem para formar um povo através do mesmo, como propósito de abençoar as famílias da terra.
Em meio ao processo divino de se fazer conhecer, e de fazer conhecida a sua vontade ao ser humano e às nações da terra, Deus falou às nações por meio dos profetas.
Em toda a história bíblica, os profetas sempre se apresentara como instrumentos levantados por Deus para a proclamação dos seus oráculos, tanto ao povo formado por Ele, a nação de Israel, como também às outras nações, especialmente as nações circunvizinhas de Israel.
I – ISAÍAS, O PROFETA MESSIÂNICO
Entre os profetas do Velho Testamento, ninguém é mais missiológico no conteúdo de sua profecia do que Isaías, filho de Amós, que profetizou nos reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias.
Tal foi a influência profética de Isaías que ele ficou conhecido como “o profeta messiânico, ou o profeta evangélico”. Isso porque maior parte de sua profecia está relacionada com os ensinamentos da vinda do Messias Cristo.
A profecia de Isaías tem sido aceita, do ponto de vista da ação profética vétero-testamentária, como um dos pináculos missionários do VT. Isso se faz notório pelo fato de que a mensagem profética de Isaías se apresenta de modo mais específica no que diz respeito à ação universal de Deus e ao chamado missionário de Israel.
A – AVISOS PARA AS NAÇÕES (Isaías 1 a 39)
Na primeira parte de sua profecia, Isaías é usado pelo Senhor para levar um significativo alerta para as nações da época. Neste aviso, transmitido pelo profeta, Deus se faz conhecer como sendo soberano sobre as nações.
Do capítulo 13.1 até o capítulo 23.18 encontramos a palavra profética de Isaías contra várias nações ( Babilônia, Filístia, Moabe, Etiopia, Egito, Arábia e Tiro), evidenciando, assim, a ação soberana de Deus sobre as mesmas.
As nações gentias estão incluídas também nas promessas e bênçãos de Deus (Isaías 25).
B – AS CANÇÕES DO SERVO ( Isaías 40 a 53)
O servo do Senhor – esta figura profética descrita por Isaías, tem sido melhor percebida como uma “figura corporativa’, a qual pode ser entendida tanto coletivamente ( nação de Israel ) como individualmente ( o Messias Cristo).
Estas profecias têm sido vistas como estritamente missionárias e encontramo-las resumidas nas duas canções do servo de Javé, em Isaías 42.1-7 e 49.1-7.
1. O servo é chamado para revelar justiça às nações (42.1)
2. O sevo é chamado para ser luz para as nações ( 42.6; 49.6)
3. Deus escolheu um povo para cumprir sua missão no mundo ( 42.1,4,6-7; 43.21; 40.5;42.10; 45.22-23; 46.9-11)
4. A missão de Deus é fazer conhecido todo o seu esplendor, santidade, amor perfeição, fidelidade, soberania e unidade. (41.4;43.12; 45.22-23; 46.9-11)
5. O sofrimento do servo para a salvação dos povos ( 52.13-53.12)
C – A RESTAURAÇÃO DE ISRAEL ( Isaías 54 a 66)
A ação poderosa do Senhor na restauração de Israel causará grande surpresa no mundo das nações.
A restauração de Israel inclui as nações.
( 55.4-5; 56.3-7; 59.19; 60. 10-16; 66.18-21)
II – PROCLAMANDO OS JUÍZOS DE DEUS
Uma das realidades do ministério profético no VT é a proclamação de mensagens de juízo divino, tanto para com o povo de Judá ou Israel, como para com as demais nações.
O que observamos na ação profética que proclama o juízo de Deus sobre as nações, é que o Senhor tem um propósito missionário mundial e que a proclamação de sua justiça também é manifestação de sua glória.
A – PROFETAS DO EXÍLIO
Quando nos referimos ao exílio, estamos lembrando o tempo em que Israel foi levado cativo para Babilônia, onde permaneceu por cerca de setenta anos. Os profetas de Deus que viveram este momento foram: Jeremias, que permaneceu em Jerusalém; Ezequias e Daniel, levados para Babilônia.
1. Jeremias
Mesmo permanecendo em Judá, o profeta Jeremias foi usado pelo Senhor para declarar a sua a soberania e o seu juízo sobre a mais variadas nações ao redor de Israel.
Esta ação profética de Jeremias está registrada em Jr. 46.1a 52.34 de modo mais substancial, e dirige-se às seguintes nações : Egito , Filistia, Moabe, Edom, Damasco, Quedar, Hazor, Elão, Babilônia.
Consciência da ação missionária de Deus 16.19-21.
2. Ezequiel
Levado para Babilônia, mesmo antes do seu chamado profético que veio a acontecer já no cativeiro, junto ao Rio Quebar, o profeta Ezequiel se tornou um dos responsáveis pelo consolo divino aos exilados, especialmente após a queda de Jerusalém.
Mesmo sendo portador de uma mensagem de esperança, Ezequiel foi igualmente instrumento de Deus para a declaração de seus juízos entre as nações.
Ezequiel 25.1 a 28.26 – nações em juízo: Amom, Moabe, Edom, Filístia, Tiro e Sidom.
Consciência da ação missionária de Deus: 39.21-22.
3.Daniel
Mesmo sendo um profeta que viveu toda a realidade do exílio babilônico, Daniel não está dentro da característica usada por Deus com os profetas Jeremias e Ezequiel na proclamação dos seus juízos.
A ação profética de Daniel, em Babilônia, foi muito mais didática e testemunhal, levando todos os reis que governavam aquele império, enquanto ele esteve cativo, a reconhecerem a grandeza e a soberania do Deus de Israel. ( 2.47; 4.34-47; 5.18-28; 6.20,26,27)
B – OS PROFETAS MENORES
Os chamados profetas menores em seus vários momentos na história dos reinos de Judá e Israel, foram instrumentos de Deus na manifestação de Sua glória e juízo entre os povos.
1. Joel
O profeta proclama os juízos de Deus contra todas as nações ( 3.1-7)
Ele é o responsável pela grande profecia do derramento do Espírito Santo (2.26-32).
2. Amós
Sua presença inicia com ameaças contra as nações ( 1.1-2.3)
Deus está no controle de tudo, e assim, ele é aquele que julga e restaura ( 9.5-6; 9.9-12)
3. Sofonias
Várias nações são ameaçadas pelo juízo de Deus ( 2.1-15)
4.Habacuque
Deus, na sua soberania absoluta, usa os caldeus para exercer o juízo sobre o seu próprio povo Israel ( 1.5-11)
Juízo divino sobre a nação dos caldeus ( 2.6-20)
5.Naum
Enquanto a profecia de Jonas gerou misericórdia de Deus para com os Ninivitas, mais de um século depois, surge um novo profeta com uma mensagem de destruição contra Nínive.
Naum foi o profeta escolhido por Deus para proclamar toda a sua ira sobre a nação Assíria, especialmente, sobre Nínive.
6. Miquéias
Estamos mencionado este profeta, não pela mensagem de juízo divino, mas pelas palavras de graça e misericórdia que ele profere para com os gentios ( 4.1-4).
III – JONAS, O ETNOCENTRISMO DE UM ENVIADO
O profeta Jonas, filho de Amitai, viveu em Samaria durante o reinado de Jerobão II ( 782-753 a.C.), ele era natural de Gate – Hefer ( hoje Meshed ) cidade localizada a 7 Km de Nazaré.
Jonas tivera o prazer de profetizar com respeito à expansão das fronteiras nacionais de Israel durante o reinado de Jeroboão II ( 2 Reis 14.25)
Seu livro foi composto perto do final de sua carreira profética, e pode ser datato de 760 a.C.
A – O CONTEÚDO DA PROFECIA
O livro inicia e encerra com Deus falando ao profeta Jonas. Assim, pode-se perceber que a teologia do livro gira em torno da extensão da graça de Deus aos gentios.
Pelo seu conteúdo e propósito, o livro de Jonas, como o do profeta Isaías, também tem sido considerado um dos expoentes missionários do Velho Testamento.
O missiológico holandês Johannes Verkuly procura descrever o conteúdo da profecia de Jonas, dividindo-a didaticamente em oito cenas distintas, como se segue.
Cena 1 = ( 1.1-3) – Jonas recebe a ordem de Deus de ir à Nínive.
Cena 2 = ( 1.4.16) – Deus reage à fuga de Jonas
Cena 3 = ( 1.17) – Jonas engolido pelo grande peixe.
Cena 4 = ( 2.10) – Jonas implora a Deus por livramento.
Cena 5 = ( 3.1-4) – Deus repete a ordem e Jonas obedece
Cena 6 = ( 3.5-10) – Nínive atende à mensagem e se arrepende
Cena 7 = ( 4.1-4) – Jonas confirma seu etnocentrismo
Cena 8 = ( 4.5-11) – Deus continua ensinando ao missionário cabeça-dura.
O conteúdo central da profecia é ensinar ao povo judeu que Deus não é propriedade privada deles, mas que também é Deus dos gentios; bem como mostrar o tratamento de Deus com aqueles aos quais tem chamado para a sua obra.
B – QUESTIONAMENTOS DO PROFETA
Nínive, capital do império Assírio, era uma grande e antiga cidade, fundada por Nironde ( Gn. 10-9-11), especialmente conhecida por sua violência e crueldade.
Jonas, um profeta exageradamente patriótico, não conseguia entender, nem queria aceitar o fato de que Deus estava dando aos ninivitas, os mais hostis e agressivos inimigos de Israel, a oportunidade para o arrependimento e, portanto, para a suspensão misericórdiosa da sentença pronunciada por Deus.
“Jonas tipificava o judeu que nunca entenderia com o seria possível Javé amar os assírios. As atrocidades dos assírios, que mais tarde aterrorizaram nações, submetendo-se as Tiglate-Pileser II, talvez já vinham sendo praticadas por esse tempo. Do ponto de vista humano, a Assíria era o último lugar onde um israelita gostaria de dirigir-se , em uma aventura missionária”. ( Samuel J. Schultz).
Com todos os questionamentos perfeitamente possíveis ao coração de um judeu profundamente nacionalista, Jonas tomou a trágica decisão de iniciar sua jornada numa direção diametralmente contrária àquele ordenada por Deus. Logo, com esta atitude, Jonas se caracterizou como profeta desobediente.
C – O LIVRO DE JONAS
O livro de Jonas, como o de Isaías, sempre tem sido considerado como um dos pináculos missionários do Velho Testamento. Assim, ao analisarmos o conteúdo deste livro, é difícil negar que o mesmo respira um espírito universal.
Entre os principais exegetas vétero-testamentários, existe unanimidade de que o ideal missionário é proclamado no livro de Jonas, portanto, percebemos aqui, sem ambigüidades, que o povo de Israel ‘orientado para a sua verdadeira vocação no mundo.
O livro de Jonas caracteriza-se na sua posição definida contra o exclusivismo judeu, tem sido freqüentemente usado como justificativa clara da missão entre os gentios.
Nas palavras de Jacques Ellul, “O livro de Jonas não tem conclusão alguma, e a pergunta última do livro não tem qualquer resposta, exceto por parte daquele que percebe a grandeza da misericórdia de Deus e que, de modo factual e não apenas mítico, trabalha pela salvação do mundo”.
D – LIÇÕES MISSIOLÓGICAS NA PROFECIA DE JONAS
A mensagem missionária do livro de Jonas é apresentada na forma da experiência pessoal, que tem um tom profético, e caracteriza compaixão de Deus pelas nações. As lições missiológicas do livro de Jonas podem ser aplicadas tanto para o autor, como para os ouvintes e os leitores.
1. Para o Autor
A mensagem missionária foi dirigida em primeiro lugar ao próprio profeta através de sua experiência com Deus.
Para o profeta Jonas, poderemos imaginar as seguintes lições:
a) Não vale a pena desobedecer um mandato de Deus.
b) Deus nos socorre nas aflições.
c) Deus é misericordioso para com as nações.
2. Para os ouvintes
A mensagem missionária foi dirigida ao próprio povo do profeta.
a) Devido ao seu etnocentrismo, não entendia o universalismo de Javé
b) O nominalismo levara-o a esquecer a misericórdia, a justiça e a humildade.
c) O pensamento futuro levou o povo a esquecer que a compaixão pelas nações deveria ser uma preocupação presente.
3.Para os leitores
A mensagem missionária de Jonas tem significativas implicações para todo o povo de Deus, desde o oitavo século a.C. até a consumação dos séculos.
a) Ser missionário:
Ø Ver o mundo pelo ponto de vista daquele que nos envia.
Ø Reconhecer o amor de Deus ortodoxa e ortopraxamente.
Ø Amar aquele que nos envia e aqueles a quem fomos enviados.
b) Aquele que no envia:
Ø Está preocupado com os oprimidos, e também com os opressores.
Ø Não está limitado a uma raça, nem as paredes de um templo.
Ø Deu-nos uma mensagem que inclui não somente a proclamação verbal, mas todo o nosso ser (atitudes, sentimentos…)
c) A mensagem a ser anunciada:
Ø Não pode ser mudada pelo que foi enviado.
Ø Apresenta um caráter persuasivo.
Ø Deve ser proclamada a todos os povos.
d) Numa cultura diferente:
Ø Devemos ser sensíveis àquilo que Deus quer fazer com as pessoas, e não ao que (NÓS) queremos fazer deles.
Ø Deus nos mostra que não existe cultura superior.
Ø Deus nos chama para amar as pessoas em sua própria cultura.
e) O fruto do trabalho:
Ø O nosso fruto é ver a glória de Deus brilhando em todo lugar.
RESUMO FINAL DA UNIDADE – LIÇÕES PRINCIPAIS
1. No processo divino de tomar conhecida a Sua glória e a Sua justiça entre as nações, Deus utilizou, como um significativo, instrumento, o trabalho dos profetas levantados por Ele.
2. A influência da profecia de Isaías, o profeta messiânico ou evangélico, é notória na missiologia vetero-testamentária, especialmente pelo expressivo conteúdo profético quanto ao Messias Cristo, o esperado das nações.
3. Mesmo em meio ao sofrimento do cativeiro babilônico, Deus continuou a manifestar a Sua glória através dos profetas que viveram a realidade daquele momento histórico.
4. O papel dos profetas menores foi determinante na ação divina manifestada por Javé ao pronunciar o seu juízo para as nações.
5. O Deus, que é soberano sobre as nações, faz-se conhecer entre os povos tanto pela manifestação de Sua justiça como pela Sua misericórdia e graça.
6. Deus é absolutamente soberano no Seu plano de alcançar as nações, e não é a desobediência de um homem que frustrará seus propósitos.
7. O povo de Israel era propriedade exclusiva de Deus, mas Deus não era propriedade exclusiva de Israel.
8. O exagero no espírito nacionalista e patriótico do missionário poderá levá-lo a não perceber a misericórdia de Deus sobre as nações.
9. O livro de Jonas caracteriza-se como uma expressiva manifestação de Deus para com seu povo Israel contra o “exagerado exclusivismo judeu”, bem como nos oferece uma consciente perspectiva da ação missionária de Deus para com os gentios.
A GLÓRIA DE DEUS ENTRE AS NAÇÕES
UNIDADE V
Propósito – Mostrar ao aluno que, Sua ação soberana, Deus decidiu manifestar a Sua glória entre todos os povos da terra, e que esta glória foi cantada pelo Seu povo através dos salmos, levando, assim, as nações ao conhecimento da força do seu poder.
O estudo da glória de Deus forma um capítulo cheio de riquezas dentro da teologia bíblica vétero-testamentária. Evidentemente, além de não pretendermos, não nos seria possível esgotar um assunto tão vasto, dentro de uma simples unidade do presente trabalho que estamos desenvolvendo na Missiologia do Velho Testamento. Assim, o trabalho que estaremos apresentando aqui tratará, não do conteúdo da glória de Deus, mas do modo como Ele fez conhecida a Sua glória entre os povos da terra.
No estudo bíblico da Missiologia, temos definido que um dos principais conceitos estábelecidos para missões é o seguinte: “Missões é, em essência, a graciosa e poderosa manifestação da glória de Deus entre as nações”. Daí, o motivo desta unidade é termos a oportunidade de perceber como Deus, o excelso e poderoso Criador e Redentor da humanidade, tem feito conhecido o Seu poder e a Sua glória entre as nações.
1. ELOHIM: O DEUS DE TODOS OS POVOS
É sabido que o Deus criador dos céus e da terra decidiu escolher um povo para si, dentre todos os povos da terra. A soberana escolha divina teve sua origem na eleição de Abraão, quando o Senhor disse: “De ti farei uma grande nação”.
É importante que lembremos o fato de que a revelação de Deus como JAVÉ, não representa apenas a idéia de “um Deus” para Israel, mas sim que JAVÉ era o “Deus da Aliança ou Deus de Israel ” ( Ex. 3.15).
Podemos encontrar JAVÉ como Deus Criador em vários momentos da história bíblica ( Ex. 20.11; Jr. 10.16). Contudo, no texto inicial da revelação escrita Gn 1.1. – “ No princípio criou Deus os céus a terra”, apresenta-se não como Javé, o Deus Israel, mas como ELOHIM, o Deus universal.
Fica-nos claro que o Deus, que se revela no Pentateuco, não era simplesmente JAVÉ, o “ Deus da Aliança como Israel”, mas também, ELOHIM, o “Deus universal”. Logo os heteus, cananeus ou filisteus poderiam entender que este Deus ( Elohim), em sua universalidade, revelara-se também a estes povos. Assim, Elohim indicava um Deus desejoso de ser conhecido por todos os povos, tribos, línguas e nações.
O Deus, cuja glória foi manifesta de modo especial ao povo de Israel de modo maravilhosamente extraordinário nas suas ações poderosas, é o mesmo que, como Elohim, criou os céus e a terra e quer mostrar aos povos da terra a sua universalidade.
Não é nossa pretensão desenvolver um estudo sobre nomes de Deus, contudo para termos uma breve visão do modo tão diversificado com o Senhor se revela aos homens, gostaria de mencionar alguns destes modos.
A – O DEUS IDENTIFICADO COM “EL”
São várias as formas de Deus ser identificado pelos escritores sagrados no seu caráter como o Deus “El”.
As principais formas são EL ELION ( Gn 14.18-20,22) – “Deus Altíssimo; EL OLAM ( Gn. 21.33) – “Deus eterno”, e EL SHADAI (Gn 17.1) – “Deus Todo Poderoso”.
B – O DEUS IDENTIFICADO COMO “JAVÉ”
Este foi o nome especial usado para identificação do Deus criador com Israel ( Ex. 3.15).
As principais formas são; JAVÉ-JIREH ( Gn 22.8,14) – “O Senhor proverá”; JAVÉ-NISSI (Ex. 17.15) – “O Senhor é a minha bandeira”; JAVÉ-SHALOM (Jz. 6.24) – “O Senhor é paz”; JAVÉ-TSIDKENU ( Jr 23.6) – “O Senhor Justiça Nossa”; JAVÉ-SEBAOT ( I Sm 1.3) – “O Senhor dos Exércitos”.
II. TESTEMUNHAS DA GLÓRIA DE DEUS
A responsabilidade e o privilégio de ser testemunha de Deus, não são apenas uma realidade neo-testamentária registrada num dos trechos que narram a grande comissão. Bem antes das palavras de Jesus, em Atos 1.8 – “Ser-me-eis testemunhas”, Deus já nos havia alertado para esta realidade de testemunhar da Sua glória, quando chama a atenção do seu povo Israel, dizendo: “Vós sois as minhas testemunhas” (Is 43.10,12).
A história bíblica repleta de episódios que evidenciam a magnífica ação poderosa do Deus de toda a terra, eventos estes que carregam consigo uma marca indelével: “Deus é glorificado na vida de homens e mulheres que Ele escolheu para manifestar o seu poder entre os povos da terra”.
A promessa feita a Abraão de que nele seriam abençoadas todas as nações da terra, tem o seu cumprimento na história bíblica através dos descendentes do mesmo, que promoveram a glória de Deus entre os povos, através de seus testemunhos.
A seleção de alguns personagens, usados como instrumentos de Deus na proclamação de Sua glória, é necessária para que tenhamos uma visão correta da ação testemunhal destas pessoas.
A – TESTEMUNHO COM VOLUNTARIEDADE
Temos chamado de testemunho voluntário, aquele que acontece quando o servo de Deus não está sob pressão ou perseguição mas que procura voluntariamente manifestar a glória de Deus para com os que estão ao seu redor.
1. JOSÉ
Aqui temos um homem de Deus que, vivendo da dependência completa do seu Senhor, aprendeu a desenvolver uma vida de verdadeiro abençoador; sendo assim um instrumento de bênção usado por Deus para abençoar os egípcios.
José, abençoado pelo Senhor, prosperou em tudo o que realizou no Egito. Contudo, um dos momentos mais expressivos do seu testemunho está registrado, na sua escolha, por Faraó, para governar sobre o Egito ( Gn. 41.37-44).
2. MOISÉS
Depois de ser usado pelo Senhor na demonstração do poder de Sua glória contra o Egito, Moisés, agora caminhando com o povo livre, pelo deserto, torna-se uma bênção na vida do seu sogro Jetro ( Midianita) Êx. 18.1-12.
3. ESPIAS
Eram dois homens em missão de guerra; seus nomes não foram registrados, eram apenas espias. A presença destes dois homens em Jericó é marcante na história divina, isto porque, através do testemunho dos mesmos, uma prostituta daquela cidade foi abençoada juntamente com sua família.
O registro histórico deste acontecimento está em Josué 2.21. Esta cananéia teve, por causa do testemunho e do salvamento recebido ( Js. 6.22-25), a grata e maravilhosa bênção de estar na genealogia de Cristo ( Mt 1.5).
3. NOEMI
Após dez anos de grandes amarguras vividas nas terras de Moabe, onde perdera seu marido Elimeleque e seus dois filhos Malom e Quilom, Noemí decide voltar para a sua terra. Ali, no momento de despedida entre Noemi e suas noras Orfa e Rute, podemos perceber a maneira como esta serva do Senhor se torna bênção para aquelas duas mulheres moabitas. Rute 1.1-18.
4. A MENINA CATIVA
Nas vitórias dos sírios sobre Israel, Naamã, comandante do exército sírio, levou cativa uma menina para o serviço de sua mulher. Naamã, sendo um herói de guerra, era um leproso.
Graças ao testemunho desta menina, mais uma destas anônimas que a Bíblia registra, o general sírio teve a oportunidade de sentir a ação do Deus Todo-Poderoso em sua vida, através da palavra profética de Eliseu. I Reis 5.1-15.
B – TESTEMUNHO NA ADVERSIDADE
Testemunhar da glória de Deus em situações adversas nem sempre é possível; não é fácil, nem é agradável, mas também não é impossível. Portanto, o assumir compromissos com Deus em meio à adversidade, sob a pressão ou perseguição, é um ato de coragem e ousadia, também usado pelo Senhor para fazer conhecida a sua glória entre os povos.
1. ELIAS
O povo de Israel vivia numa situação de crise: uma grande seca se instalara por três anos e sete meses, reinado grande fome em toda a terra. Foi neste contexto de adversidade que o Senhor, soberanamente, decidiu enviar o profeta Elias a Serepta não região de Sidom.
O encontro do profeta Elias com a mulher viúva de Serepta apresenta-se como um dos momentos mais bonitos da historia vétero-testamentária ( I Rs 17.8-24).
Os acontecimentos registrados na vida do profeta Elias ali em Sidom demonstram a ação maravilhosa do Deus de toda a terra que decide manifestar a Sua glória, através de Seu servo, para alguém que não era do Seu povo Israel. Cumpre-se, assim, na vida de Elias, aquilo que Deus havia dito a Abraão: Sê tu uma bênção.
2. AMIGOS DE DANIEL
A história do cativeiro babilônico apresenta-se com momentos de expressivo testemunho da glória de Deus, através dos seus cativos em terra estranha.
Hananias, Misael e Azarias são os protagonistas de um destes grandes momentos de testemunho da glória do Altíssimo entre as nações.
O capítulo três de Daniel registra-nos os detalhes deste tremendo acontecimento, mostrando a ousadia e coragem daqueles jovens em não se curvarem diante da grande imagem de ouro, o enfrentamento do julgamento real de Nabucodonosor e o livramento divino dentro da fornalha ardente.
“Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livra-nos, Ele nos livrará da fornalha… Se não, fica sabendo, ó Rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste ( Dn 3.17,18).
3. DANIEL
A presença de Daniel em Babilônia foi uma presença abençoada, mesmo vivendo em circunstâncias adversas. Na verdade, a vida do jovem Daniel, entre os cativos de Judá que estavam em Babilônia, foi uma vida de constante testemunho da grandeza e poder de Deus de Israel, chegando mesmo, pelo seu modo sábio de viver, a ofuscar o brilho real do grande imperador Nabucodonosor.
Daniel marcou sua presença de modo distinto e forte da história de Babilônia. O profeta-político, não apenas viu a história passar, mas ele mesmo, com servo do Deus altíssimo, fez escrever a história do grande império Babilônico.
O apogeu e queda do império Babilônico aconteceram nos dias de Daniel. Ele esteve presente, igualmente, nos momentos da história em que os medo-persas conquistaram Babilônia, fazendo manifestar um testemunho coerente, corajoso e equilibrado, mesmo em meio a adversidade, a respeito da glória do Altíssimo, o Deus de Israel, o Deus de toda a terra.
2.46-48; 4.9; 5.13,14; 5.29; 6.28 – Daniel é reconhecido pelo seu testemunho do Deus altíssimo.
4. ESTER
A jovem Hadassa, sobrinha de Mordecai, judeu benjamita, encontrava-se na fortaleza de Susã juntamente com seu tio, como exilados de Judá. Susã era a fortaleza usada com residência de verão dos reis persas.
Exatamente neste contexto de adversidade, como cativos entre os persas, Ester e Mordecai tornam-se instrumentos de Deus para testemunho entre os persas.
A providencial ação divina em, através do rei Assuero, conduzir a jovem Ester à posição de rainha, foi determinante para o acontecimento de um dos mais expressivos testemunhos registrados na história dos cativos de Judá: a libertação do povo judeu da astuta cilada montanha por Hamã.
A decisão tomada por Ester após as palavras de Mordecai quanto ao perigo da morte dos judeus ( 4.14-17), veio a resultar em bênção para todo império persa ( 8.17)
III. OS POVOS RECONHECEM A GLÓRIA DE DEUS
“Tu és o Deus que operas maravilhas, e, entre os povos, tens feito notório o teu poder” – Com estas palavras de Asafe ( Sl 77.14) podemos perceber o reconhecimento e a certeza absoluta da ação de Deus na história, manifestando o Seu poder e Sua glória em toda a terra.
A soberania de Deus é um assunto que trilha toda a Escritura Sagrada, desde Gênesis até Apocalipse, de um modo distinto e inequívoco, sobretudo de modo inquestionável. Sim, Ele, o Senhor, o Deus Elohim, Javé e El-Shadai; o Criador dos céus e terra, o Deus das nações , o Senhor de Israel, o Todo-Poderoso está no controle de tudo e de todos, e, assim, manifesta a Sua grande glória entre todos os povos, para que as nações reconheçam que só o Senhor é Deus.
O reconhecimento dos povos da ação poderoso de Deus na história é algo tangível e indiscutível – “Então entre as nações se dizia: grandes coisas o Senhor (JAVÉ) tem feito por eles” (Sl 126.2) Portanto, os exemplos aqui mencionamos têm o propósito de nos ajudar a perceber esta concreta manifestação da glória de Deus entre todos os povos e o modo como eles reagem.
Os exemplos selecionados não esgotam a vastidão bíblica daquilo que ali descreve com respeito ao agir dos povos, diante da contemplação dos feitos poderosos do Senhor.
A – O RECONHECIMENTO DAS NAÇÕES
Deus se fez conhecer, e marcou a sua presença entre os povos da terra, de modo contundente e maravilhoso, especialmente, agindo na vida do seu povo Israel.
Cananeus, heteus, amorreus, fereseus, jebuseus,egípcios, filisteus, amalequitas, amonitas, moabitas, edomitas, assírios, sírios, babilônios, medo-persas e outros povos tiveram a oportunidade de experimentar a ação de Deus e de perceber a Sua glória.
A expressão do profeta Oséias – “E entre as nações se dirá: Vós sois filhos do Deus vivo”- mostra-nos o reconhecimento que as nações terão o senhorio de Deus sobre todos, como nos seguintes exemplos:
1. GIBEONITAS
Reconheceram que Deus tinha dado a Israel o poder para tomar para si toda a terra de Canaã.
Deste modo declaram, a soberania de Deus sobre toda a terra .
Vejamos Josué 9.24
2. FILISTEUS
A experiência de terem a Arca da Aliança cativa dentro de seus termos, ofereceu aos filisteus a oportunidade de perceber a ação do Deus de Israel fazendo notória a sua glória.
Vejamos I Samuel 5.1-12
C. O RECONHECIMENTO DOS PODEROSOS
Muitos dos poderosos da terra que tiveram a oportunidade de governar pequenos ou grandes impérios, também se tornaram testemunhas da grandeza do Senhor e dos seus feitos portentosos entre todos os povos da terra.
A seleção de alguns destes reis e imperadores ajudar-nos-á a perceber como estes soberanos foram capazes de reconhecer e de declarar a grande glória e soberania absoluta de Deus.
1. FARAÓ
Naquela época de crise, pré-anunciada por José, filho de Jacó, o faraó do Egito tomou a decisão de colocar José como governador sobre toda a terra de sua possessão. A decisão foi tomada com base na ação soberana de Deus na vida de José, agora reconhecida e testemunhada por Faraó.
Vejamos Gênesis 41.38-40.
2. RAINHA DE SABÁ
Tendo ouvido da sabedoria de Salomão e que esta sabedoria de Javé, a rainha de Sabá decidiu vir a Jerusalém para, pessoalmente tomar conhecimento da mesma. Assim, após tomar conhecimento da excelente sabedoria do rei Salomão, a rainha eleva a sua voz para bendizer o Deus de Israel.
Vejamos I Reis 10 – 1-9
3. ARTAXERXES
O rei da Pérsia responsável pelo envio de Esdras, o escriba, para Jerusalém foi Artaxerxes. Ao enviar Esdras, o rei encaminhou uma carta onde contém a revelação da impressão que o mesmo declara do Deus de Israel chamando-o de “Deus dos Ceús”.
Vejamos Esdras 7.11-26
4. DARIO
Mesmo tendo um grande apreciação por Daniel, o rei Dario foi levado a condená-lo à cova dos leões. Após o poderoso livramento realizado pelo Senhor, impedindo que os leões devorassem Daniel, o rei Dario profere uma das grandes declarações de reconhecimento da grandeza do Altíssimo.
Vejamos Daniel 6.25-27
5. NABUCODONOSOR
Certamente foi Nabucodonosor o mais influente e mais poderoso dos soberanos, na realidade histórica do Antigo Testamento. O grande imperador de Babilônia é o menor de expressivas declarações que nos mostram o quanto ele reconheceu a supremacia e excelência do Deus Todo-Poderoso.
As principais declarações são as seguintes: “Vosso Deus é o Deus dos deuses”; e ainda “Louvo, exalto e glorifico ao Rei do céu.”
Vejamos Daniel 2.47; 3.28,29; 4.1-3,17,34, 35 e 37.
6.NAAMÃ
O general sírio, que estava acometido de lepra, ouvindo do homem de Deus, profeta Eliseu, veio em busca da cura para o seu terrível mal, e, pela manifestação poderosa do Deus de Israel, Naamã ficou curado. Assim, após receber tão grande benefício, ele reconhece o poder e a grandeza daquele que o transformara.
Vejamos 2 Reis 5.15-17.
IV – SALMOS: O CÂNTICO DA GLÓRIA DE DEUS
Título do livro dos Salmos no texto original é “louvores”, e compreende 150 cânticos divididos em cinco livros. Porém, como livros de louvores, o livro de Salmos possuem o caráter de testemunho devocional, e a sua composição acontece à luz da atividade salvífica de Deus em Israel de Deus em Israel.
O Sentimento dos salmistas, que se caracteriza por esta expressão profundamente devocional, evidencia-se principalmente de duas formas: O LOUVOR – pelo que Deus é ( 117. 1-2; 121; 147.1-1) e pelo que Deus fez ( 124.6-7; 40.1-3; 66.5-6), e a SÚPLICA – socorro em situações adversas ( 123.3-4; 12.1-2;55.1-5).
Uma das grandes lições que aprendemos nos salmos é o fato de que, no trato com Israel, Deus está diretamente interessado nas nações ( 24.1; 33.8; 47.8; 93-100).
Percebemos que, na sua forma e estilo, os Salmos estavam em harmonia com seu propósito e mensagem de chamar as nações é um culto universal ao verdadeiro Deus ( 7.7,9; 9.8,11; 10.16; 19.1-4; 22.27-28; 40.3; 59.5; 64.4-10; 67; 72.8-11; 86.9; 96.105.1.)
Os Salmos, ou “louvores”, usados por Israel na realidade cúltica vétero-testamentária, tratam sempre de tema relacionados à esperança humana e, portanto, muito significantes do ponto de vista missiológico.
A – A GLÓRIA DE DEUS
O conteúdo da mensagem nos Salmos trata muito mais do povo falando para Deus. Daí quando este expressava a grandeza e a santidade de Deus, frequentemente empregou a frase “A Glória de Deus”.
A glória de Deus se referia a sua grandeza ( 138.5), a sua manifestação (63.2) e a sua honra ou importância.
1. O Mérito
Somente Deus merece a honra e a glória entre as nações.
· “Anunciar entre as nações a Sua glória” ( 96.3)
· “Salmodia a glória do Seu nome” ( 66.2)
· “Os céus proclamam a glória de Deus” (19.1)
· “Tributai ao Senhor, glória e força”( 29.1)
· “Glória e majestade estão diante dEle”( 96.6)
· “Não a nós, mas ao Teu nome, dá glória” ( 115.1)
2.A Dimensão
As dimensões da glória de Deus devem corresponder às dimensões do seu conhecimento pelas nações.
· “E todos os povos vêem a Sua glória” (97.6)
· “E da Sua glória se encha toda a terra” (72.19)
· “E em toda a terra explenda da Tua glória”(57.8,11)
B. O DOMÍNIO UNIVERSAL DE DEUS
No livro de Salmos, há mais de 150 referências de natureza universal às nações do mundo.
Logo, tendo conhecimento de que a glória do Senhor encherá a terra e que o Seu domínio real será universal, aprendemos que os Salmos não deixam a menor dúvida de que a reverência ao Senhor deve ter amplitude mundial.
Mesmo reconhecendo nos Salmos, quanto ao uso, uma pressuposta centralização em Sião ( 96.6; 99.2), estes não limitam o domínio de Deus à nação de Israel, pois Javé e o grande Rei sobre Israel, as nações e o cosmos.
· “Deus é Rei toda terra” (47.7)
· “Dizei entre as nações: reina o Senhor”( 96.10)
· “Reina o Senhor. Regozije-se a terra” ( 97.1)
· “O Senhor é o Deus supremo, é o grande Rei…”( 95.3)
· “Desde a antigüidade está firme o seu trono” ( 93.2)
· “ Pois o Senhor é o Reino, é Ele quem governa as nações” (22.28)
· “Reina o Senhor; tremam os povos. Ele está entronizado entre os Querubins; abale a terra. O Senhor é grande em Sião, e sobremodo elevado acima de todos os povos.” (99.1,2)
Conscientes de que o Soberano Rei das nações cumprirá seu domínio pela extensão de toda a terra, nós, Igreja do Senhor, não podemos desfalecer ou nos inibir como se fôssemos uma minoria insignificante no mundo. Assim, cumpramos esta missão de dimensões universais “para que se conheça na terra o teu caminho; em todas as nações a tua salvação.” (67.2)
D. A ESPERANÇA MESSIÂNICA
Uma das verdades cantadas nos Salmos, e que mantinham estreita ligação ao tema do domínio universal de Deus, é a esperança messiânica.
A promoção dos denominados Salmos Reais está fundada na realidade desta esperança ( 2,18, 20,21, 45,72,101,110)
Através de uma associação com Davi, Salomão e outros reis, os Salmos fomentavam a grande esperança messiânica voltada para o futuro e preparavam o fundo histórico para o ministério de Jesus.
Além de narrarem a antecipação do advento do rei que inauguraria o reino de Deus, os Salmos, também retratam a paixão e luta que este rei sofreria para cumprir a sua tarefa.
· 72: Qualidades do supremo soberano da era messiânica;
· 2: O reinado será universal em sua extensão;
· 110: O Messias como conquistar, Rei e Sacerdote;
· 101: O comportamento do Messias Rei;
· 45: A união do Messias com o seu povo;
· 24: Identificando o Rei da Glória.
RESUMO FINAL DA UNIDADE – LIÇÕES PRINCIPAIS
1. Revelando-se como ELOHIM, o Deus de todos os povos, mais uma vez podemos confirmar a configuração vétero-testamentária de que Deus – O Criador de todas as coisas – está interessado em se fazer conhecido de todas as nações da terra.
2. Ser testemunha de Deus é também uma realidade exigida do povo de Deus no Velho Testamento. Assim, não são os apóstolos os primeiros a ouvir “Vós sois minhas testemunhas”.
3. Testemunhar da glória de Deus entre as nações é uma tarefa nem sempre desempenhada de modo livre, mas, às vezes, é necessário desenvolvê-lo sob pressão ou na adversidade.
4. O reconhecimento da maravilhosa glória de Deus faz-se notório, não somente no meio do seu povo escolhido, mas igualmente entre as nações, tanto pela ação do Senhor no meio delas como pela sua bênção sobre Israel. (Sl. 126:2)
5. É gratificante conhecer a glória de Deus na história, bem como o modo como os soberanos da terra se curvam diante da supremacia de Sua glória excelsa, fazendo declarações como estas:
a. “Bendito seja o SENHOR (JAVÉ) teu Deus” (Rainha de Sabá).
b. “A casa do Deus do céu” (Artaxerxes).
c. “Ele é o Deus vivo … Ele livra e salva, e faz sinais e maravilhas no céus e na terra” (Dario)
d. “Não há outro Deus que possa livrar como este” (Nabucodonosor).
e. “Eis que agora reconheço que em toda terra não há Deus senão em Israel” (Naamã, o Siro).
6. Além de ser testemunhada pelos seus servos, a glória de Deus era cantada nos Salmos, declarando assim a realidade do poder de Deus entre as nações, o Seu domínio universal e a grande esperança messiânica.
A PREPARAÇÃO DO PALCO PARA OS ACONTECIMENTOS
UNIDADE VI
PROPÓSITO: Mostrar que o advento do Messias Cristo não foi um acontecimento ao acaso na história humana. Pelo contrário, o Deus Todo-Poderoso, o Senhor da história é que preparou todas as coisas para o maior acontecimento de sua revelação, a encarnação do Verbo.
I – AS PROMESSAS DE UM REDENTOR
A queda do homem acontecida no Éden estabeleceu no cenário da história da humanidade a primeira menção com respeito ao objeto central da obra de missões mundiais: a pessoa do Messias, Jesus Cristo.
– Gn. 3:15 O descendente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente.
– Com esta promessa, observamos o interesse de Deus em alcançar a raça humana, e não somente uma parte dela.
As promessas apresentadas no Velho Testamento quanto ao tempo da vinda do Messias, bem como a forma como viria, são promessas muito significativas.
Gn. 17:1-8 – Descendente de Abraão
Is. 7:14 – Nasceria de uma virgem
Is. 48:6-7 – Seria luz para as nações
Jr. 23:5 – Descendente de Davi
Sl. 72:10 – Grandes viriam adorá-lo
Os. 11:1 – Ter chamado do Egito
Is. 9:6 – Domínio do Senhor
Is. 40:3 – Ser precedido por João
II – O PALCO ESTÁ PREPARADO
Ao observarmos os acontecimentos históricos que antecedem o nascimento do Messias, o enviado de Deus, para a salvação de todos povos, podemos compreender com mais clareza o porquê da afirmação “MISSÕES ESTÁ NO CORAÇÃO DE DEUS”.
Deus, o Soberano criador de todas as coisas, o Senhor das alianças, o protetor de Israel, o grande autor da obra missionária, fez manifestar a Sua vontade soberana na preparação de todos os acontecimentos para a vinda do Seu filho amado, o Messias para todos os povos.
Embora saibamos as grandes ações de Deus na história, preparando o palco para a chegada do Messias, queremos nos deter nas informações bíblicas quanto à realização deste maravilhoso evento.
As informações neo-testamentárias quanto à chegada daquele que seria o objeto central de toda a história da redenção, concretizam-se do seguinte modo:
a) A Preparação do Lugar
O texto de Lucas 2: 1-7 mostra-nos o modo soberano como Deus agiu para cumprir o que havia profetizado através de Miquéias 5:2.
Os magos do Oriente foram informados dessa profecia quando vieram adorar o menino (Mt. 2: 1-6).
b) A Apresentação no Templo
O cântico de Simeão (Lc. 2: 25-32) mostra-nos que o Espírito do Altíssimo o havia preparado para que viesse aquele momento.
c) A Proclamação do Ministério
O cumprimento da profecia de Isaías 40 concretiza-se através do aparecimento de João Batista pregando no deserto da Judéia (Mt. 3; Jo. 1:15-34)
III – O ACONTECIMENTO NA PLENITUDE DOS TEMPOS
No estudo dos eventos que antecederam o aparecimento do Messias Cristo sobre a terra, existem duas afirmações neotestamentárias importantes: “…e vindo a plenitude dos tempos… (Gl. 4:4) e “…o tempo está cumprido” (Mc. 1:15).
A verdade é que negativamente, através da contribuição do mundo grego e romano, e positivamente, através do Judaísmo, o mundo foi preparado para a “plenitude dos tempos” quando Deus enviou Seu Filho, Jesus Cristo, para a redenção de uma humanidade partida pelas guerras e fatigada pelo pecado.
Apesar da ação de Deus no momento histórico em que se deu o nascimento do Messias, Jesus Cristo, como apresentam os historiadores, através das contribuições oferecidas pelos povos romanos, gregos e judeus, é na própria Palavra de Deus que descobrimos o fato de aquele era o tempo divino para a chegada do prometido das nações.
Ele veio na PLENITUDE DOS TEMPOS, quando todas as coisas tinham sido dispostas de tal modo, pela mão do Pai, que a vinda do Seu Filho obteve pleno êxito” (Nichols, pp 5).
Deus manda Seu Filho no tempo apropriado, tempo este que Paulo chama de “A Plenitude dos Tempos” (Gl. 4:4) e é neste tempo que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós…” (Jo. 1:14).
RESUMO FINAL DA UNIDADE – LIÇÕES PRINCIPAIS
1. Tanto do V.T. quanto o N.T. formam uma unidade para o ensino bíblico da história da redenção.
2. As promessas veterotestamentárias com relação ao Messias tornaram-se realidade no N.T.
3. Deus, como soberano controlador da história, é o grande diretor celestial no preparo para o palco dos acontecimentos do advento de Cristo.
4. Está absolutamente claro que Deus se comprometeu pessoalmente por meio de Cristo com a redenção da humanidade.
5. Observando os fatos neotestamentários, quanto à chegada do Filho de Deus, podemos pensar na seriedade e na responsabilidade com que o Grande Autor da obra missionária preparou todas as coisas.
JESUS CRISTO E MISSÕES
UNIDADE VII
PROPÓSITO: Levar o aluno a compreender que Jesus, o prometido das nações, o Messias para todos os povos, como personagem central da história da redenção da redenção, viveu-a de modo integral, dando-nos importantes lições missiológicas.
Ao cumprir-se a plenitude dos tempos (Gl. 4:4), o Verbo eterno de Deus encarnou e habitou no meio de nós, para cumprir a sublime tarefa de ser o Redentor das nações. Como já vimos, na unidade anterior, Jesus Cristo, o objeto central de toda história e redenção, chegou até nós como cumprimento no tempo de Deus, no horário do Senhor, e o personagem principal da história humana entra em cena.
São poucas as informações que a Bíblia nos oferece com relação aos anos que antecederam o ministério terreno de Jesus Cristo. As últimas referências sobre este período encontram-se em Lc. 2. 41-52, onde as palavras que encerram são as seguintes: “E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens”.
O cumprimento das profecias veterotestamentárias com respeito ao Messias, Jesus Cristo, o redentor das nações, são muito importantes para o nosso estudo. Porém a maneira como Jesus desenvolveu o seu ministério entre os homens, conforme a descrição neotestamentária, ajudar-nos-á a compreender com maior liberdade o fato de ser Jesus Cristo, o Messias para todos os povos.
I. JESUS NA VISÃO NARRATIVA DOS EVANGELHO
A narração da vida e ministério de Cristo está descrita no Novo Testamento, especialmente, nos Evangelhos. Tem sido claramente observado pelos estudiosos do N.T., a maneira distinta como os evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e João fazem uma notável descrição em cada um dos evangelhos quanto à pessoa de Jesus Cristo.
a) Evangelista Mateus
O propósito do Evangelho segundo Mateus foi o de testificar que Jesus era o Messias da Promessa do Antigo Testamento, e que a sua missão consistia em trazer o Reino de Deus até aos homens.
Neste Evangelho, a descrição mais clara com respeito a Jesus é quanto ao fato de ser apresentado como Rei.
b) Evangelista Marcos
Embora o evangelho de Marcos seja principalmente histórico, também recebe forte colocação teológica. Aqui, Jesus é o Filho do Homem, o Messias, Aquele por quem os séculos haviam esperado.
Através de Marcos, Jesus é descrito como um profeta com uma mensagem mundial.
c) Evangelista Lucas
O evangelho de Lucas proclama as boas novas de que Jesus não apenas afirmou ser o Salvador Divino, mas que Ele se revelou como o Redentor Todo-Poderoso que é o Filho do Pai.
Aqui Jesus é apresentado como o Salvador e Sacerdote.
d) Evangelista João
O evangelista João apresenta Jesus como sendo o Verbo (Logos), o filho de Deus manifesto ao mundo (Kosmos).
João usou a palavra “KOSMOS” 79 vezes. Esta palavra tem o sentido de “Toda a criação”. (3:16, 17; 4:42; 6:33; 8:12; 9:5; 12:46).
II. A UNIVERSALIDADE DA MISSÃO DE CRISTO
A expressão Joanina “Para os que eram seus” pode parecer exclusividade da missão de Cristo para com os Judeus, contudo, mesmo sabendo que Ele possuía uma profunda convicção de uma missão especial à nação de Israel, podemos perceber sua missão universal, o que ficou demonstrado em vários aspectos da sua história.
a) Nos anúncios de sua vinda
· Lc. 2.10 – 14 – Os anjos e pastores
· Lc.2.25 – 32 – O cântico de Simeão
· Lc 3.3-6 – O anúncio de João Batista
b) Na Vinda dos magos
· Mt 2.1-11 – Eles vieram do Oriente (Pérsia)
c) Nos seus ensinos
· As palavras proferidas pelo Mestre Jesus Cristo no seus ensinos revelam a Sua preocupação com a obra missionária de alcance do mundo
· Vejamos alguns dos textos dos Evangelhos que revelam esta característica dos ensinos do Mestre.
· Mt. 5.13-16; 24.14; Lc 4.16-30; Mc 11.15-18; Mt .13.38
d) No seu ministério terreno
· O ministério de Cristo era caracterizado também pelo compenetrado contato com pessoas de outras raças que não os israelenses.
· Destacamos alguns dos encontros que o Messias teve durante o Seu ministério com pessoas que não são israelitas.
1. Encontro com a Samaritana
João 4.4-42 ( Um dos maiores sermões de Jesus)
Adoração a Deus não apenas em Jerusalém ou no Monte Gerizim, mas também em todo o mundo.
2. Encontro com centurião romano
Mt 8.5-13
Uma fé que causa admiração a Jesus
Uma declaração: “Muitas virão do Oriente e do Ocidente”
3. Encontro com a mulher cananéia
Mt. 15. 21-28
Jesus: “ Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel”
“ Mulher, grande é a tua fé.
4. Encontro com os Gregos
Jo 12.20-32
Apesar deste encontro não haver acontecido, as palavras proferidas por Jesus deixaram-nos uma grande lição: “E quando eu for levantado da terra, atrairei muitos a mim”.
5. Outros breves contatos com Jesus
a) O endemoninhado Gadareno ( Mt. 8.28-34)
b) A cura dos dez leprosos (Lc 17.12-19)
c) O contato na estrada de Emaús (Lc 24.13-49)
III. JESUS E A EXTENSÃO DA SUA OBRA MISSIONÁRIA
É certo que a maior parte do ministério público de Jesus aconteceu em território judeu. Porém levando em conta os contatos estabelecidos com os gentios em varias situações, é nos possível perceber que a Sua visão missionária não se limita a Israel.
Diante disso, podemos compreender que os discípulos não foram pegos de surpresa com o anúncio da grande comissão.
Isto fica-nos evidente pelas atitudes subseqüentes que os mesmos desenvolveram a partir da experiência e do treinamento recebido de Cristo.
RESUMO FINAL DA UNIDADE – LIÇÕES PRINCIPAIS
1. É-nos possível perceber, na visão dos evangelistas evidências claras sobre a missão cosmológica do Senhor Jesus , o Rei que exerce o papel de profeta mundial e que é apresentado como Salvador “encarnado” para o mundo.
2. A universalidade da missão de Cristo é claramente percebida nos seus próprios ensinos.
3. É certo de que os encontros de Cristo com pessoas que eram de fora do círculo fechado judaico, levou os apóstolos a compreenderem a amplitude de Sua tarefa.
MISSÕES, A GRANDE COMISSÃO
UNIDADE VIII
PROPÓSITO: Oferecer uma visão clara do valor missiológico das palavras proferidas pelo mestre Jesus Cristo, após sua ressurreição e antes da ascensão, conhecidas como “A Grande Comissão”. Palavras estas que formam o mais expressivo bloco de ensinamento bíblico para o alcance das nações com o evangelho”.
A grande comissão é o supremo alvo da vida e do propósito de Jesus. Ele treinou, esperou e lutou para chegar ao ponto de enviar discípulos preparados e revestidos de poder.
Durante muito tempo, a Igreja tem buscado conscientizar o seu povo da Grande Comissão dada por Cristo com relação à obra missionária. Tal é a sua importância, que é encontrada diversas vezes no Novo Testamento como veremos a seguir.
Deus atua no mundo e tem um plano e uma meta a cumprir. Segundo Apocalipse capítulos 21 e 22, podemos dizer que o plano de Deus é uma nova criação para a Sua glória, isto é, Ele renovará e transformará tudo para Sua glória. O que não significa que todos serão salvos, pois os que continuam rebeldes se perderão, mesmo tendo que reconhecer Jesus Cristo como Filho de Deus (Fp. 2.10-11). Na criação do mundo, Deus fez tudo sem a ajuda dos homens, porém na nova criação somos cooperadores de Deus na sua Missão (I Co. 3.9).
O plano de Deus para esta missão inclui a Igreja comprada pelo sangue de Jesus Cristo. Na execução do plano, Deus ordena que façamos certos trabalhos, e um destes é o de pregar o evangelho, as boas novas de Jesus Cristo.
A Grande Comissão é a participação que Deus espera de nós, e apresenta-se nos textos bíblicos, envolvendo ênfase diferentes, como vemos:
a) Mateus- autoridade, objetivo, o tempo e a esfera de trabalho.
b) Marcos- urgência, o método e esfera de trabalho.
c) Lucas- a mensagem a universalidade do trabalho.
d) João- o revestimento espiritual e a natureza do trabalho.
e) Atos- o poder e o campo de ação.
Após a Sua morte e ressurreição, Jesus Cristo reúne-se com seus discípulos e lhes oferece a sublime oportunidade de serem cooperadores de Deus, dando-lhes a Grande Comissão.
A Grande Comissão encontra-se registrada nos quatro Evangelhos e no livro de Atos dos Apóstolos com as seguintes referências: Mateus 28.18-20; Marcos 16.15; Lucas 24.44-48; João 20.21; Atos
1.8.
I – MATEUS (28.18.20)
Num monte na Galiléia, os discípulos se reuniram e Jesus lhes deu a Sua palavra final. Ele falou como um Rei.
a) Sobre autoridade – Ele recebeu toda autoridade de Deus e assim tem o direito de enviar embaixadores, concedendo a Sua autoridade para eles.
b) Sobre o seu propósito – fazer discípulos é a única expressão imperativa da Grande Comissão.
b.1- Fazer discípulos é a tarefa central na mensagem cristã.
(Mt. 4.19-21; 9.9; 1921; I Co 3.8; I Jo 3.2; Lc. 9.23; Jo 12.26)
Discípulos- “seguir alguém, imitar, crer e obedecer, tomar posição com, morrer com”.
b.2- É para fazer discípulos de todas as nações, atravessando todas as fronteiras.
b.3- Para fazer discípulos, é necessário um processo de desenvolvimento em comunhão (batismo no corpo de Cristo) e instrução.
c) Sobre a forma– “Ide”, “batizando-as”, e “ensinando-as”. “Ide” é no grego “quando está indo”, é automático e deve acontecer sempre.
d) Sobre a presença do Rei – “ Eis que estou convocando…” Não fazem o trabalho sozinho ? (Aleluia)
e) De acordo com o texto de Mateus, a lição é a de que o grande alvo missões é o de “fazer discípulos de todas as nações”.
II – MARCOS (16.5)
Esta tem sido a expressão mais usada quando se fala de evangelismo na Igreja Cristã… “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura.”
a) esfera – Está claro de que a esfera de missão é o mundo
b) método – A pregação é o método de missões. É a evangelização com a prova de sinais que se seguem ( 16,17,18).
c) A mensagem – Na obra de missões, só uma mensagem: O evangelho de Cristo. Aqui descobrimos que o alcance da missão de Deus é universal, pois Cristo ordenou: “Ir ao mundo todo, e pregai o Evangelho a toda criatura.”
III – LUCAS ( 24.44-48)
Neste texto, iremos descobrir a fundamentação da mensagem que pregamos na Grande Comissão de Jesus Cristo.
a) A base bíblica do Evangelho – são as Escrituras ( A lei de Moisés, os profetas e os Salmos).
O missionário tem um livro e tem que conhecer este livro profundamente.
b) O conteúdo do Evangelho – é a morte e a ressurreição de Jesus. A cruz de Cristo é sempre o tema central na mensagem ( I Co 1.18 a 25)
c) O Imperativo do Evangelho – é arrependimento e remissão dos pecados. Cristo quer fazer algo no homem e não somente para o homem.
d) A esfera do Evangelho – é entre as nações.
e) Os instrumentos do Evangelho – “vós sois minhas testemunhas”.
Observe-se que a mensagem que pregamos é que Cristo morreu e ressuscitou por nós, e que o propósito desta é para que haja arrependimento para a remissão dos pecados.
IV – JOÃO ( 20.19-23)
Quando Jesus Cristo diz: “Assim como o pai me enviou, eu também vos envio”, vemos que, na obra missionária, temos que seguir o exemplo de Jesus Cristo, como missionário enviado da parte do Pai celeste.
a) Identificação – os discípulos precisam identificar-se com o Senhor no trabalho designado… “Assim como”.
a.1) Enviou – no grego, uma ação contínua e não um passado prefeito. Ainda é enviado ! (Ele continua trabalhando através dos discípulos de todas as épocas).
a.2) Junto – Não para os discípulos trabalharem para o Senhor, mas juntos com o Senhor ( Mt. 28.20; I Co .3.9)
a.3) Luta – Missão é uma luta profunda e o trabalho mais importante que existe. Pregar é oferecer a possibilidade de perdão dos pecados. Se não pregamos, retemos os pecados.
Assim aprendemos que, no cumprimento da Grande Comissão, o povo de Deus deve testemunhar de Cristo não só com palavras, mas também seguindo o seu exemplo.
V – ATOS
Aqui encontramos o registro da última ordem de Cristo no que diz respeito à Grande Comissão para a Igreja.
a) O poder do Evangelho – é a promessa do Pai ( Lc 24.49), o Espírito Santo; sem o Espírito Santo, somos instrumentos vazios e sem condições.
b) O Revestimento – “… permanecei em Jerusalém…” “ Recebereis o poder” – A condição para receber o poder é permanecer na presença de Deus.
c) O campo de ação – “… começando por Jerusalém”( Lc 24.47). “Tanto em”, “Como em toda”, “E até os confins da terra”. A ação missionária da Igreja é global.
Deus faz a obra missionária ! Mas Ele não dispensa o nosso trabalho. Assim em Atos 1.8 aprendemos que cooperamos com Deus pelo poder do Espírito Santo.
DECLARAÇÕES COMPLEMENTARES SOBRE A GRANDE COMISSÃO | |||||
AS DECLARAÇÕES | A AUTORIDADE | A CAPACITAÇÃO | A ESFERA | A MENSAGEM | AS ATIVIDADES |
Mt. 28.18-20 | A autoridade dada a Cristo: todo o poder no céu e na terra | Cristo está conosco até o fim da era | As nações (Gentias) | Todas as coisas que Cristo ordenou | Discipular por meio de ir, batizar e ensinar |
Mc. 16.15 | O mundo inteiro, e toda a criatura | O Evangelho | Ide e pregai (proclamai) | ||
Lc 24.46-49 | Em Seu Nome (de Cristo) | A promessa do Pai i.e: poder | Todas as nações começando de Jerusalém | Arrependimento e o perdão dos pecados | Pregar e testemunhar (proclamar) |
Jo 20.21 | Enviados por Cristo assim como Ele foi enviado pelo Pai | ||||
At. 1.8 | Poder do Espírito Santo | Jerusalém, toda a Judéia, Samaria e até aos confins da terra | Cristo | Testemunhar | |
* De David J. Hesselgrave: Comunicating Chirst Cross – Cultarlly ( Grand Rapids: Zondervan, 1978), pag. 54. A ser publicado brevemente por Edições Vida Nova |
RESUMO FINAL DA UNIDADE – LIÇÕES PRINCIPAIS
1. No projeto da nova criação, Deus nos escolheu como seus cooperadores no exercício desta tarefa missionária.
2. Pregar o Evangelho, as boas novas do reino, é a principal tarefa daqueles que foram escolhidos para executar o grande plano divino para o homem.
3. As ênfases apresentadas pelos vários registros da Grande Comissão representam o propósito global da missão que Deus nos ofereceu através do Seu Filho Jesus Cristo.
4. Baseados nos textos e estudos concernentes à Grande Comissão, podemos formular um conceito da missão de Deus:
“Missão é a obra de Deus dada à Igreja que, seguindo o exemplo de Cristo proclama por palavras e ações o Reino de Deus, no poder do Espírito Santo, chamando todos ao arrependimento e fé em Cristo, ensinando-os a serem discípulos dele”.
5.Vamos alargar a nossa visão missionária de acordo com o alcance da missão de Deus, que é universal; vamos estudar a Bíblia para pregar melhor a mensagem a respeito da morte e ressurreição de Cristo.
Devemos estar dispostos a seguir o exemplo de Cristo, pois o trabalho de Deus se faz no poder do Espírito Santo. Assim estaremos cumprindo o grande alvo de missões que é fazer discípulos em todas as nações.
OS APÓSTOLOS E A OBRA DE MISSÕES
UNIDADE IX
PROPÓSITO: Mostrar ao aluno que, apesar das nossas limitações de informações neotestamentárias e histórias, é possível ter uma noção da disposição apostólica na obediência à grande comissão dada por Cristo para o alcance das nações.
Jesus, o Messias para todos os povos, escolhera doze homens e judeus e o treinara durante três exaustivos anos de caminhada pelas terras da Palestina. Após a Sua ressurreição, agora com somente onze homens, Jesus menciona as conhecidas palavras que denominamos de “A Grande Comissão”. Ficou-nos evidente pelo desempenho do ministério de Cristo junto aos gentios (Centurião romano, mulher cananéia, samaritana), que a ordem de alcançar as nações, oferecida aos apóstolos, não era surpresa para os homens.
Após proferir suas últimas palavras aos discípulos, no monte das Oliveiras, Jesus subiu ao céus a fim de esperar de seus seguidores uma completa obediência àquela ordem (Atos 1.6-11). Contudo, permanecer em Jerusalém era fundamental para eles, até que a “Promessa do Pai” se cumprisse. No dia de Pentecostes, cumpre-se a promessa do Pai, e os apóstolos receberam a plenitude do Espírito Santo.
I – EVIDÊNCIAS NEOTESTAMENTÁRIAS
O ensino neotestamentário é muito limitado nas informações sobre a vida da maioria dos apóstolos de Jesus. Contudo, apesar das poucas informações, é-nos possível ter uma visão significativa do envolvimento missionário de alguns apóstolos.
a) Observando a vida de Pedro
1. Seu discurso no dia de Pentecostes – At 2.39
2. Seu discurso no templo – At 3.25
3. Seu discurso diante do Sinédrio – At 4.20
4. Sua obra entre os samaritanos – At 8.25
5. Sua experiência na casa de Cornélio – At 10.34-36, 44-48
6. Sua palavra no concílio de Jerusalém – At 15.7
7. Seus escritos – I Pd 1.1; 2.9-10
b) Observando a vida de João
1. Sua palavra diante do Sinédrio com Pedro – At 4.20
2. Seu trabalho entre os samarianos – At 8.14,25
3. Seus escritos – I Jo 2.2; 4.14
4. Sua visão apocalíptica – Ap. 1.4,11; 19.16
c) Paulo chamado par ser apóstolo
1. Consciência do chamado apostólico – Rm 1.1
2. Suas atividades missionárias – Atos
3. Seus escritos – todas as suas cartas
d) A ação dos apóstolos em geral
1. O testemunho constante em Jerusalém – At 4.33
2. Os sinais e prodígios – At 5.12
3. A prisão dos apóstolos – At 5.17,18
4. Testemunho após a prisão – At 5.29
5. Foram açoitados pela fé – At 5.40-42
6. Ministério desenvolvido – At 5.40-42
7. Permaneceram em Jerusalém na perseguição – At 8.1
8. Conscientes da missão aos gentios – At 11.18
9. Narrativa de Marcos – MC 16.20
II – EVIDÊNCIAS HISTÓRICAS
Como afirmamos anteriormente, o Novo Testamento não nos diz o que foi feito da maioria dos apóstolos. Há informações significativas em Atos 6.1-4 que os apóstolos deliberadamente fizeram uma opção pela oração e pelo ministério da Palavra. Contudo, não sabemos como eles executavam este ministério. Pensa-se que provavelmente, devido a seu muito ativo trabalho ambulante, tenham sido impedidos de registrar por escrito os seus feitos.
Até mesmo as informações históricas são-no limitadas, e muitas destas apresentam-se muito mais em forma de lendas do que de fontes históricos verdadeiras.
a) Pronunciamento Histórico
1. Eusébio de Cesaréia ( História eclesiástica)
“Como o poder e ajuda do céu, a palavra salvadora começou a inundar com a luz o mundo todo, como os raios de sol. De acordo com as Escrituras divinas, a voz destes evangelistas inspirados e APÓSTOLOS alcançou o mundo; e suas palavras, os confins da terra”.
2. Justino
“Doze homens saíram de Jerusalém para o mundo; eram iletrados para falar; porém, pelo poder de Deus, eles proclamaram a todos os povos que tinham sido enviados por Cristo para ensinar a todas a Palavra de Deus.”
b) Tradições e Lendas
1. Mateus – Conta-se que este apóstolo a para a Etiópia.
2. André – A tradição informa que foi para a região dos citas.
3. Bartolomeu – Foi para a Arábia e Índia
4. Pedro – Imagina-se, de acordo com I Pe 5.13, que ele chegou até a capital do Império de Roma.
5. João – Diz-se que este foi pastorear a cidade de Éfeso.
6. Tomé – “Atos de Tomé”. Conta-se a tradição que tomé chegou à Índia. Uma das tradições mais plausíveis.
7. Tiago – Diz-se ter ido até a Espanha pregar.
RESUMO FINAL DA UNIDADE – LIÇÕES PRINCIPAIS
1. Não podemos desconhecer que as palavras de Jesus, chamadas de “A Grande Comissão”, causaram um impacto muito forte na vida dos apóstolos.
2. A exigência de Jesus para que os apóstolos permanecessem em Jerusalém era fundamental para o êxito da obra missionária.
3. O testemunho de Pedro e João –destaca-se um pouco mais dos outros apóstolos, especialmente no registro dos primeiros capítulos de Atos.
4. Mesmo com as poucas informações neotestamentárias sobre a disposição dos apóstolos em receber a Grande Comissão, o pouco que temos é suficiente para nos movitar a cumprir nosso compromisso.
5. Com os pronunciamentos históricos, pode-se perceber, mesmo na impessoalidade, um certo nível de comprometimento.
6. Como as tradições e lendas não nos oferecem muita certeza dos fatos, fiquemos com o pronunciamento de Marcos ( 16.20) que é a palavra inspirada.
ATOS, IGREJA EMERGENTE EM MISSÕES
UNIDADE X
PROPÓSITO – Dar ao estudante as informações necessárias, para que possa receber o valor bíblico-missiológico, proporcionado pela narrativa do livro de Atos dos Apóstolos, no que diz respeito aos fundamentos de uma verdadeira Igreja Missionária.
Do ponto de vista histórico, o livro de Atos dos Apóstolos ( que é positivamente a continuação do evangelho de Lucas) narra o desenvolvimento do cristianismo após a ascensão de Jesus Cristo, aquele que temos conhecido como “O prometido das Nações” e “Messias para todos os povos”. Assim, começando com um grupo de discípulos assuntados que se aglomeravam no cenáculo, o evangelista Lucas acompanha o derramamento do Espírito Santo em Jerusalém e o crescimento da Igreja na difusão do cristianismo por todo o Império Romano.
A narrativa de Lucas, Atos dos Apóstolos, tem sido analisada por teólogos e historiadores cristãos, e a grande maioria dos mesmos têm sugerido outro nome para o livro de Atos. Isso porque, dizem eles, o livro traz uma ênfase muito mais evidente de ação poderosa do Espírito Santo, usando homens indistintamente, conforme a Sua soberania, do que fala propriamente nas atividades apostólicas naquele período. Daí, a sugestão de chamar este livro: de “Atos do Espírito Santo”.
Assim como os evangelhos apresentam-se para nós como um relato fiel da sublime missão do Messias Jesus Cristo durante os seus anos aqui na terra, o livro de Atos nos oferece um expressivo relato da atuação do Espírito Santo de Deus no desenvolvimento da obra missionária desnvolvida pela Igreja, da qual Cristo havia dito: Edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”
I – ESTABELECIMENTO DA IGREJA
O livro de Atos dos Apóstolos inicia com a narrativa dos últimos momentos de Cristo entre os seus discípulos. É, portanto, nos primeiros capítulos deste livro que começa a ser escrita a história da Igreja de Cristo, o povo escolhido de Deus.
a) A promessa do Poder
Em Atos 1.8, está uma da afirmações de Cristo no estabelecimento da Grande Comissão, afirmação esta que evidenciava o caráter do trabalho que Jesus esperava dos seus discípulos, especialmente no poder que os mesmos precisariam para uma tarefa tão desafiadora.
A promessa do Espírito Santo era algo fundamental para os discípulos no estabelecimento da Igreja, para que a mesma pudesse cumprir o seu papel missionário “até aos confins da terra”.
b) O cumprimento da promessa
Para alguns teólogos, o capítulo 2 de Atos, que narra a descida definitiva do Espírito Santo para ficar com o povo de Deus, tem sido chamado de “a narrativa das dores de parto nascimento da Igreja”.
Verdadeiramente o que aconteceu no dia de Pentecostes em Jerusalém, foi o nascimento da Igreja que Cristo prometera edificar ( Mt 16.18). A promessa se cumpriu, e o Senhor edificou um novo povo, a Igreja viva que fora comprada pelo precioso sangue do Cordeiro Cristo, mas que agora é selada pelo poder do Espírito Santo de Deus presente para sempre na Igreja.
c) Cumprido o seu propósito missionário
É significativo o modo como o Soberano Deus procura nos ensinar através de todos os acontecimentos em nossa vida.
Os acontecimentos de Atos – 2.1-4 não poderiam passar despercebidos porque Deus, assim, os preparara, para que a Igreja de Cristo já nascesse uma Igreja Missionária.
1 – A data escolhida
“Ao cumprir-se o dia de Pentecostes”
Festa das semanas celebradas sete semanas após a páscoa.
Momento de grande ajuntamento em Jerusalém.
2 – Os povos em Jerusalém
Pelo menos dezesseis povos diferentes ouviram a pregação dos discípulos naquele dia. Atos 2.5-11.
3 – A Pregação de Pedro
A presença dos povos, ouvindo cada um na sua própria língua, e a pregação de Pedro no dia de Pentecostes ( 2.21,39) mostra-nos que a Igreja cristã já nasceu fazendo missões.
NOTA IMPORTANTE | ||
Analisando a realidade missiológica de Atos, 2 missiológo Samul Rowen faz as seguintes afirmações: 1. A perdição da humanidade não é a base adequada par a realização de missões; 2. A necessidade do mundo é uma verdade, mas não é base adequada para missões; 3. A grande Comissão é uma verdade, mas não é a principal motivação para missões; Logo: – Mesmo tendo o alvo, a estrutura e a direção pela Grande Comissão, a Igreja precisava de “VIDA PARA CAMINHAR”, o que só aconteceu em Pentecostes com a descida definitiva do Espírito sobre a Igreja. | ||
II – ACOMODAÇÃO E DISCIPLINA DA IGREJA
Embora experimentando um espantoso crescimento logo no dia do seu nascimento, e nos dias que se sucederam a, Igreja de Cristo logo precisou de uma série de intervenção do Altíssimo para voltar ao rumo da sua real história.
a) Acomodação apesar do crescimento
Quase três mil pessoas no primeiro dia de vida! Isto é impressionante! Contudo, o crescimento era constante. “… acrescentava-lhes o Senhor , dia a dia…” ( 2.41,47).
Logo o número de cristãos atingia cinco mil pessoas ( At 4.4)
Preste bem atenção !
“… crescia a Palavra de Deus e EM JERUSALÉM, se multiplicava o número dos discípulos”. (6.7)
A expressão EM JERUSALÉM detecta uma grande falha na perspectiva devida da obra missionária por parte da Igreja. Jerusalém era só o começo . Jesus dissera: “… em Jerusalém, até que do alto sejais revestidos do poder”. A Igreja acomoda-se em Jerusalém, a perspectiva dos confins da terra estava aparentemente esquecida.
b) Disciplina mesmo em meio ao crescimento
Uma Igreja que cresce, quando não cumpre o seu papel integral, também está passível de disciplina por parte do Senhor.
Jesus dissera: “Jerusalém, Judéia, Samaria e até ao confins da terra”. As expressões “tanto em”, “como”, “e até”, mostram-nos a grande responsabilidade da igreja no cumprir a Grande Comissão.
A patente desobediência da igreja implicou numa ação disciplinadora por parte do Altíssimo.
A porta desta ação disciplinadora de Deus para com a Sua Igreja foi aberta com a morte de Estevão, após o seu ousado discurso diante do sinédrio. Deste modo, “naquele mesmo dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém” (8:1).
A perseguição foi a maneira sábia, apesar de dura, de Deus disciplinar a Sua igreja fazendo-a corrigir o erro que estava cometendo.
III. JUDÉIA E SAMARIA – PRIMEIRO SINAIS DE EXPANSÃO
“… e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria” (8:1).
Evidentemente, em conseqüência da disciplina divina, a igreja começa a dar os primeiros sinais de expansão missionária; a igreja começa a alargar as suas fronteiras.
a) O papel da liderança apostólica
“… exceto os apóstolos…” – No momento da dispersão, os apóstolos preferiram permanecer em Jerusalém.
Mesmo em Jerusalém estavam informados dos acontecimentos que estavam se desenvolvendo (8:14), assim enviaram Pedro e João, a Samaria, os quais evangelizaram muitas aldeias Samaritanas (8:25).
Após a consersão de Saulo, a igreja experimentou um tempo de paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria (9:13). Assim o apóstolo Pedro destacou-se pelo trabalho fora de Jerusalém (Lida, Jope e Cearéia).
b) O trabalho leigo nestas regiões
“… os que foram dispersos iam por toda parte pregando a Palavra” (8:4).
Há um destaque especial no trabalho desenvolvido por Felipe, não o apóstolo, mas o diácono.
Felipe caracterizou-se como um corajoso pioneiro, indo fazer em Samaria, abrindo caminhos para Pedro e João.
Convocado pelo Espírito para ir ao deserto, atendeu ao mandato e evangelizou o etíope.
Após o contato com o etíope, Felipe foi levado pelo Espírito Santo até Azoto, donde seguiu pela costa evangelizando até chegar a Cesaréia.
c) Chegando um pouco além
Até o capítulo 11 de Atos, o lugar mais distante que a missão cristã havia chegado era Cesaréia (86 Km. de Jerusalém).
Contudo, a dispersão com a morte de Estevão levou alguns dos cristãos fugitivos um pouco mais longe, chegando até as regiões a Fenícia, Chipre e Antioquia, na Síria.
Ainda assim, anunciado palavra somente aos judeus (11.19).
IV – NASCE UMA IGREJA MISSIONÁRIA
Entre os dispersos de Jerusalém havia alguns que eram de Chipre e de Cirene. Chegando estes a Antioquia da Síria, tomaram a decisão de anunciar o evangelho também aos gregos.
Mesmo com as experiências vividas por Pedro e confirmadas pelos apóstolos (11.18), a visão da Igreja ainda era alcançar os judeus.
Uma nova visão começa a brotar em Antioquia quando os gentios começam a se converter. O fato foi tão extraordinária que logo a notícia do crescimento de uma Igreja que nascera entre os gentios, chegou até os apóstolos em Jerusalém.
Em Antioquia nasce a primeira igreja neotestamentária cuja base de origem já é a tarefa missionária. A mão do Senhor abençoou, o número de convertidos crescia, e a igreja precisava de um pastor para apascentar o rebanho. Barnabé foi enviado, mas logo percebeu a necessidade de um auxiliar, e foi buscar Paulo. Assim, os dois procuraram fortalecer na fé a quem era da comunidade.
Nasce uma igreja missionária … não uma igreja judaizante, mas sim uma igreja cristã. “… em Antioquia os discípulos foram pela primeira vez chamados cristãos”. (11.26)
Há muito o que se aprender com uma igreja missionária, como igreja em Antioquia.
a) Um testemunho eficaz (11.26)
Os crentes da Antioquia foram chamados “pequenos Cristos”, o que representa uma séria encarnação do caráter de Cristo em suas vidas, tornando-se testemunhas eficazes.
b) Um coração generoso (11. 27-30)
A perdição do profeta Ágabo sensibilizou a igreja em Antioquia, e assim, enviaram generosa ajuda aos irmãos da Judéia.
c) Um ministério descentralizado (13.1)
O pastorado em Antioquia começou com Barnabé que trouxe Paulo, e agora encontramos três outros líderes cuidando da Igreja com eles.
Não somente a descentralização, mas fica claro a diversificação. “Profetas e mestres” – O que nos revela que havia uma espécie de colegiado pastoral naquela igreja.
d) Sensibilidade à voz do Senhor (13.2)
A palavra de Deus nos ensina que não é possível ouvir a voz do Senhor se não estamos purificados, consagrados e absolutamente comprometidos com ele.
Servindo – reflete um sério comprometimento com a adoração constante na vida diária.
Jejuando – Um caráter de humilhação, relevância e consagração piedosa ao Senhor.
Quando a verdadeira adoração é constante é no serviço a Deus, e a consagração piedosa é percebida na humilhação do jejum, então o espírito de Deus tem liberdade para falar.
e) Disponibilidade em dar o melhor (13.2-3)
Disse o Espírito Santo: “Separai-me a Barnabé e a Saulo para obra que vos tenho chamado”.
Está evidente que Deus nos pede o melhor para a Sua obra, a questão é se estamos dispostos a oferecer o nosso melhor.
Antioquia ofereceu o seu melhor e os resultados foram maravilhosos por meio do senhor da Seara.
f) Envolvimento sério com a oração (13.3)
“Então, jejuando e orando …” – uma igreja missionária não negligencia o seu ministério d oração em nenhum momento, especialmente em se tratando de decisões com respeito ao trabalho de missões.
g) Comprometimento com os missionários (13.3)
“E impondo sobre eles as mãos, os despediram”.
O gesto da imposição de mãos implica em sérios compromissos por parte da igreja. Um compromisso com Deus e um compromisso com o missionário.
Missões não é um trabalho isolado, mas uma tarefa que envolve duas partes: A igreja e o missionário.
h) Atenciosa aos resultados do trabalho (14.26,27)
É fundamental para a igreja as informações do trabalho realizado pelos missionários. Isto anima, fortalece e aviva o coração do povo a continuar cuidando dos missionários e da obra.
i) Mantém a motivação missionária (15;36; 18.22,23)
A igreja que se compromete com a tarefa missionária sempre caminha para a frente neste propósito.
Como conseqüência desse ardor missionário constante, a igreja em Antioquia tornou-se a verdadeira igreja missionária que emergiu no contexto histórico de Atos dos Apóstolos, segundo a expressiva narrativa de Lucas.
Todo o alcance do mundo gentílico neotestamentário tem origem na obediência irrestrita da igreja em Antioquia, bem como na manutenção de sua motivação missionária.
RESUMO FINAL DA UNIDADE LIÇÕES PRINCIPAIS
1. O livro de Atos apresenta-se como o fiel registro da maravilhosa ação do Espírito Santo na obra missionária desenvolvida pela igreja nos primeiros anos de sua existência.
2. Muitos teólogos e missiólogos defendem que a narrativa de Atos 2 constitui-se nas “dores de parto do nascimento da Igreja” que Cristo prometera edificar (Mr. 16:18).
3. A Igreja do Senhor Jesus Cristo, selada pelo Espírito Santo da promessa, com o poder que lhe fora outorgada pelo mesmo, nasceu num contexto transcultural de missões.
4. A descida do Espírito Santo sobre a Igreja evidencia a vida de Deus para que a mesma caminhe pelo mundo na proclamação da Sua glória.
5. Mesmo em meio ao crescimento evidente, se há acomodação em cumprir o propósito eterno do Senhor, certamente Ele irá requerer a fidelidade da igreja.
6. Após a perseguição que começou com a morte de Estevão, o papel do missionário leigo foi determinante na extensão da obra missionária. “Cada cristão um testemunha” (Stephen Neill). “Nesta época, todo cristão era um missionário” (John Foxe).
7. “Em Antioquia, foram os discípulos chamados de Cristãos”- Aqui nasce a primeira igreja genuinamente cristã do Novo Testamento, uma igreja não judaizante.
Verdadeiramente a primeira igreja neotestamentária, absolutamente envolvida e comprometida com a tarefa da grande comissão foi a igreja de Antioqia.
BIBLIOGRAFIA
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CAINERS, Earle E. O Cristianismo através dos Séculos. São Paulo/SP, VIDA NOVA, 1990.
QUESTIONÁRIO BÁSICO
Questões do VT:
01) Qual a grande verdade que aprendemos com o fato de que o Deus de Abraão é o “Senhor de Missões”?
02) Qual a relação entre Eleição e Serviço?
03) Quais os aspectos principais da Posteridade no cumprimento presente da Aliança Abraâmica?
04) Qual a importância de Gênesis 12 na universalidade da mensagem do VT?
05) Qual a relação ente ELOHIM e JAVÉ na missiologia véteto-testamentária?
06) Como os salmistas trabalha a idéia da Esperança Messiânica nos Salmos?
07) Qual o principal Papel Missiológico desenvolvido pelos profetas menores?
08) Fale sobre o Deus de Abraão como o Senhor da História.
09) Comente uma das lições missiológicas de Jonas para os seus ouvintes.
10) Comente os aspectos principais da missiologia vivida por Daniel.
Questões do NT:
01) Que fato missiológico é notado na Igreja Nascente?
02) Qual a relação entre Atos 1:8 e Atos 8:1?
03) Qual a razão de se dizer que em Antioquia nasce uma Igreja não judaizante?
04) Quais as características que fizeram de Antioquia uma igreja missionária?
05) Qual a razão de se dizer que o Espírito Santo é a vida para a Igreja caminhar?
06) Como podemos perceber a universalidade da Missão de Cristo no seu ministério terreno? Explique.
07) Qual o resumo da missiologia Joanina quanto à vinda do Messias Cristo?
08) Como os evangelistas evidenciam a missão cosmológica do Senhor?
09) Explique a nossa participação no Projeto Divino da nova criação?
10) Baseado nos textos da Grande Comissão, elaborar a sua própria definição de missões?
0 comentário em “Missões no Antigo e Novo Testamento”
Meu colega de Ministério obrigado pelos ensinamentos isto tem me ajudado muito no conhecimento , a favor do Evangelho..Pr.,ALTAIR SILVA
Obrigada por esta rica e abençoada mensagem, ensinamentos de missões …
Posso copiar o conteúdo dessa apostila de missões no AT e NT, para vender?