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Água Viva em Tempos de Sede Espiritual

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Texto bíblico base: Apocalipse 22:1-5, 17

Introdução

Vivemos dias em que a alma humana parece atravessar desertos. Ainda que cercados por tecnologia, conforto e conexões digitais, cresce em muitos corações uma sede que a rotina não consegue apagar. Há um cansaço invisível que não se cura com férias, uma ansiedade que não se dissolve com entretenimento. Como disse Clarice Lispector, “minha alma tem sede do que não sei. Só sei que não é daqui.” É esse tipo de sede que muitos tentam calar com distrações, trabalho em excesso ou relações superficiais. Mas no fundo, sabem: nenhuma dessas fontes mata a sede verdadeira.

É exatamente nesse cenário de saturação e vazio que a Palavra de Deus nos leva até o último capítulo da Bíblia, Apocalipse 22. E o que encontramos ali não é uma ameaça ou apenas uma previsão do fim, mas um convite profundo, urgente e carregado de ternura: “Quem tem sede, venha, e receba de graça a água da vida.” Diante de um mundo que oferece muitas ilusões, Deus revela a verdadeira fonte — uma que flui eternamente do trono do Cordeiro, limpa, abundante e suficiente.

Para compreender a profundidade dessa promessa, é essencial considerar o contexto dos primeiros leitores do Apocalipse. João escreve durante um período sombrio da história cristã, exilado na ilha de Patmos, enquanto as igrejas da Ásia Menor enfrentavam perseguição brutal, pressões culturais esmagadoras e heresias internas. Era o tempo do imperador Domiciano, que exigia adoração e lealdade total ao Estado, transformando os cristãos em alvos por sua fidelidade exclusiva a Cristo. Em meio ao medo, à violência e à tentação de desistir, a imagem de um rio de água viva surgindo do trono de Deus era mais que uma esperança distante — era uma âncora para o agora. Um lembrete de que, mesmo sob opressão, havia uma fonte de vida acessível, uma realidade espiritual que não podia ser tocada por Roma, pela prisão ou pela morte.

Essa realidade é tão viva hoje quanto era naquele tempo. Nossas perseguições podem ser diferentes, mas as secas da alma são tão intensas quanto. E assim como uma planta ressequida se curva e murcha sob o sol abrasador, nossas vidas perdem cor, propósito e força quando nos afastamos da Fonte. A água viva descrita em Apocalipse 22 é como uma chuva que toca fundo, penetra o solo da alma e devolve a vitalidade. Onde havia desânimo, brota esperança. Onde havia estagnação, nasce fruto.

O poeta George Herbert, em seu poema “A Roldana”, capta essa tensão espiritual com beleza teológica. Ele imagina Deus dando ao homem todos os dons, menos o descanso, para que a inquietação o trouxesse de volta ao peito do Criador. “Se a bondade não os atrai, que o cansaço os arremesse ao meu peito,” escreve ele. Esse cansaço — essa sede inexplicável — é, muitas vezes, o puxão gracioso de Deus, nos chamando de volta para Ele.

Ao nos aproximarmos da mesa da Ceia, esse chamado se torna ainda mais vívido. Não participamos desse momento apenas por tradição ou rito, mas porque reconhecemos que somos, todos nós, sedentos. E que a única água que verdadeiramente sacia não vem do mundo, mas do trono de Deus. Hoje, Ele continua dizendo: “Venha.” Não importa há quanto tempo você anda pelo deserto. Ainda há fonte. Ainda há graça. Ainda há água.

1. O Rio da Água da Vida: Fonte que Nunca Seca

Apocalipse 22:1-2 — Bíblia Século 21 (A21): 1 Então o anjo mostrou-me o rio da água da vida, claro como cristal, que saía do trono de Deus e do Cordeiro. 2 No meio da praça da cidade. De ambos os lados do rio estava a árvore da vida, que produz doze frutos, de mês em mês; e as folhas da árvore são para a cura das nações.

A.W. Tozer certa vez disse: “Deus nunca prometeu que não passaríamos por desertos, mas garantiu que, em meio à aridez, Sua fonte estaria sempre disponível para quem O busca de todo o coração.” Essa afirmação ecoa poderosamente nas últimas páginas da Escritura, onde João, exilado em Patmos, contempla o cenário final da história da redenção. Ali, em Apocalipse 22:1-2, ele descreve uma visão gloriosa: um rio puro, cristalino, fluindo diretamente do trono de Deus e do Cordeiro. Essa imagem não é apenas poética, mas teológica e pastoral. Ela fala de uma fonte eterna, sempre jorrando, que revela o caráter de um Deus que é, por essência, doador da vida.

O texto apresenta esse rio como elemento central do novo céu e da nova terra. Diferente dos rios terrenos que secam com o tempo ou são contaminados pela ação humana, o rio que João vê é imaculado, constante e nasce da própria presença de Deus. O fato de ele brotar do trono comunica uma verdade profunda: a verdadeira vida espiritual, abundante e eterna, procede unicamente de Deus e de Cristo, o Cordeiro. Esse rio não apenas refresca, mas fertiliza tudo ao seu redor. Às suas margens, cresce a árvore da vida, símbolo do acesso contínuo à graça divina, restaurando o que foi perdido no Éden (cf. Gênesis 2:9; 3:22-24).

Essa cena de Apocalipse remete a outras passagens das Escrituras que falam de águas vivas como representação da presença vivificante de Deus. Em Ezequiel 47:1-12, o profeta também vê um rio que sai do templo e cura tudo por onde passa. Jesus, em João 7:37-38, convida os sedentos a virem a Ele, prometendo que “do interior daquele que crê fluirão rios de água viva”. Paulo, em Tito 3:5-6, descreve a salvação como uma regeneração pelo Espírito, derramado abundantemente por meio de Jesus Cristo. Todas essas imagens convergem para afirmar: a sede espiritual do ser humano só pode ser saciada pela graça que flui do próprio Deus.

Em tempos de escassez emocional e desorientação espiritual, muitos buscam saciedade em fontes poluídas — sejam ideologias, prazeres momentâneos, status ou promessas de autossuficiência. No entanto, esses “poços salgados” apenas intensificam a sede da alma. Como numa analogia simples, beber água do mar não alivia a sede; pelo contrário, agrava a desidratação. Assim também, a alma que tenta se nutrir de substitutos do Espírito termina mais seca, mais confusa, mais distante da paz. A fonte de Deus, porém, é diferente: ela purifica, alimenta e transforma.

Charles Spurgeon observou com propriedade: “A água viva não é apenas para o futuro glorioso, mas para o agora: cada gota recebida do trono de Deus é suficiente para transformar o desespero em esperança, e a fraqueza em força.” Essa é uma verdade que precisa ser redescoberta pela Igreja e proclamada ao mundo. Não é preciso esperar a eternidade para experimentar a renovação da alma. A água da vida já está disponível, derramada sobre nós pelo Espírito Santo, e pode ser acessada hoje, pela fé em Cristo, pela Palavra, pela oração e comunhão.

Portanto, a aplicação prática dessa visão de Apocalipse é urgente: precisamos parar de buscar saciedade em fontes quebradas e se voltar à única fonte que nunca seca. Isso significa desenvolver uma vida devocional constante, cultivar uma sede saudável por Deus e reconhecer que, fora d’Ele, tudo é miragem. É tempo de voltar ao trono, de beber profundamente dessa graça e deixar que o rio da vida flua também através de nós para um mundo que, sedento e desiludido, ainda desconhece a fonte eterna.

2. Esperança que Transforma: O Futuro que Motiva o Presente

Apocalipse 22:3-5 — Bíblia Século 21 (A21): 3 Ali jamais haverá maldição. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro; seus servos o servirão, 4 e verão a sua face, e na testa deles estará o seu nome. 5 Não haverá mais noite, e não precisarão de luz de lâmpada nem da luz do sol, porque o Senhor Deus os iluminará, e eles reinarão pelos séculos dos séculos.

Já se sentiu perdido na escuridão, esperando ansiosamente pelo amanhecer, por uma luz no fim do túnel? Muitos vivem assim, cercados por incertezas, doenças, lutos, violências e fardos silenciosos. O mundo moderno carrega tecnologias avançadas, mas arrasta consigo uma alma doente de desesperança. Cabe aqui esta frase: “Esperança é quando, de noite, você fecha os olhos e enxerga o dia.” — essa frase do poeta Guilherme de Almeida revela, com sensibilidade, o coração do que encontramos em Apocalipse 22:3-5. 

No trecho bíblico em foco, João nos apresenta uma realidade gloriosa: o fim de toda maldição, o fim da escuridão, e o pleno governo de Deus reinando com os seus servos. É significativo que a presença de Deus não apenas esteja entre os redimidos, mas que “eles verão o seu rosto” — algo impensável nas Escrituras, pois ver o rosto de Deus significava morte (Êxodo 33:20). No novo céu e nova terra, essa limitação desaparece, e os filhos de Deus desfrutam da intimidade plena com o Criador. Não haverá mais noite, não será mais necessário sol nem candeia, porque a glória do Senhor será a luz constante e perfeita. Essa imagem não é para o devaneio, mas para o encorajamento.

Essa esperança está longe de ser um tipo de alienação religiosa, como alguns críticos sugerem. Na verdade, a Bíblia nos mostra que esperar pelo futuro de Deus fortalece o presente. Paulo escreve em Romanos 8:18: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.” Em 2 Coríntios 4:17-18, ele reforça que a leve e momentânea tribulação produz eterno peso de glória. Essas palavras, longe de minimizar a dor atual, apontam para a esperança como um peso oposto ao sofrimento, capaz de equilibrar e sustentar a vida.

Pensar nessa promessa pode ser comparado a receber uma carta de um pai amoroso que está voltando para casa. Apocalipse 22 funciona como essa carta: “Filho, estou chegando. Preparei um lugar para você. Aqui, não haverá mais dor. A luz que você buscava nas trevas está aqui. Estou te esperando.” Essa analogia mostra que, mesmo que o pai esteja temporariamente ausente, a certeza de sua volta molda o comportamento e o coração de quem espera. O futuro não é só uma linha no tempo — é um fundamento para resistir, um motivo para não desistir.

É nesse mesmo espírito que o teólogo John Piper afirma: “A esperança cristã é uma confiança segura e feliz na graça futura de Deus; essa confiança nos liberta da ansiedade e do medo, capacitando-nos a vivermos vidas de amor sacrificial e perseverança no presente.” Ou seja, esperar pela redenção não é fugir da realidade, mas enfrentá-la com coragem sobrenatural. É essa esperança que impulsionou mártires, sustentou missionários, fortaleceu mães em lágrimas, e anima crentes simples a viverem com fidelidade em meio às aflições.

Essa verdade foi também entoada em hinos antigos da fé. O clássico “Sou Feliz com Jesus” (It Is Well With My Soul) expressa uma alegria inexplicável mesmo em meio a perdas e lutas:
“Se paz a mais doce me deres gozar,
Se dor a mais forte sofrer,
Oh! Seja o que for, Tu me fazes saber:
Que feliz com Jesus sempre sou.”

O autor desse hino, Horatio Spafford, escreveu essas palavras logo após uma das maiores tragédias pessoais já registradas na história da música cristã. Em 1873, após perder boa parte de seus bens no Grande Incêndio de Chicago, Spafford enfrentou uma dor ainda mais profunda: o naufrágio do navio em que estavam sua esposa e suas quatro filhas. Apenas sua esposa sobreviveu. Quando Spafford atravessou o Atlântico para encontrá-la, o capitão do navio lhe mostrou o ponto exato onde suas filhas haviam se afogado. Foi ali, sobre as águas do luto, que ele escreveu este hino, como um testemunho de fé inabalável em meio à devastação emocional.

A serenidade da letra — “Sou feliz com Jesus, meu Senhor” — não vem de uma vida sem sofrimento, mas de um coração firmado na certeza de que o fim será glorioso, porque Cristo venceu e voltará. O hino ecoa Apocalipse 22 com a doçura da fé: nada mais vai doer, porque o Cordeiro reinará, e os seus servos viverão em luz.

A aplicação prática dessa esperança é simples, mas poderosa: Precisamos lembrar todos os dias que a nossa dor tem prazo de validade. Mesmo que as noites pareçam longas, a manhã virá — e trará consigo a luz que não se apaga. Em vez de viver paralisado pelo medo ou vencido pelo desânimo, devemos carregar no peito essa promessa como uma tocha que clareia o caminho, ainda que envolto em trevas. A esperança cristã não é uma emoção passageira, mas uma âncora firme que nos impede de naufragar nos mares da dor. Quem crê no que está por vir pode viver com fé e firmeza no que está agora.

3. A Urgência do Agora: Não Deixe para Depois

Apocalipse 22:12-14 — Bíblia Século 21 (A21): 12 “Eis que venho em breve! A minha recompensa está comigo, e retribuirei a cada um de acordo com o que fez.  13 Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. 14 Bem-aventurados os que lavam as suas vestes, para que tenham direito à árvore da vida e possam entrar na cidade pelas portas.”

Sabe aquela sensação de deixar tudo para a última hora? A declaração de imposto, o trabalho da faculdade, aquela visita importante… A gente empurra com a barriga, acreditando que o “depois” sempre estará disponível. Mas e se o depois nunca chegar? 

Em Apocalipse 22:12-14, Jesus encerra a revelação com um aviso urgente, direto, quase como o som de um alarme espiritual: “Eis que venho sem demora!”. Não é uma figura de linguagem dramática. É uma realidade que exige uma resposta imediata. A vida eterna não é algo para ser agendado; é para ser abraçada agora.

No texto, Jesus fala como Senhor soberano da história: Ele é o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Quando diz que vem “sem demora”, o grego carrega a ideia de algo repentino, inesperado, que pode ocorrer a qualquer instante. Não se trata de prever datas, mas de viver em estado de prontidão. O aviso é claro: com Ele vem o galardão, a recompensa ou juízo para cada um segundo suas obras. Aqui, não há espaço para neutralidade. Cada escolha presente reverbera na eternidade. O tempo de agir é o agora — adiar é assumir o risco de ficar do lado de fora quando a porta se fechar.

Essa urgência é reforçada pela bem-aventurança do verso 14: “Bem-aventurados os que lavam as suas vestes, para que lhes assista o direito à árvore da vida”. A imagem de lavar as vestes fala de conversão, arrependimento, purificação no sangue do Cordeiro. É uma ação que não pode ser postergada. O privilégio de entrar na cidade e acessar a árvore da vida — símbolo da comunhão eterna com Deus — é reservado para os que tomam essa decisão agora. O contraste com os que ficam de fora, citados no verso seguinte (v.15), mostra que a graça está disponível, mas não será imposta. A recusa da luz é, por si só, uma escolha pelas trevas.

Esse chamado urgente ressoa por toda a Escritura. Isaías 55:6 já dizia: “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.” Em Hebreus 3:15, ouvimos: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o coração.” 

A fé cristã é profundamente enraizada no “hoje”. Como disse Martinho Lutero: “A fé agarra Cristo aqui e agora. Não é uma esperança vaga para o futuro, mas uma confiança presente que nos justifica diante de Deus hoje.” O evangelho é uma urgência amorosa. Não é ameaça, mas convite: venha agora, porque o trem da graça já está apitando para partir.

Essa cena pode ser bem ilustrada com a analogia do último trem: a vida é como estar numa estação e o trem da eternidade com Deus está prestes a partir. Jesus anuncia: “Venho sem demora!” — é o apito final. Não se pode ficar na plataforma, indeciso, negociando a passagem para outro dia. A porta está aberta agora, mas não para sempre. E, uma vez fechada, não há mais embarque. O arrependimento tardio é real, mas não será eficaz após a partida.

A poesia também tem o poder de tocar esse tema com leveza e verdade. Um clássico de Robert Herrick dizia: “Colham os botões de rosa enquanto podem, pois o tempo voa.” Embora secular, essa ideia se espiritualiza perfeitamente em Isaías 55:6 e Apocalipse 22. É como se o Espírito dissesse: “A beleza da graça está diante de você agora. Não espere o jardim murchar para querer colhê-la.” A eternidade começa com uma escolha feita no tempo. E essa escolha não é feita amanhã — é feita hoje.

Na prática, a urgência do agora exige uma decisão que transcende a religião. Significa que devemos parar de adiar aquilo que sabmos que Deus já nos pediu. Precisamos sair da neutralidade, do cristianismo de vitrine, e mergulhar com sinceridade na fonte da vida. Significa reconhecer que a sede da alma não pode esperar uma agenda mais favorável. A Ceia que celebra hoje, o louvor que canta, a oração que faz — tudo isso só tem sentido se estiver alinhado com uma entrega real. O tempo da salvação não é ontem, nem amanhã. É agora.

4. Convite para os Sedentos: Graça para Todos

Apocalipse 22:17: “O Espírito e a noiva dizem: Vem! E quem ouve, diga: Vem! Quem tem sede, venha; e quem quiser, receba de graça a água da vida.”

Há convites que transformam vidas. Um simples “venha” pode mudar o rumo de uma história inteira. Em Apocalipse 22:17, no fechamento majestoso das Escrituras, ressoa um convite que atravessa os séculos e alcança o mais profundo do coração humano: “O Espírito e a noiva dizem: Vem!” Essa frase é o clímax do clamor de Deus por seus filhos perdidos, uma convocação carregada de ternura, urgência e universalidade. Não é um chamado para os fortes, nem para os prontos — é para os sedentos. É para quem sabe que precisa, para quem reconhece que, sozinho, não vai longe. É o Evangelho em sua forma mais direta e amorosa: “Quem quiser, receba de graça a água da vida.”

Esse versículo reúne o Espírito Santo e a Igreja (a noiva) em um mesmo apelo. É como se céu e terra se unissem em coro, gritando à humanidade: “Venham!”. Não há exigência de boas obras prévias, nem listas de méritos espirituais. O único critério é a sede. E a única exigência é a vontade. É graça pura, imerecida, oferecida sem custo — mas com um valor infinito. A expressão “de graça” não significa que é barata, mas que foi paga integralmente por Cristo na cruz. Tudo que o homem precisa fazer é desejar, e vir.

Esse chamado encontra eco em outras partes das Escrituras. Em Isaías 55:1, o profeta clama: “Ah! Todos vós que tendes sede, vinde às águas!” Jesus, em João 7:37, repete esse convite: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba.” Essas passagens revelam que a sede espiritual é uma realidade universal, e Deus, desde sempre, se coloca como a fonte inesgotável capaz de saciar a alma. Ele não rejeita os sedentos — Ele os procura. Ele não espera perfeição — Ele estende a mão ao imperfeito.

A analogia de um banquete real pode ilustrar bem essa cena. Imagine um rei grandioso que, ao preparar um banquete extraordinário, não restringe o convite aos nobres ou aos justos, mas envia mensageiros por toda parte: vielas, campos, becos. Os convidados não são os preparados, mas os famintos. Não os limpos, mas os carentes. É isso que a graça faz — ela vira a lógica do mundo de cabeça para baixo. No Reino de Deus, o lugar à mesa não é conquistado, é oferecido. E só quem reconhece sua necessidade é capaz de aceitar. 

Como afirmou D.L. Moody: “A graça de Deus não escolhe os dignos. Ela escolhe os sedentos.” Essa frase resume o espírito de Apocalipse 22:17. O convite é universal, mas só os humildes o aceitam. Só quem cansa de beber de cisternas rotas — status, prazer, religiosidade vazia — reconhece o valor de uma fonte viva e limpa.

No mundo de hoje, onde o individualismo, a performance e o medo do fracasso criam barreiras para a graça, essa mensagem é libertadora. Deus não exige currículo espiritual. Ele não espera que ninguém resolva sua vida antes de vir. O convite não é para quando estiver bem, mas justamente para quando a alma está seca, pesada, esgotada. E mais: o convite permanece aberto enquanto é hoje. A mesma graça que salva também transforma, e ela está disponível aqui e agora.

Na prática, essa realidade muda tudo. Isso significa que aquele homem que caiu pode levantar. A mulher que carrega culpa há anos pode recomeçar. O jovem que se sente perdido pode encontrar direção. Ninguém está longe demais para ser alcançado por essa voz que diz: “Vem.” Participar da Ceia, nesse contexto, é responder ao convite — não como alguém que merece estar ali, mas como quem reconhece que foi alcançado por essa graça imerecida e abundante.

O Espírito ainda diz: “Vem.” A Igreja ainda diz: “Vem.” A pergunta que permanece é: Quem aceitará o convite? Porque a mesa está posta, a fonte está jorrando, e a porta está aberta. Que ninguém diga depois que não foi chamado.

Conclusão

A vida pode, sim, ser árida. Em certos momentos, sentimos como se estivéssemos atravessando um deserto interior, cansados, desorientados, com a alma ressecada por dentro, mesmo quando tudo ao nosso redor parece normal. Mas Apocalipse 22 nos lembra com ternura e firmeza: há uma fonte aberta — disponível, gratuita, abundante e eterna. A última palavra de Deus nas Escrituras não é juízo, é convite. Um chamado universal e generoso: “Quem tem sede, venha; e quem quiser, receba de graça a água da vida.”

Essa frase, entoada no fechamento da Bíblia, é um eco que atravessa os séculos e chega até nós agora. O que faremos com esse eco? Ignorá-lo? Deixá-lo se afogar no barulho das nossas rotinas e distrações? Ou acolhê-lo como a resposta que sempre buscamos para essa sede que nem conseguimos explicar, mas que insiste em nos acompanhar? O convite não é só para quem está longe de Deus, é também para nós, que tantas vezes esquecemos de beber da Fonte e tentamos viver de aparências ou de migalhas emocionais.

Imagine uma fonte pública, com uma torneira aberta dia e noite, jorrando água limpa, fresca, disponível a quem quiser beber. A imagem é simples, mas profundamente espiritual. A nossa tarefa, depois de beber, não é monopolizar essa água nem tentar transformá-la em produto de controle ou barganha. Nosso papel é simplesmente apontar: “A fonte está ali. Corre, vai beber!” Ser canal da Água Viva é isso — é viver com o coração saciado e, ao mesmo tempo, atento a quem ainda está vagando por aí, tentando matar sua sede em poços contaminados.

Então, eis a pergunta que resta: o que você fará a respeito? A água está disponível. A Fonte está aberta. A mesa está posta. Você vai sair do mesmo jeito que chegou? Ou vai renovar seu compromisso de beber profundamente, diariamente, dessa graça que jorra do trono de Deus? Porque não basta conhecer a Fonte. É preciso buscá-la. Não basta ter sede. É preciso reconhecê-la. E mais: não basta saciar-se. É preciso se tornar um canal.

Há pessoas ao seu redor — amigos, familiares, colegas de trabalho — vagando por desertos, bebendo de fontes quebradas, cansadas de procurar sentido. E você? Você já sabe onde está a verdadeira água. Não guarde só para si. Leve esperança. Leve refrigério. Aponte para a Fonte.

Se o mundo está sedento, que você seja sinal de água. Que, ao sair daqui, seu coração esteja tão cheio da graça de Deus que transborde — não apenas para sobreviver, mas para servir. Porque a missão dos saciados é simples: convidar outros a beber.

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“Dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos dará; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também.” Lucas 6:38

SOBRE O AUTOR:
Josias Moura de Menezes

Possui formação em Teologia,  Análise e Desenvolvimento de Sistemas e Licenciatura em Matemática. É especialista em Marketing Digital, Produção de Conteúdo Digital para Internet, Tecnologias de Aprendizagem a Distância, Inteligência Artificial e Jornalismo Digital, além de ser Mestre em Teologia. Dedica-se à ministração de cursos de capacitação profissional e treinamentos online em diversas áreas. Para mais informações sobre o autor veja: 🔗Currículo – Professor Josias Moura

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