Índice
TEXTO BASE: 1 Co 6.12-20
INTRODUÇÃO
Falar sobre sexo com os filhos é um dos assuntos mais delicados e desafiadores na relação entre pais e filhos. Em uma sociedade tão sexualizada, é tentador acreditar que quanto menos se falar, melhor. Porém, cedo ou tarde, nossos filhos estarão expostos a esses estímulos, seja através da mídia, amigos ou aulas de educação sexual. Como pais cristãos, não podemos nos omitir, mas devemos assumir nosso papel de orientar nossos filhos segundo os princípios da Palavra de Deus. Vamos aprender juntos como fazer isso.
O apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 6, nos dá importantes lições sobre como enxergar o sexo pela ótica de Deus. Vamos extrair 3 princípios fundamentais deste texto.
I. LIBERDADE COM LIMITES (v.12-13)
O apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 6.12-13, nos alerta sobre os limites da liberdade cristã em relação à sexualidade. Ele afirma: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas. Os alimentos são para o estômago e o estômago para os alimentos; mas Deus aniquilará tanto um como os outros. Porém, o corpo não é para a prostituição, mas para o Senhor, e o Senhor para o corpo.”
O sexo é um maravilhoso presente de Deus para a humanidade, criado para ser desfrutado dentro dos limites do casamento entre um homem e uma mulher (Gênesis 2.24-25). Contudo, quando o prazer sexual se torna um ídolo em nosso coração, ocupando o lugar que pertence somente a Deus, ele pode se tornar destrutivo e trazer consequências negativas para nossa vida.
Assim como um trem só é verdadeiramente livre quando está nos trilhos, cumprindo o propósito para o qual foi criado, nossa liberdade sexual só é genuína quando vivida dentro dos parâmetros estabelecidos por Deus. O teólogo John Stott afirmou sabiamente: “A liberdade cristã não é liberdade para pecar, mas liberdade para servir a Deus e aos outros em amor.”
Portanto, como pais e educadores, temos a responsabilidade de ensinar aos nossos filhos que há limites para a liberdade sexual. Que o sexo é um tesouro a ser valorizado e guardado para o contexto do matrimônio. Que nosso corpo pertence a Deus e deve ser usado para glorificá-lo, não para satisfazer desejos egoístas e pecaminosos. Somente assim eles poderão desfrutar da verdadeira liberdade e realização que Deus planejou para a sexualidade humana.
Auxílios pedagógicos para o professor da parte I
Dicas para ajudar o aluno se aprofundar:
- Incentive os alunos a refletirem sobre o conceito de liberdade sexual dentro dos limites estabelecidos por Deus. Como conciliar o desfrute da sexualidade com os princípios bíblicos?
- Proponha um debate sobre como a cultura atual lida com a questão da liberdade sexual. Quais as consequências de uma sexualidade sem limites?
- Peça que os alunos escrevam uma redação sobre o que significa viver a sexualidade para a glória de Deus, respeitando o propósito divino para o sexo.
Visão psicológica do assunto:
A psicologia reconhece a importância da sexualidade para o desenvolvimento saudável do ser humano. No entanto, também aponta que a busca desenfreada pelo prazer sexual, desconectada de um contexto de amor e compromisso, pode levar a comportamentos compulsivos e prejudiciais à saúde mental e emocional. Estabelecer limites é fundamental para viver a sexualidade de forma equilibrada e realizadora.
Visão histórica do assunto:
Ao longo da história, diferentes culturas lidaram com a sexualidade de formas variadas. Enquanto algumas eram mais permissivas, outras impunham rígidos códigos morais. Com a revolução sexual dos anos 1960, houve uma grande mudança de paradigma, com a defesa da liberdade sexual e a quebra de tabus. No entanto, isso também trouxe novos desafios, como o aumento de doenças sexualmente transmissíveis e a banalização do sexo.
Curiosidades:
- Na decadente sociedade da antiga Grécia, a homossexualidade era vista com naturalidade, sendo comum a relação entre homens mais velhos (erastes) e jovens (eromenos) com fins pedagógicos e sexuais.
- Algumas tribos indígenas brasileiras, como os Kuikuro do Alto Xingu, não veem o sexo como tabu e o praticam livremente desde a puberdade, inclusive antes do casamento.Estas visões fogem ao padrão bíblico.
Pesquisa ou estatística interessante:
Um estudo realizado pela Universidade de Brigham Young, nos EUA, com 2.035 casais heterossexuais, revelou que aqueles que seguiam preceitos religiosos de abstinência sexual antes do casamento reportaram maior satisfação sexual e estabilidade conjugal do que aqueles que tiveram relações sexuais antes de se casar.
Perguntas para discussão:
- Como estabelecer limites saudáveis para a vivência da sexualidade nos dias de hoje?
- De que maneira a fé pode orientar as escolhas de um jovem cristão em relação ao sexo?
- Quais os riscos de se render a uma mentalidade de liberdade sexual irrestrita?
- Como o jovem cristão pode se posicionar diante da banalização do sexo na cultura atual?
- Que princípios bíblicos podem nortear uma visão equilibrada sobre sexualidade?
II. SEXO E ETERNIDADE (v.14)
O apóstolo Paulo, ao invocar a doutrina da ressurreição ao falar sobre pureza sexual, nos convida a refletir sobre a dimensão eterna de nossas escolhas sexuais. Embora muitas vezes enxerguemos a sexualidade apenas pela ótica do prazer momentâneo, a verdade é que nossas decisões nessa área têm repercussões que transcendem o aqui e agora.
Nesse sentido, o renomado teólogo C.S. Lewis, em seu livro “Cristianismo Puro e Simples”, nos lembra que “não há nada de tão insignificante que não possa ser oferecido a Deus”. Isso significa que até mesmo nossos desejos e ações sexuais devem ser orientados pela perspectiva da eternidade, buscando honrar a Deus e refletir Seu caráter em todas as áreas de nossas vidas.
Contudo, quando perdemos de vista a eternidade, corremos o risco de cair numa desordem sexual cujo foco se torna apenas o prazer presente, desconectado do propósito maior de Deus para a sexualidade. Isso pode nos levar a tirar o sexo do contexto do plano divino, colocando-o a serviço de nossos próprios desejos egoístas.
Portanto, como pais e educadores, precisamos ajudar nossos filhos a enxergar o sexo pela ótica da eternidade. Isso significa ensiná-los que nossa sexualidade não é um fim em si mesma, mas um meio de glorificar a Deus e de nos conectarmos profundamente com outra pessoa no contexto do matrimônio.
Afinal, como bem pontua o psicólogo cristão Dr. Juli Slattery, “o sexo nunca será um Éden, nem satisfará plenamente o coração”. Somente em Deus encontramos nossa verdadeira realização e propósito. Ao orientarmos a sexualidade de nossos filhos por essa bússola eterna, os capacitamos a tomar decisões sábias e edificantes, que honram ao Senhor e promovem seu crescimento integral.
Auxílios pedagógicos para o professor da parte II
Dicas para ajudar o aluno se aprofundar:
- Proponha uma reflexão sobre como nossas escolhas sexuais no presente impactam nossa vida eterna. Quais as consequências de uma sexualidade vivida fora dos princípios de Deus?
- Incentive os alunos a pesquisarem passagens bíblicas que relacionam sexualidade e eternidade, como 1 Coríntios 6:9-10 e Apocalipse 21:8.
- Peça que escrevam uma carta para seu “eu” do futuro, comprometendo-se a honrar a Deus com o corpo e a viver a sexualidade de acordo com Seus propósitos.
Visão psicológica do assunto:
A psicologia reconhece que nossas experiências e escolhas sexuais têm um profundo impacto em nossa saúde mental e emocional ao longo da vida. Traumas, abusos e relacionamentos destrutivos podem deixar marcas duradouras. Por outro lado, viver a sexualidade com integridade, dentro do plano de Deus, promove um senso de propósito, realização e completude que transcende o momento presente.
Visão histórica do assunto:
Ao longo da história da igreja, teólogos e pensadores cristãos refletiram sobre a relação entre sexualidade e eternidade. Santo Agostinho, no século IV, defendia que o sexo deveria ser praticado unicamente para procriação. Já no século XX, o teólogo C.S. Lewis propôs que a sexualidade humana é um reflexo do amor divino e aponta para nossa necessidade de união com Deus na eternidade.
Curiosidades:
- Algumas tradições cristãs, como os Shakers nos EUA do século XIX, praticavam o celibato completo por crerem que isso os preparava melhor para a vida eterna.
- Na Idade Média, acreditava-se que succubus (demônios femininos) e incubus (demônios masculinos) podiam ter relações sexuais com humanos, levando suas almas para o inferno.
Pesquisa ou estatística interessante:
Um estudo de 2019 com jovens evangélicos americanos revelou que 61% acreditam que sexo casual é moralmente errado, enquanto apenas 49% dos jovens adultos em geral compartilham dessa visão. Isso sugere que a fé cristã ainda exerce uma influência significativa nas atitudes em relação à sexualidade, com vistas à eternidade.
Perguntas para discussão:
- Como conciliar uma visão bíblica da sexualidade com a cultura hipersexualizada de nossos dias?
- De que maneiras práticas podemos usar nossa sexualidade para glorificar a Deus e investir na eternidade?
- Qual a relação entre santidade, pureza sexual e a vida eterna com Deus?
- Como uma perspectiva eterna pode nos motivar a fazer escolhas corretas na área da sexualidade?
- Que esperança o evangelho oferece para quem carrega marcas de uma sexualidade ferida pelo pecado?
III. TEMPLOS DO ESPÍRITO (v.15-20)
O apóstolo Paulo, em sua primeira carta aos Coríntios, nos apresenta uma verdade transformadora: nosso corpo é templo do Espírito Santo. Essa declaração carrega implicações profundas para a maneira como enxergamos e tratamos nossa corporeidade. Afinal, se o próprio Deus, por meio de Seu Espírito, habita em nós, isso confere ao nosso corpo um status de santidade e consagração.
Nesse sentido, o renomado teólogo John Stott afirma: “Nosso corpo não nos pertence. Ele pertence a Cristo, que o comprou por um alto preço. Portanto, devemos usá-lo não para nossa própria gratificação, mas para Sua glória”. Essa perspectiva nos convida a repensar a forma como lidamos com nossa sexualidade, buscando honrar a Deus em todas as esferas de nossa vida.
Contudo, em uma cultura que supervaloriza o prazer imediato e o hedonismo, esse chamado à santidade pode soar como um fardo pesado. Mas é justamente aí que reside a beleza do evangelho: não estamos sozinhos nessa jornada. O mesmo Espírito que habita em nós nos capacita a viver uma vida de pureza e integridade sexual. Como bem pontua o pastor Timothy Keller, “o poder transformador do evangelho não apenas nos liberta da condenação do pecado, mas também nos dá força para viver de maneira diferente”.
Portanto, como pais e educadores, precisamos orientar nossos filhos a honrarem a Deus com seus corpos, buscando a santidade em todas as áreas, inclusive a sexual. Isso implica ensiná-los que seu valor não reside na aparência física ou na capacidade de atrair a atenção do sexo oposto, mas sim no fato de serem criados à imagem e semelhança de Deus e terem sido comprados por um alto preço.
Nessa perspectiva, a psicóloga cristã Juli Slattery ressalta a importância de uma educação sexual pautada nos princípios bíblicos: “Quando ensinamos nossos filhos sobre sexualidade no contexto do plano de Deus, os capacitamos a tomar decisões sábias e saudáveis. Não se trata de reprimir seus desejos, mas de orientá-los para o propósito divino”.
Em suma, reconhecer nosso corpo como templo do Espírito Santo é o ponto de partida para uma sexualidade redimida e integrada à nossa espiritualidade. Ao buscarmos viver de acordo com essa verdade e transmiti-la às próximas gerações, contribuímos para a construção de uma cultura que valoriza a pureza, o amor sacrificial e a fidelidade, refletindo assim a santidade do Deus que habita em nós.
Auxílios pedagógicos para o professor da parte III
Dicas para ajudar o aluno se aprofundar:
- Promova um estudo bíblico sobre a doutrina do corpo como templo do Espírito Santo, explorando passagens como 1 Coríntios 6:19-20 e Romanos 12:1-2.
- Desafie os alunos a refletirem sobre como têm tratado seu corpo. Ele tem sido usado para glorificar a Deus ou para satisfazer desejos egoístas?
- Incentive-os a desenvolverem um plano prático de cuidado com o corpo (alimentação, exercícios, descanso), reconhecendo seu valor espiritual.
Visão psicológica do assunto:
A psicologia enfatiza a importância de uma imagem corporal saudável para o bem-estar geral do indivíduo. Quando compreendemos nosso corpo como templo do Espírito, somos motivados a cuidar dele com respeito e gratidão, o que impacta positivamente nossa autoestima e senso de propósito. Essa visão também nos ajuda a resistir às pressões da cultura que supervaloriza a aparência física.
Visão histórica do assunto:
Ao longo da história da igreja, o corpo foi muitas vezes visto de forma negativa, como fonte de pecado e tentação. Movimentos como o gnosticismo e o ascetismo pregavam o desprezo pela matéria em favor do espírito. No entanto, a Reforma Protestante do século XVI resgatou a visão bíblica do corpo como criação boa de Deus, que deve ser desfrutada com gratidão e responsabilidade.
Curiosidades:
- No Antigo Testamento, o Templo de Jerusalém era o local sagrado onde a presença de Deus habitava. Hoje, como cristãos, somos o templo vivo do Espírito Santo.
- O reformador Martinho Lutero, que lutou contra o abuso de indulgências na igreja medieval, afirmou: “Cuide do seu corpo. Ele é a única coisa que você tem para morar neste mundo.”
Pesquisa ou estatística interessante:
Uma pesquisa realizada pela Barna Group em 2019 revelou que apenas 35% dos cristãos americanos concordam totalmente que a Bíblia é precisa em todos os princípios que ensina, incluindo aqueles relacionados ao corpo e à sexualidade. Isso mostra a necessidade de uma educação teológica sólida sobre o tema nas igrejas.
Perguntas para discussão:
- O que significa, na prática, glorificar a Deus com nosso corpo?
- Como a visão do corpo como templo do Espírito Santo impacta nossas decisões diárias?
- De que maneiras a cultura atual distorce a visão bíblica do corpo? Como podemos responder a isso?
- Que hábitos concretos podemos cultivar para cuidar de nosso corpo físico e espiritual?
- Como uma compreensão adequada do corpo como templo pode nos ajudar a superar lutas com imagem corporal e autoestima?
CONCLUSÃO
Falar de sexo não é fácil, mas é essencial. Como pais, devemos criar um ambiente de diálogo aberto, amoroso e bíblico com nossos filhos. Mais do que regras, precisamos apontar para o evangelho que transforma corações e nos capacita a viver a sexualidade para a glória de Deus. Que o Senhor nos dê sabedoria nessa importante missão!