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ToggleTexto base: Romanos 12:1-2
Introdução
Vivemos em uma época em que questões sobre identidade e sexualidade estão no centro dos debates. Como cristãos, precisamos buscar sabedoria na Palavra de Deus para navegar por esses temas delicados de uma maneira amorosa, porém firme na verdade. Nesta lição, vamos examinar o que a Bíblia ensina sobre gênero e identidade.
Transição: Antes de mergulharmos nas Escrituras, vamos dar uma olhada rápida na origem das discussões modernas sobre gênero.
1. Breve histórico da ideologia de gênero
“Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:2)
O apóstolo Paulo nos adverte a não nos conformarmos com os padrões deste mundo, mas a buscarmos a renovação de nossa mente segundo os princípios de Deus. Infelizmente, nas últimas décadas, temos visto o avanço de ideologias que se opõem frontalmente à Palavra do Senhor, especialmente no que diz respeito à identidade humana e à sexualidade.
Diversas correntes de pensamento confluíram para a formação do que hoje chamamos de ideologia de gênero. Dentre as principais influências, podemos citar a revolução sexual dos anos 60, o existencialismo ateu de filósofos como Simone de Beauvoir e o feminismo de gênero. Essas ideias pavimentaram o caminho para que, nos anos 50, o psicólogo John Money afirmasse que o gênero seria uma construção predominantemente social, minimizando a importância dos fatores biológicos na constituição da identidade.
Money chegou a realizar um experimento com dois irmãos gêmeos, Bruce e Brian Reimer, na tentativa de comprovar sua tese. Após Bruce ter seu pênis acidentalmente mutilado em uma cirurgia de circuncisão, o psicólogo convenceu os pais a criá-lo como menina, submetendo-o a tratamentos hormonais e intervenções cirúrgicas. O desfecho dessa história foi trágico: na adolescência, Bruce (então Brenda) optou por retornar à identidade masculina, mas os traumas decorrentes desse processo o levaram a cometer suicídio aos 38 anos.
Esse caso emblemático nos lembra o perigo de tentarmos “brincar de Deus”, ignorando a natureza com a qual Ele nos criou. Afinal, como afirma o salmista, fomos “formados de modo especial” no ventre materno (Salmos 139:13-16). Nossa identidade mais profunda não é uma construção social, mas um presente do Criador.
O psiquiatra Paul McHugh, que chefiou o departamento de psiquiatria do Hospital Johns Hopkins por 26 anos, é enfático ao afirmar que a ideologia de gênero carece de fundamentação científica sólida. Segundo ele, não há evidências de que uma pessoa possa nascer “presa no corpo errado” ou de que a cirurgia de redesignação sexual seja um tratamento eficaz para a disforia de gênero.
Como cristãos, somos chamados a acolher com compaixão as pessoas que sofrem com questões relacionadas à identidade de gênero, oferecendo-lhes o amor e a esperança que só podem ser encontrados em Cristo. Ao mesmo tempo, não podemos nos render às pressões de uma cultura que busca desconstruir o projeto de Deus para a humanidade. Que o Senhor nos dê sabedoria para navegarmos por essas questões com firmeza e graça, sendo sal e luz em meio às trevas deste mundo.
2. A origem “científica” do termo gênero
“Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gênesis 1:27)
Desde o princípio, a Palavra de Deus é clara ao afirmar que a humanidade foi criada à imagem e semelhança do Criador, e que essa imagem se manifesta de forma distinta no homem e na mulher. Não há margem para ambiguidade: somos criados machos e fêmeas, e essa diferenciação sexual faz parte do plano perfeito de Deus para a criação.
No entanto, a partir da década de 1950, o psicólogo John Money começou a utilizar o termo “gênero” para se referir a uma suposta identidade ou comportamento que seria diferente do sexo biológico. Posteriormente, feministas como Ann Oakley adotaram essa distinção, argumentando que o sexo seria uma realidade biológica, enquanto o gênero seria uma construção cultural.
Essa separação entre natureza e criação, porém, não encontra respaldo nas Escrituras. O salmista declara: “Tu formaste o meu interior, tu me teceste no ventre de minha mãe. […] Os teus olhos viram o meu embrião; todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir” (Salmos 139:13,16). Deus não apenas cria, mas também forma e molda cada ser humano de acordo com Seus propósitos eternos.
Imagine um oleiro trabalhando em sua roda, moldando cuidadosamente cada vaso de acordo com seu design único. Da mesma forma, o Senhor nos modela física, emocional e espiritualmente, atribuindo-nos uma identidade que está em perfeita harmonia com nosso sexo biológico. Tentar separar o que Deus uniu é contrariar Sua vontade revelada.
O renomado geneticista Dr. Francis Collins, líder do Projeto Genoma Humano, afirma: “A noção de que existe uma distinção nítida entre sexo e gênero não é apoiada pela ciência. […] Nossos conceitos de masculinidade e feminilidade, e até mesmo nossa identidade sexual, são moldados por uma complexa interação entre fatores biológicos, psicológicos e sociais, todos operando sob a soberania de Deus.”
Portanto, como cristãos, devemos rejeitar a falsa dicotomia entre sexo e gênero propagada pela ideologia contemporânea. Somos chamados a abraçar nossa identidade como homens e mulheres criados à imagem de Deus, reconhecendo que nosso sexo biológico é parte integrante de quem somos. Que possamos honrar ao Senhor vivendo em conformidade com Seu design perfeito, confiantes de que Ele nos criou e nos conhece melhor do que nós mesmos.
3. A perspectiva bíblica sobre sexo e gênero
“Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gênesis 1:27)
Esse versículo seminal estabelece um fundamento crucial para compreendermos a perspectiva bíblica acerca do sexo e do gênero. Aqui, vemos claramente que a distinção entre masculino e feminino não é uma mera convenção cultural, mas faz parte do próprio design original do Criador para a humanidade.
O apóstolo Paulo, escrevendo aos Coríntios, reforça essa verdade ao declarar: “Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de vocês mesmos? Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o corpo de vocês” (1 Coríntios 6:19-20). Nossos corpos, incluindo nosso sexo biológico, não são irrelevantes para nossa identidade; ao contrário, eles são parte integrante de quem somos como imagem de Deus, criados para refletir Sua glória.
Assim como um espelho reflete fielmente a imagem daquele que nele se contempla, nós fomos projetados para espelhar a imagem do nosso Criador. Tentar apagar ou subverter as distinções entre homem e mulher seria como distorcer deliberadamente o reflexo no espelho, apresentando uma imagem deturpada da realidade.
No entanto, vivemos em um mundo caído, onde nossa percepção da realidade muitas vezes se encontra distorcida. Por isso, Paulo nos exorta: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente” (Romanos 12:2). Em uma cultura que cada vez mais rejeita o design de Deus para a sexualidade humana, somos chamados a permitir que a verdade da Palavra renove nosso entendimento.
O renomado teólogo J.I. Packer, em seu livro “Conhecendo Deus”, observa sabiamente: “O que somos como seres sexuais faz parte do que significa ter sido criado à imagem de Deus. Nosso sexo biológico não é um acidente ou uma construção social, mas um dom divino que devemos abraçar com gratidão e fidelidade.”
Como cristãos, somos chamados a honrar a Deus com todo o nosso ser, incluindo nossa sexualidade. Isso significa abraçar nosso sexo biológico como parte do bom design do Criador, buscando viver de acordo com Seus propósitos para nós como homens e mulheres. Ao fazermos isso, refletimos Sua glória e encontramos realização em nossa identidade dada por Deus.
Conclusão
Embora as discussões sobre gênero tenham surgido recentemente na história, a Palavra de Deus oferece princípios atemporais. Fomos criados como homens e mulheres à imagem de Deus, e nosso sexo biológico é parte integrante de quem somos. Em um mundo confuso, somos chamados a honrar a Deus com todo o nosso ser e permitir que Ele, não a cultura, defina nossa identidade.