Como vencer a Desesperança e suicídio
Números 11.10-15; Salmo 73.1-28; 2Timóteo 2.1
Introdução
O ser humano é tão complexo que, à medida que a Ciência avança, descobre que ainda há muito que investigar para conhecer o indivíduo na sua plenitude (corpo e mente). Não é fácil saber os porquês de determinadas atitudes que tomamos. Algumas delas surpreendem àqueles que pensam nos conhecer muito bem. Perguntamos, então, o que leva uma pessoa a um desespero tal que chega ao suicídio?
Como vimos acima, a mente humana é ainda um mistério em muitas áreas. O que conduz alguém ao abismo do desejo suicida? Quais as razões que levaram o indivíduo x a pular do décimo quarto andar? Quem tem as respostas? Não é fácil determinar as causas de atitudes extremas tomadas na vida de alguém. Certo está que não são ocorrências exclusivas dos não-crentes. O pecado é, sem dúvida, a origem desse mal também. Paulo, escrevendo aos romanos, ensina que “todos pecaram” e que o homem “recebeu” a morte por ter pecado (Rm 3.23; 6.23). Tanto crentes como não-crentes são passíveis de enfrentar situações críticas em várias áreas da vida. Veremos três delas.
I.Nas páginas das Escrituras
A Bíblia relata as lutas pelas quais passaram muitos homens considerados gigantes, pelos seus feitos, mas que, em determinados episódios, agiram como crianças assustadas diante dos seus conflitos e temores.
Moisés (Nm 11.10-15). Ele chegou a pedir a morte, tal era a pressão que sofria pelos problemas enfrentados com o povo peregrino.
Elias. Em 1 Reis 18.20, encontramos o profeta Elias desafiando os profetas de BaaL Ele estava tão seguro da sua fé que chegou a zombar dos profetas de Baal que clamaram inutilmente (íRs 18.27-29). Elias, porém, clamou ao Senhor, e Este respondeu com fogo (v.38). Depois desse ato heroico do profeta, Acabe fez saber ajezabel tudo o que ele havia feito (lRs 19.1). Jezabel enviou um mensageiro, proferindo fortes ameaças a Elias, e ele temeu (v. 2-3). Após o episódio com os profetas de Baal e a ameaça de Jezabel, Elias também pediu a morte (lRs 19.4).
Tanto Moisés como Elias sentiram-se sozinhos (Nm 11.14; ÍRs 19.10,14) e pediram a morte.
Três princípios
- Quando temos um peso além do que podemos suportar, dependendo de como reagimos a isso, pode ser que desejemos a morte. Em casos de doenças graves, por exemplo, há pessoas que se desinteressam da vida e não lutam por ela.
- Há pessoas cujo fardo da solidão é insuportável, desestabilizando-as emocionalmente e levando-as ao desejo da morte.
- A ênfase neotestamentária da mutualidade cristã reside no fato de que temos um limite para enfrentar nossos conflitos sozinhos. E na comunidade cristã que encontramos apoio para enfrentarmos a maioria dos nossos problemas.
II.Na comunidade dos santos
Pode prevalecer em nosso meio, equivocadamente, a ideia de que igreja é um lugar de pessoas absolutamente saudáveis, tanto física quanto espiritualmente. Evidentemente há entre nós pessoas emocionalmente fragilizadas.
O mundo evangélico tem sido bombardeado por uma mensagem triunfalista que coloca os crentes e a igreja acima do bem e do mal. Não podemos negar que a igreja é triunfante. Ela é. O apóstolo Paulo afirmou: “Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar afragrância do seu conhecimento” (2Co 2.14). Jesus fez a seguinte declaração: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). Isso quer dizer que nada nem ninguém, seja humano ou não, pode deter a sua caminhada e o seu avanço. A vitória da igreja já é certa, embora não esteja completamente realizada. Jesus já nos advertiu: “No mundo vocês vão sofrer; mas tenham coragem. Eu venci o mundo” (jo 16.33 NTLH).
Entretanto a igreja também é lugar onde há pessoas que padecem de doenças na alma, causadas pelos mais diversos conflitos. Albert Friesen, teólogo e psicólogo, em seu livro Cuidando do ser, registra alguns dados estatísticos. Ele diz que uma em cada três pessoas terá pelo menos um episódio de um transtorno mental no decorrer da vida. Isso quer dizer que, em uma igreja com 90 membros, 30 sofrerão, pelo menos uma vez na vida, algum problema que a Organização Mundial da Saúde chama de transtorno mental. Além desses dados, Friesen acrescenta que, a cada ano, uma pessoa em cada cinco encontra-se na fase ativa de algum tipo de distúrbio mental.
Não podemos justificar pecados, classificando-os como doença. As informações aqui apresentadas são subsídios para compreendermos melhor a vida coletiva e entendermos que, na nossa comunidade, existem pessoas que estão passando por algum tipo de transtorno e carecem da nossa oração e do nosso apoio, pois, afinal de contas, igreja é a comunidade do amor, do acolhimento e da ajuda mútua.
III.Na realidade pessoal
Temos a tendência de acreditar que o infortúnio jamais chegará à nossa porta. O mesmo pensamento acontece em relação à igreja, impedindo ou retardando que tomemos atitudes pró-ativas ao nos depararmos com algum irmão que está sofrendo profundamente. Se você se identificou com o que expusemos, entenda que não é o único a sofrer desses males – você não está só nessa situação. Há um contingente numeroso de pessoas passando por algo semelhante. Essa é uma informação que quando bem assimilada traz ânimo e certo consolo.
Uma ação indispensável quando nos vemos envolvidos em um transtorno emocional é buscar ajuda. Torna-se imprescindível reconhecer a necessidade de auxílio e, às vezes, de tratamento. Um aconselhamento pastoral pode ajudar a esclarecer a situação. O conselheiro, de acordo com o quadro apresentado, pode sugerir um plano de ajuda. Há casos em que o que a pessoa precisa é de um acompanhamento espiritual intensivo por parte do pastor ou mesmo de um irmão. Há outros que, além do acompanhamento espiritual, necessitam ser acompanhados por um psicólogo ou psiquiatra, conforme avaliação médica.
Conclusão
Como cristãos, temos que confiar a Deus o nosso caminho (Sl 37.5); lançar sobre Ele a nossa ansiedade, sabendo que Ele cuida de nós (I Pe 5.7) e fazer conhecidos, diante Dele, os nossos anseios, mediante a petição, a oração e a súplica (Fp 4.6). O cultivo das virtudes espirituais e a dependência de Deus nos levam a entender que Ele mesmo age, quando necessário, através de seres humanos para suprir nossas necessidades, sejam elas físicas ou psíquicas.
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