A RESSURREIÇÃO DO CORPO
Creio “na ressurreição do corpo."
COPIA DO ARQUIVO: A RESSUREIÇÃO DO CORPO
I Coríntios 15.50-58
A doutrina cristã da ressurreição do corpo é, com certeza, uma das mais belas e consoladoras. A esperança da ressurreição produz alento e torna plena de sentido a existência humana. A crença nessa doutrina faz uma grande diferença na vida do crente. Ela ensina a valorização do corpo, o qual não é descartável, e produz uma saudável expectativa quanto à vida futura.
0 conceito de que o corpo é mau e inferior ao espírito, é rechaçado através desta importante afirmação de fé: “Creio na ressurreição do corpo”.
Já nos dias do Novo Testamento havia um grupo – os saduceus – que não acreditava na ressurreição (Mt 22.23). Hoje também há muitos que não aceitam esta doutrina. Por exemplo, os materialistas acreditam que com a morte tudo acaba, não havendo nenhuma possibilidade de ressurreição. Também os adeptos da reencarnação – doutrina espírita – não aceitam o ensino bíblico da ressurreição.
A abordagem do tema neste estudo tem por objetivo: a) o fortalecimento da convicção quanto à fundamentação bíblica da doutrina; b) a valorização do corpo; c) a compreensão da integralidade que caracteriza a vida ressurreta.
1. A RESSURREIÇÃO DO CORPO TEM POR BASE A RESSURREIÇÃO DE CRISTO
Em Corinto havia pessoas que es- tavam negando a ressurreição. Influenciadas pelo pensamento grego que considerava a matéria e o corpo como inferiores e maus, tais pessoas estavam desmerecendo a ressurreição. A partir daí, Paulo argumenta com base na ressurreição de Cristo – fato histórico irrefutável (15.1-11) – a garantia da nossa ressurreição. Aquelas pessoas não tinham como negar a ressurreição de Cristo. Então, Paulo, ironicamente, argumenta dizendo que se não há ressurreição de mortos, então Cristo não ressuscitou e, se Cristo não ressuscitou, a fé não tem nenhum sentido (I Co 15.12-19). Mas, logo em seguida, 0 apóstolo retoma o tom solene de sua pregação e declara: “Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem” (15.20). Sobre esta afirmação, 0 teólogo Leon Morris declara: “As primícias compreendiam o primeiro feixe da colheita, que era trazido ao templo e oferecido ao Senhor (Lv 23.10,11). Num sentido, ele consagrava toda a colheita. Além disso, primícias implica na existência de frutos posteriores. Ambas as idéias vão ao ponto aqui. Cristo não foi o primeiro a ressuscitar dos mortos. Na verdade, Ele próprio ressuscitara a alguns. Mas eles tinham que tornar a morrer. A ressurreição de Cristo foi para uma vida que não conhece a morte, e, neste sentido, Ele foi o primeiro, o precursor de todos os que haveriam de estar nele” (/ Coríntios – Introdução e Comentário, Mundo Cristão/Vida Nova).
A ressurreição de Cristo é, portanto, a base e a garantia da nossa ressurreição. Isso porque a ressurreição de Cristo representa a vitória definitiva da vida sobre a morte (I Co 15.21-26,
54-57). Em virtude disso, a nossa ressurreição está garantida. Uma vez ressuscitados, jamais morreremos. E o Cristo ressurreto nos assegura: “De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 5.40).
2. A RESSURREIÇÃO DO CORPO CONFIRMA O VALOR QUE O MESMO POSSUI
A influência da filosofia grega foi muito forte no sentido de menosprezar O corpo e exaltar o espírito. Porém, a declaração de fé apostólica sobre a ressurreição do corpo, corrige o equívoco do pensamento grego e resgata 0 valor e a dignidade do corpo criado por Deus, cujo valor é tão elevado quanto o da alma. 0 corpo não é descartável.
Na perspectiva da ressurreição, a morte do corpo é comparada ao processo da semente que é lançada na terra e, temporariamente parece estar morta, mas depois brota cheia de vida (I Co 15.36,37).
Através da ressurreição comprova- se, portanto, o valor e a sublimidade do corpo. Sendo assim, devemos dispensar ao corpo um tratamento honroso. Um dos equívocos da tradição protestante é a excessiva repressão a tudo quanto diz respeito ao corpo. Mas o corpo é tão sublime e espiritual quanto a alma. É por isso que Paulo orienta: “Glorificai a Deus no vosso corpo” (I Co 6.20).
Todas as humilhações que o corpo sofre hoje (incluindo a própria morte), serão revertidas pela ressurreição: “Semeia-se O corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual” (I Co 18.42-44).
3. A RESSURREIÇÃO DO CORPO ELEVA-NOS A UMA CONDIÇÃO SUPERIOR
Em Filipenses 3.21, Paulo afirma que 0 Senhor “transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória”.
Em I Coríntios 15, o apóstolo apresenta 0 mesmo ensino, ao afirmar que os mortos ressuscitarão incorruptíveis e seus corpos serão revestidos de imortalidade (15.50-58). Segundo notas da Bíblia Sagrada Edição Pastoral, “não se pode imaginar a ressurreição como simples reviver, ou simples volta às condições da vida terrestre. 0 ser humano passará para uma condição inteiramente nova: este corpo ‘animal’, mortal, que nos foi transmitido pelos nossos pais, torna-se ‘espiritual’, isto é, recebe vida nova do Espírito que Cristo nos dá”. 0 apóstolo João refere-se a esse privilégio indescritível, dizendo que quando o Senhor se manifestar “seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é” (I Jo 3.2).
Na eternidade teremos, portanto, um corpo perfeito, glorificado e imortal. Um corpo, em todos os aspectos, superior a esse corpo terreno sujeito à corrupção. Em seu livro Reencarnação ou Ressurreição? (Vida Nova), John Snyder escreve: “Assim como a flor é mais do que a sua semente, e a borboleta mais do que sua larva, assim a pessoa ressurreta é mais substancial e gloriosa do que quando estava em seu estado anterior”. 0 ser humano é integral: corpo (matéria) e alma (espírito). Na eternidade esta integralidade será preservada graças à ressurreição e transformação do corpo.
DISCUSSÃO
1. Que diferença faz para nós, hoje, a crença na doutrina da ressurreição?
2. Frente às diversas doutrinas correntes, de que argumentos bíblicos dispomos para sustentar a doutrina da ressurreição?