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INTRODUÇÃO
A fé é fundamental na vida do cristão, pois as Escrituras afirmam: “…sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6). Qualquer coisa que fizermos para nós ou para o Reino de Deus depende da fé para obter bom êxito, pois está escrito: “…o justo viverá pela sua fé” (Hc 2.4), Se vamos orar para pedir algo ao Senhor, é preciso fé: “Por isso, vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco” (Mc 11.24). Se quisermos ver o milagre na vida de algum ente querido, devemos seguir o conselho de Jesus dado a Marta irmã de Lázaro: “…se creres, verás a glória de Deus” (Jo 11.40).
Se tudo é “movido” a base de fé no mundo espiritual, então como ter a fé ideal, resistente e forte? E ainda, como é possível crescer na fé? Existe algo ou alguma coisa que é capaz de minar, enfraquecer ou roubar a fé que já tivemos oportunidade de adquirir? Essas perguntas são sérias e decisivas, mas suas respostas só são obtidas por meio de estudo persistente das Escrituras e pela experiência de vida com Deus.
PROPOSIÇÃO:A fé é o veículo de ligação entre a necessidade do homem e a graça de Deus.
I- “ORA, A FÉ É A CERTEZA DE COUSAS QUE SE ESPERAM”.
Na versão ARC, a palavra certeza é traduzida como “firme fundamento”, no grego, o termo é upóstasis, natureza substancial, essência, ser real, realidade. Essa “certeza” é o mesmo que estarmos num lugar firme, seguro, sólido. Jesus afirmou na parábola dos dois fundamentos que a fé vivida, ou a Palavra praticada, é como uma rocha que nos dá estabilidade, produz segurança nos tempos de lutas, dificuldades e tribulações (veja Lucas 6.46-49).
A palavra fé no grego é pistis e significa certeza, confiança, compromisso (fidelidade), mas é sempre fé no sentido ativo (veja Hebreus 12.2). Já o verbo crer é pisteuo, estar convencido de, confiar em, considerar possível (Romanos 14.2), sustentar.
Ter fé não é o mesmo que ser crédulo, pois o indivíduo crédulo é “aquele que crê muito fácil e prontamente em tudo; ingênuo, simples” (Dicionário Sacconi). Esse tipo de “fé” é muito perigoso, pois abre a pessoa para ser uma presa de falsários e mercenários da religião. A Palavra de Deus confirma a verdadeira fé, isso é o que acreditavam os judeus de Beréia (veja Atos 17.11), não tem nada a ver com “um pulo no escuro”. Exemplo de fé verdadeira: Atos 27.25.
A expressão “coisas que se esperam” é uma palavra só no original grego elpizoménon e este termo deriva de elpizo que significa esperar, ter esperança, prever, e a outra palavra é méno que se traduz por permanecer, insistir, persistir. A conclusão que temos é que a fé nos leva a perseverar, ser persistente nalguma coisa que buscamos de Deus, até receber.
A fé pode crescer ou se fortalecer por meio da Palavra de Deus (veja Romanos 10.17), quando estudamos a Bíblia, alimentamos a nossa fé. A fé também se desenvolve pelo uso, pelo seu constante exercício, e isso ocorre quando, por exemplo, confiamos nas promessas do Senhor. Quem entrega seus cuidados e ansiedades a Deus e esquece, demonstra com isso uma fé ativa, operante (veja Salmo 37.4; Filipenses 4.6; lPedro 5.7). A oração eficaz que Deus ouve é sustentada pela fé (Mateus 21.22).
De modo resumido, podemos descrever a fé nos seguintes termos: “a fé é a essência ou substância de tudo que esperamos de Deus, é a realidade presente daquilo que ainda não enxergamos”. Quando a fé está em ação não há espaço para a dúvida, o receio ou medo, pois ela produz convicção, certeza e tranqüilidade em nosso coração (veja Romanos 14.22,23). Pela fé, tomamos posse de tudo aquilo que Jesus conquistou para a Igreja na cruz do Calvário (Efésios 1.3).
II – “…A CONVICÇÃO DE FATOS QUE NÃO SE VÊEM”.
Quem vive por fé não depende do sentido da visão para continuar avançando: “…andamos por fé e não por vista” (2Co 5.7). O que Paulo quis dizer com “andar por fé?” O verbo andar no grego é peripatéo e significa ir, andar, mas no caso em estudo é andar no sentido de viver, comportar-se. Pelos “olhos da fé”, vislumbramos as realidades espirituais e caminhamos em direção a elas (as experimentamos), sem se importar com as coisas aparentes à nossa volta, como fez Moisés em direção à Terra Prometida (veja Hebreus 11.27).
Tudo que existe no universo, seja material ou não, veio a existir pela Palavra invisível de Deus (v. 3). Isto significa dizer que a fé tem substância na Palavra invisível e poderosa de Deus. Nela, a fé se fundamenta e se projeta.
A palavra “convicção” no grego é elegchos, prova, teste, convicção interior. Isto significa dizer que a fé genuína não se baseia na “força do pensamento positivo”, nem muito menos num “sonho esperançoso”. Pela fé, o Espírito Santo nos faz ir além do limite da razão, descortina os mistérios do Reino de Deus, e nos transporta às fontes inesgotáveis das possibilidades de Deus. A fé nos transporta para o mundo espiritual, eterno de Deus. Lá o milagre, a bênção, a vitória é fato concreto, real. Pela fé, essa realidade vem até nós por meio de Cristo (Ef 2.6).
A palavra “fatos” no grego é pragma, que a ARC traduz por “coisas”, mas o termo também significa ato, evento, assunto, negócio. Deus tem negócios com quem Nele confia. Abraão (99 anos) e Sara (90 anos) é uma prova viva disso, pois eles confiaram em Deus a despeito das suas capacidades físicas (v. 11). De pragma vem a palavra pragmático, tudo que está voltado a ação, tudo o que pode ser feito. Assim é a fé, pois ela produz convicção de que isso ou aquilo é viável, praticável, vai dar certo, e dá!
CONCLUSÃO
A Bíblia relata milagres que ocorreram por causa da fé de quem pedia (veja Mateus 8.13) ou da fé de quem recebia a bênção (Atos 14.9), mas em todos os casos, a fé é sempre necessária. Na ocasião em que Jesus Cristo amaldiçoou a figueira estéril, os discípulos se admiraram com o estado em que ficou a árvore e isto deu ocasião para uma profunda lição de fé (Marcos 11.20- 24). Cristo é o autor e o consumador da nossa fé (Hebreus 12.2), ou seja, Ele tanto fornece quanto aperfeiçoa a fé em nós (Lucas 17.5).
Ilustração: O malabarista e a fé: “Conta-se que um famoso equilibrista andou por sobre um cabo de aço estendido sobre dois edifícios muito altos distantes 100 metros um do outro. O homem não só atravessou o espaço vazio pelo estreito cabo de aço sozinho, mas voltou pela mesma trajetória empurrando um carrinho de mão com dois sacos de cimento. Os aplausos foram calorosos. Nisso, um dos assistentes mais entusiasmados aproximou- se para cumprimentar o hábil equilibrista. Foi quando o equilibrista perguntou-lhe: “você acredita que eu sou capaz de atravessar até o outro lado pelo cabo de aço?”. A resposta foi um retumbante “não tenho a menor dúvida”. Mas o equilibrista prosseguiu com um convite: “Você poderia sentar-se no carrinho de mão para que eu o leve até o outro lado ? ” Apavorado, o homem recuou, balbuciando: “Levar-me ? Eu, não! ”.