▶ Clique nos tópicos deste índice para navegar pelo texto
ToggleCremos na salvação presente, imediata, completa e perfeita e na justificação do homem recebidas gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo (At 10.43; Rm 3.24-26; 10.13; Hb 5.9; 7.25).
Introdução
A doutrina da salvação é uma das mais ricas em toda a Bíblia Sagrada. Ela é o grande dom de Deus aos homens: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2.8,9).
A salvação não é uma conquista humana, e sim um dom de Deus. Nenhum ser humano deve imaginar que os seus méritos possam conquistar a salvação. Primeiramente, porque "todos pecaram"; segundo, porque só através de Jesus Cristo o homem pode ser salvo.
É a salvação, como manifestação concreta da graça de Deus, que nos traz a regeneração, a justificação, a santificação, a libertação, a cura e tantas outras bênçãos. Na Epístola aos Romanos, encontramos a grandiosa catedral teológica levantada à salvação. Ali o Espírito Santo, o grande escultor divino, inspira o apóstolo Paulo a esculpir uma das suas obras-primas acerca do plano presciente de Deus para salvar o homem de seus pecados.
Etimologicamente, a palavra salvação significa "ser tirado de um perigo", "livrar", "curar", "dar escape". A Bíblia fala da salvação como a libertação do tremendo perigo de uma vida sem Deus.
A salvação tem sua origem em Deus, que estabeleceu o seu plano antes da fundação do mundo (Ef 1.4). Quando o homem (Adão), no jardim do Éden, desobedeceu a Deus, o seu pecado trouxe graves conseqüências aos seus descendentes (Rm 5.12,17-19). Porém Deus não foi apanhado de surpresa. Ele já tinha, no princípio, estabelecido o meio eficaz para salvar o homem. No livro de Gênesis, aparece a promessa de um Redentor: a "semente da mulher" (Gn 3.15; compare. com Gl 4.4 e Is 7.14). Na "plenitude dos tempos", cumprindo-se o que fora prometido, nasce o Salvador em Belém de Judá, e, conforme orientação recebida do anjo Gabriel, enviado da parte de Deus, deram-lhe o nome de Jesus, cuja missão se acha destacada no significado do seu nome (Mt 1.21; Lc 2.11).
Nos dias de seu ministério, quando procurado por Nicodemos (Jo 3.1,2, 16), Jesus revela a razão de sua vinda ao mundo, dentro do que já havia sido estabelecido (Ef 1.4; Ap 13.8). Pela resposta de Jesus a Nicodemos — "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê […] tenha a vida eterna" —, entendemos que só Ele, Jesus Cristo, pode salvar (At 4.12). No plano de Deus para salvar o homem, estava incluída a morte de Cristo na cruz (Is 53.4-6; Jo 10.17,18; Hb 10.7-14). Paulo acentua a morte de Cristo, destacando que é o único meio pelo qual o homem pode ser resgatado da maldição da Lei (Gl 3.13,14).
Os quatro aspectos da salvação
1. Justificação. Um dos assuntos mais gloriosos da Bíblia é a justificação. Trata-se de um termo forense e significa "declarar alguém justo", no sentido de absolvição. A justificação descreve a nova condição do homem pecador diante de Deus. O homem, antes culpado e condenado à morte eterna, recebe o perdão dos pecados e simultaneamente é declarado justo por Deus (Rm 8.33). Aos olhos de Deus, o nosso pecado não existe mais (SI 103.12; Mq 7.18,19; Rm 3.23-26). Na justificação, recebemos algo que ultrapassa o perdão, porque com o perdão recebemos a quitação dos nossos pecados; com a justificação, porém, Deus nos torna santos, como se nunca houvéssemos pecado (Rm 5.1).
2. Regeneração. A regeneração é o outro lado da conversão. É obra de Deus. É a transformação que Deus opera nos indivíduos que crêem, seu ato de conceder uma nova vitalidade e direção espiritual à vida deles quando aceitam a Cristo. A natureza humana necessita de transformação. O ser humano está espiritualmente morto e, portanto, precisa do novo nascimento ou do nascimento espiritual. No Antigo Testamento, encontramos uma referência admirável à obra regeneradora de Deus. Ele promete: "Dar-lhes-ei um só coração, espírito novo porei dentro deles; tirarei da sua carne o coração de pedra e lhes darei coração de carne; para que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os executem; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus" (Ez 11.19-20).
Assim, a regeneração é a transformação que Deus opera nos indivíduos que crêem—Ele reverte suas tendências naturais, dá uma nova vitalidade espiritual à vida deles e, assim, restaura-os ao que se desejava de início que fossem.
Apesar de a regeneração se completar instantaneamente, não é um fim em si. Sendo uma mudança de impulsos espirituais, a regeneração é o início de um processo de crescimento que continua ao longo da vida.
3. O arrependimento (methanóia, no grego), que significa "dar meia-volta", "mudança de mente", trata-se de uma mudança de atitude em relação ao pecado, que é abandonado e recusado. O pecador arrependido reconhece a sua culpa diante de Deus, a qual é acompanhada de um sentimento de tristeza pelo pecado cometido (SI 51.1-3,12; 2 Co 7.10).
O lado positivo do arrependimento está no fato de o pecador não somente virar as costas para algo, mas também voltar-se para Deus. É uma atitude de fé, que permite ao ser humano arrependido entrar numa relação positiva com Deus. Isso enfatiza a importância da fé, que é fundamental no relacionamento com Cristo (Hb 11.6).
Concluímos que a regeneração é descrita como o abandono das coisas opostas à vontade de Deus e a entrega total em obediência a Ele. Assim sendo, é um fato que se dá simultâneo à salvação.
4. Santificação. Uma coisa é tornar-se cristão. Outra é viver a vida cristã. Tudo que recebemos na salvação, na justificação e na regeneração se manifesta na santificação. Isso significa vida cristã na prática (1 Ts 4.3; 2 Co 7.1; Hb 12.14). A santificação apresenta três aspectos:
- a) Santificação posicional — Nesse sentido, ela é imediata. "Na qual vontade [Deus] que temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo feita uma vez" (Hb. 10.10). Esse fato se dá na conversão do pecador: É imediato, total, e coloca o homem na posição de filho de Deus (1 Pe 1.3,4), ou seja, posicionalmente santo (Rm 1.7; Hb 3.1).
- b) Santificação progressiva — "Quem é santo seja santificado ainda" (Ap 22.11). Essa santificação acontece no decorrer da vida cristã. Enquanto a santificação posicional é imediata, a progressiva é dinâmica e paulatina. Quanto mais o crente se consagra para Deus, mais santificado se torna (1 Co 7.1). A santificação progressiva aperfeiçoa-se no temor de Deus. Ela é aperfeiçoada com oração, estudo da Palavra de Deus, jejum, e através de uma vida dedicada à obra de Deus (Rm 6.12,13, 22).
- c) Santificação completa (absoluta) — Acontecerá por ocasião da redenção do corpo, na ressurreição (Rm 8.22,23) ou no arrebatamento, quando formos transformados.
Até a próxima semana.
Pr. Josias Moura de Menezes