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ToggleEstudo ministrado pelo Pr Josias Moura no culto de doutrina da Igreja missionária Betel Geisel.
1. Introdução
Por que o homem foi criado? Em primeiro lugar, entendamos que Deus não precisava criar o homem, mas nos criou para a sua própria glória. Observamos que Deus se refere aos seus filhos e filhas das extremidades da terra como aqueles “que criei para minha glória” (Is 43.7; cf. Ef 1.11-12). Portanto, devemos fazer “tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31).
Esse fato garante a relevância da nossa vida. Percebendo que Deus não precisava nos criar, e que não precisa de nós para nada, poderíamos concluir que nossa vida não tem a menor importância. Mas as Escrituras nos dizem que fomos criados para glorificar a Deus, indicando que somos importantes para o próprio Deus.
Qual o nosso propósito na vida? Nosso propósito deve ser cumprir a meta para que Deus nos criou: glorificá-lo. Quando falamos com respeito ao próprio Deus, eis aí um bom resumo do nosso propósito. Mas quando pensamos nos nossos próprios interesses, fazemos a feliz descoberta de que devemos nos alegrar em Deus e encontrar prazer no nosso relacionamento com ele. Diz Jesus: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10.10). Davi diz a Deus: “Na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Sl 16.11).
2. O homem a imagem e semelhança de Deus
- O significado de “imagem de Deus”. De todas as criaturas que Deus fez, só de uma delas, o homem, diz-se ter sido feita “à imagem de Deus”. O que isso significa? Podemos usar a seguinte definição: o fato de ser o homem à imagem de Deus significa que ele é semelhante a Deus e o representa.
- A queda: a imagem de Deus se distorce, mas não se perde. Podemos nos perguntar se é possível conceber que o homem, mesmo depois de pecar, ainda é como Deus. Essa pergunta é respondida ainda no início de Gênesis, onde Deus dá a Noé a autoridade de estabelecer a pena de morte para o homicídio logo depois da enchente; Deus diz: “Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem” (Gn 9.6).
- Mesmo sendo os homens pecadores, ainda resta neles bastante semelhança a Deus, tanto que assassinar outra pessoa (“derramar o sangue” é uma expressão do Antigo Testamento que significa tirar a vida humana) é atacar a parte da criação que mais se parece com Deus, e revela uma tentativa ou desejo (se isso fosse possível ao homem) de atacar o próprio Deus.
- A redenção em Cristo: a recuperação gradual da imagem de Deus. No entanto, é animador abrir o Novo Testamento e ver que nossa redenção em Cristo significa que podemos, mesmo nesta vida, gradualmente crescer cada vez mais na semelhança de Deus. Por exemplo, Paulo diz que como cristãos temos uma nova natureza, que “se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl 3.10). À medida que vamos crescendo no verdadeiro conhecimento de Deus, da sua Palavra e do seu mundo, começamos a pensar cada vez mais os pensamentos que o próprio Deus tem.
- Na volta de Cristo: a completa restauração da imagem de Deus. A admirável promessa do Novo Testamento é que, assim como somos hoje como Adão (sujeitos à morte e ao pecado), também seremos como Cristo no futuro (moralmente puros, jamais sujeitos à morte de novo): “Assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial” (1Co 15.49). A plena medida da nossa criação à imagem de Deus não se vê na vida de Adão, que pecou, nem na nossa própria vida hoje, pois somos imperfeitos. Mas, na volta de Cristo experimentaremos uma restauração completa e teremos corpos glorificados e assim seremos perfeitamente santos.
3. Em que aspectos somos a imagem de Deus?
Embora não definiremos todos os aspectos em que somos semelhantes a Deus, podemos assim mesmo mencionar vários aspectos que nos revelam mais parecidos com Deus do que todo o restante da criação.
Convêm considerar antes de tudo, que nossa semelhança a imagem de Deus não consiste em aspectos físicos, mas em características morais, espirituais, mentais e relacionais.
ASPECTOS MORAIS. Somos criaturas moralmente responsáveis pelos nossos atos perante Deus. Correspondente a essa responsabilidade, temos um senso íntimo de certo e errado que nos separa dos animais (que têm pouco ou nenhum senso inato de moralidade ou justiça, mas simplesmente reagem ao medo do castigo ou à esperança da recompensa). Quando agimos segundo os parâmetros morais divinos, nossa semelhança a Deus se espelha numa conduta santa e justa perante ele, mas, por outro lado, nossa dessemelhança a Deus se revela sempre que pecamos.
ASPECTOS ESPIRITUAIS. Não temos somente corpos físicos, mas também espíritos imateriais, e podemos portanto agir de modos significativos no plano de existência imaterial, espiritual. Isso significa que temos uma vida espiritual que possibilita que nos relacionemos pessoalmente com Deus, que oremos a ele e o louvemos, e ouçamos as palavras que ele nos diz. Animal nenhum jamais passou uma hora absorto em oração intercessória pela salvação de um parente ou de um amigo! Vinculado a essa vida espiritual está o fato de possuirmos imortalidade; não cessaremos de existir, mas viveremos para sempre.
ASPECTOS MENTAIS. Temos a capacidade de raciocinar e pensar logicamente e de conhecer o que nos distingue do mundo animal. Os animais às vezes exibem conduta admirável na solução de complicações e problemas no mundo físico, mas certamente não se ocupam do raciocínio abstrato — não há algo como a “história da filosofia canina”, por exemplo, nem nenhum animal desde a criação evoluiu na compreensão de problemas éticos ou no uso de conceitos filosóficos, etc. Nossa semelhança a Deus também se percebe na criatividade humana em áreas como a arte, a música e a literatura, e na engenhosidade científica e tecnológica.
ASPECTOS RELACIONAIS. No próprio casamento, espelhamos a natureza de Deus no fato de os homens e as mulheres gozarem de igualdade de importância mas diversidade de papéis, desde que Deus nos criou. O homem é como Deus no seu relacionamento com o restante da criação. Especificamente, o homem recebeu o direito de reger a criação, e quando Cristo voltar receberá até autoridade para julgar os anjos (1Co 6.3; Gn 1.26, 28; Sl 8.6-8).
4. Conclusão
Seria bom se refletíssemos mais freqüentemente na nossa semelhança com Deus. É provável que fiquemos surpresos ao descobrir que quando o Criador do universo quis fazer algo “à sua imagem”, algo mais semelhante a si do que todo o resto da criação, Ele nos criou.
Essa descoberta nos dá um profundo senso de dignidade e importância, pois passamos a refletir sobre a excelência de todo o restante da criação divina: o universo estrelado, a terra abundante, o mundo das plantas e dos animais e os reinos dos anjos são admiráveis, magníficos mesmo.
Até a próxima semana.
Pr Josias Moura