Resposta Bíblica a depressão – Parte 02
Texto: I reis 19:1-18
Introdução
Para se ter uma ideia, apenas no Brasil há pelo menos 16,3 milhões de brasileiros com depressão, segundo dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
E este número aumentou muito depois da pandemia, segundo um estudo realizado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UEFJ) revelou um aumento de 90% nos casos de depressão.
Efeitos da depressão
Em geral, quanto mais profunda a depressão, mais intensos são os efeitos. A depressão pode acarretar alguns dos seguintes efeitos.
Sentimento de incapacidade, gerando infelicidade
Pessoas deprimidas costumam se sentir “para baixo”, sem esperança, críticas de si mesmas, infelizes e sem entusiasmo para nada – “totalmente desanimados”(Sl 79.8 NVI).
Doenças físicas
Por exemplo, a tristeza que acompanha o luto e a solidão tende a inibir o sistema imunológico, deixando o organismo à mercê de doenças oportunistas (Pv 18.14).
Baixa autoestima e retraimento
Uma pessoa que está desanimada, desmotivada e entediada com a vida, muitas vezes, apresenta baixa autoestima, autopiedade, falta de confiança em si mesma e um forte desejo ilógico de se afastar das pessoas. Essas reações são claramente expressas no Salmo 88.8, 18.
Forte tendência suicida
Não existe meio de fuga mais completo do que tirar a própria vida direta ou indiretamente. Há muitos deprimidos que jamais pensam em suicídio, mas outros apresentam propósito firme de dar fim à vida e escapar de uma existência penosa. Jó, ao amaldiçoar o dia de seu nascimento, revela claramente seus desejos de morte (jó 3.11-23). Veja a lição 11 (pág. 69).
Propostas de ajuda a depressivos
Como cristãos conscientes, estamos certos de que a maioria das pessoas não se livra da depressão de uma hora para outra, mas também conhecemos os recursos terapêuticos que temos à nossa disposição e, acima de tudo, já experimentamos a esperança que o Evangelho nos traz (Rm 15.13). Nesta tríplice perspectiva é que apresentamos, a seguir, as possibilidades de ajuda aos depressivos, que podem ser úteis tanto para pacientes como para conselheiros cristãos.
Lide diretamente com as causas
Como vimos na primeira parte da lição, a depressão pode ter causas de origem física ou psicológica. Para tratá-la de forma eficaz, é necessário, na medida do possível, identificar e tratar a doença a partir das causas e não apenas dos sintomas. A pergunta correta não é “O que eu estou sentindo?” e sim “por que estás abatida, ó minha alma?” (Sl 42.11).
Confie em Deus
O apóstolo Paulo, através de suas experiências e do estudo das Escrituras, tinha aprendido a confiar em Deus e “a viver contente em toda e qualquer situação” (Fp 4.11). Isso o ajudou a evitar a depressão. Contudo é preciso lembrar aqui que não basta dizer às pessoas deprimidas: “Confie em Deus que a depressão irá embora”. Isso é simplificar demais o problema, podendo até piorá-lo. Muito mais proveitoso é o apoio de uma comunidade que diz: “Estamos ao seu lado neste momento de dor
e vamos orar por você, apesar de não conseguirmos compreender completamente o que está acontecendo”.
Prepare-se para lidar com o desespero
Quando somos realistas o bastante para esperar que haja dor, e bem informados o suficiente para saber que Deus está sempre no controle de tudo, podemos enfrentar melhor o desalento e, muitas vezes, conseguimos evitar cair em depressão profunda, como foi o caso de Ana, que veio a ser mãe do profeta Samuel (iSm 1.15-18).
Aprenda a lidar com a raiva e a culpa
Há pessoas que entram em depressão porque sua mente está presa a injustiças ou fracassos do passado. A maioria de nós precisa de ajuda para aprender a lidar corretamente com problemas como esses. Entender que precisamos de ajuda e procurá-la já é o primeiro passo para alcançar a cura. Entretanto muitos precisam de alguém que os encoraje e acompanhe no processo. O apóstolo Paulo considerou seus fracassos como ganhos (Fp 3.7-11) e aceitou as injustiças de seus irmãos como oportunidade para exercitar o perdão e a dependência de Deus (2Tm 4.16-17).
Confronte modos de pensar
Quando as pessoas aprendem a confrontar sua própria maneira de pensar e a dos outros também, isso pode evitar a depressão ou reduzir sua intensidade. A Bíblia fala sobre meditar na palavra de Deus (Sl 1.1-2; 119.9-16) e pensar em coisas que são boas, positivas e justas (Fp 4.8).
Aprenda a ter maior domínio sobre si mesmo e sobre as circunstâncias que o envolvem
Fazendo assim, haverá menos probabilidade de sentimento de impotência que leva à depressão. Essa foi a atitude de Paulo e sua orientação à tripulação do navio em que viajava (At 27.33-38). E o resultado foi que “todos cobraram ânimo” (v.36).
Procure apoio
Há muitos estudos que comprovam que pessoas religiosas estão menos propensas a determinados tipos de males do nosso tempo. Por isso as igrejas e demais instituições sociais podem ser comunidades terapêuticas onde as pessoas se sentem bem-vindas e aceitas. Um exemplo disso é a história do filho pródigo (Lc 15.11-32). Embora houvesse um “irmão mais velho” cheio de censura, havia um pai transbordante de amor pelo filho que, arrependido, voltava para casa.
Dedique-se aos outros
Os Alcoólicos Anônimos demonstram que as pessoas que vivenciam determinado problema contribuem para sua própria cura quando se dedicam a ajudar os outros. Podemos dizer que cuidar das feridas dos outros nos ajuda a sarar as nossas próprias. Por esse motivo, a Bíblia oferece diversos mandamentos de mutualidade (Rm 15.7; Ef4.32; Hb 10.24 e IPe 4.8-10).
Pratique e incentive a prática de exercícios físicos
Uma boa alimentação e exercícios físicos regulares podem ajudar em muito o nosso organismo a enfrentar melhor as doenças. Não custa relembrar que a depressão é uma delas. Nas leis cerimoniais do AT e nos princípios da mordomia do corpo no NT (já citados anteriormente em alguns textos desta lição), Deus demonstra grande interesse na boa saúde de Seus filhos.
Conclusão
Gary Collins, referindo-se a um ministro cristão, fez a seguinte citação: “Todo indivíduo que pensa já ter colocado todos os caminhos de Deus convenientemente organizados numa tabela, analisados e correlacionados com explicações superficiais e convenientes, de modo que tem plenas condições de responder a todas as dúvidas dos corações feridos, ainda tem um longo caminho a percorrer no labirinto de mistério que chamamos de vida e morte”. Deus não tem “nenhum modo estereotipado de fazer o que faz. Ele livrou Pedro da prisão, mas deixou João Batista numa masmorra para morrer. Eu aceito tudo o que Deus faz, não importa como o faça” (Rm 8.28; ITs 5.18). Esse irmão via a vida de maneira realista, e isso é algo que pode ajudar os conselheiros e aconselhados a lidar melhor com o problema da depressão.