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EXPONDO O LIVRO DE GÊNESIS – CAPITULOS 18-20
Esses capítulos registram três visitas, e cada uma delas traz uma lição espiritual.
I. A visita de Cristo a Abraão (18)
Gênesis 18, trata daquilo que os estudiosos da Bíblia, chamam de uma pré-manifestação de Cristo. O grande reformador, Lutero, acreditava que Cristo é o centro de toda a revelação e se manifesta em todas as partes da escritura. Jesus é o Logos, o verbo de Deus. Como Logos, Ele é a revelação, é o meio através do qual o pai sempre se revelou. Os versículos 17-22 deixam claro que um dos visitantes celestiais era o Senhor Jesus Cristo; observe também as palavras de Abraão no versículo 3. O grande tema desse capítulo é a comunhão do crente com Cristo, pois Abraão era “amigo de Deus” (Tg 2:23). No capítulo 19, veremos Ló, o amigo do mundo.
A. A comunhão de Abraão com Cristo (vv. 1-8)
Esses versículos retratam a comunhão amorosa do crente com Cristo. Abraão está em Manre, que significa “vigor”. Ele desfruta a plenitude da bênção de Deus. A tenda fala de sua vida de peregrino; o “calor do dia” indica que ele caminha na luz (1 Jo 1). Sua pressa prova seu desejo amoroso de agradar ao Senhor. E ele não poupa sacrifícios para fazer com que Cristo sinta-se em casa. Em Efésios3:17, Paulo ora: “Habite Cristo no vosso coração”, o que significa literalmente: “Cristo pode instalar-se e sentir-se em casa no coração de vocês”. Ele anseia por comungar conosco.
B. A confissão de descrença de Sara (vv. 9-15)
Conecta-se o nascimento de Isaque a risos. De fato, o nome “Isaque” significa “riso”. Abraão riu em fé jubilosa quando ouviu a notícia de que Deus lhe daria um filho (17:15-18), mas aqui Sara parece rir graças à incredulidade carnal. Por que duvidamos das promessas de Deus? “Acaso, para o Senhor há coisa demasiadamente difícil?” Observe, em Lucas 1:34, a fé de Maria quando pergunta: “Como será isto?”. Entretanto, Sara ri graças à alegria espiritual quando Isaque nasce (21:6-7).
C. A confiança de Cristo em Abraão (vv. 16-22)
Os anjos saíram e foram para Sodoma, mas Cristo ficou para trás a fim de visitar Abraão. Que cena! Cristo não esconde nada de seu amigo. Veja a passagem de João 15:14- 15 em que Cristo promete revelar seus desejos para seus amigos. Leia também Salmos 25:9-14 e veja como Abraão satisfaz todas as condições dadas aí. Abraão sabia mais sobre Sodoma que Ló, e este vivia em Sodoma! Os cristãos obedientes, separados, sabem mais sobre este mundo que os filósofos ateístas!
D. A preocupação de Abraão com Ló (vv. 23-33)
Abraão amava muito Ló apesar da mundanidade e da incredulidade deste. Observe que Abraão não pede a graça de Deus, mas a justiça de Deus: como o Senhor poderia destruir o justo com o ímpio? (Deus, no Calvário, puniu o Justo, em vez do pecador.) Abraão, com persistência e ternura, intercedeu em favor de Sodoma. Deus disse que pouparia toda a cidade se fossem encontrados apenas dez crentes em Sodoma. O capítulo 19 indica que Ló tinha, pelo menos, duas filhas casadas (v. 14) e duas filhas solteiras (v. 30ss); portanto, com sua esposa e genros, havia oito membros em sua família. Se Ló conquistasse a própria família e mais dois vizinhos, Deus teria poupado toda uma cidade! Mas ele fracassou em satisfazer até mesmo essa condição.
II. A visita do anjo a Ló (19)
Cristo não acompanhou os anjos, ele não se senti
ría “em casa” na moradia do apóstata mundano. Segunda Pedro 2:7-8 indica que Ló era um homem salvo. Ele tinha união com o Senhor, mas não comunhão; filiação, mas não amizade. Contudo, ele foi salvo “todavia, como que através do fogo” (1 Co 3:14-15). Note que Ló perdera sua tenda. Pois, nessa época, ele vivia em uma casa (v. 3), e não se menciona um altar. Era noite quando os anjos chegaram, e a maior parte dos eventos acontece à noite. Ló não caminhava na luz. O Ló mundano não perdera apenas sua tenda, seu altar e sua amizade com Deus, mas perdera também seu padrão espiritual: ele ousou sugerir que sua filha solteira fosse à rua a fim de satisfazer a luxúria da multidão! Ele também perdera seu testemunho diante de toda a sua família (vv. 12-14). Quando tudo isso se iniciou? Quando ele “levantou […] os olhos” (13:10) e escolheu sua terra. Ele começou a caminhar pela visão, não pela fé, vivendo para as coisas do mundo. Ele deve ter se casado com uma mulher mundana, pois o coração dela estava em Sodoma, e ela não conseguia deixar a cidade para trás.
Aquele dia amanheceu luminoso e bonito. As pessoas iniciaram suas tarefas diárias — e veio o julgamento! As cidades pecaminosas foram total mente destruídas. Apenas Ló e suas duas filhas solteiras escaparam com vida. O destino de Sodoma retrata a ira por vir. A destruição virá quando os homens pensarem que há paz e segurança (1 Ts 5). Entrementes, a salvação de Ló é um retrato do arrebatamento da igreja antes do derramar da ira de Deus. O Senhor salvou Ló por causa de Abraão (19:29), e ele libertará a igreja da ira por vir por causa de Jesus (1 Ts 1:10; 5:9).
Os dias finais de Ló foram cheios de escuridão e de pecado quando ele cometeu incesto na caverna. Ele trocou a tenda por uma casa na cidade e acabou em uma caverna, e suas filhas o embebedaram! Os mo- abitas e os amonitas, filhos dessa cena horrível, foram inimigos dos judeus durante séculos, o que ilustra que a carne luta contra o Espírito. Certifiquemo-nos de seguir o desejo de Deus quando nos estabelecemos com nossa família. Ló escolheu o local errado e arruinou a si mesmo e a seus entes queridos.
É interessante contrastar as duas visitas dos capítulos 18 e 19. O próprio Cristo visitou Abraão, mas apenas os anjos foram a Sodoma visitar Ló. Cristo tinha uma mensagem de júbilo para Abraão e Sara, mas os anjos levaram uma mensagem de julgamento para Ló. A visita para Abraão ocorreu durante o dia, mas a de Ló aconteceu à noite. Abraão estava à porta da tenda; Ló, no portão da cidade. Abraão tinha força diante de Deus, mas Ló não tinha influência nem mesmo na própria família. Abraão viu a destruição de Sodoma e não perdeu nada, mas Ló perdeu tudo. Apenas sua vida foi poupada. Abraão trouxe bênção para o mundo, mas Ló, problemas (os amonitas e os moabitas).
III. A visita de Abraão em Gerar (20)
Ló ficou esquecido, porém a história de Abraão continua. “Aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente”(1 Jo 2:17). Infelizmente, esse capítulo registra a repetição de um pecado antigo — Abraão mente a respeito de sua esposa (veja 12:10-20). Mesmo o santo mais dedicado deve estar constantemente em guarda para que Satanás não o derrube.
Por que houve a repetição desse pecado? Porque Abraão não o julgou em sua vida. Com certeza, ele confessou-o ao Senhor e foi perdoado, mas confessar o pecado não é a mesma coisa que julgar o pecado. Julgar nossos pecados significa vê-los em sua verdadeira luz (como Deus os vê), odiá-los e expulsá- los de nossa vida. No versículo 13, Abraão admite que esse pecado estava com ele desde que saiu de Ur dos caldeus.
Há uma diferença entre o crente e o incrédulo, embora o crente possa pecar. Deus destruiu a corte pagã, mas protegeu Abraão. Deus disse ao governante: “Vais ser punido de morte” (v. 3), mas chamou Abraão de profeta (v. 7). Isso não quer dizer que os crentes tenham licença para pecar, mas mostra que Deus, embora sejamos incrédulos, é fiel (2Tm 2:12-13). Certamente, Abraão sofreu vergonha e reprovação por seu pecado, mas Deus protege os seus. Na verdade, se Abi- meleque tivesse ficado com Sara, isso alteraria o plano de Deus para o nascimento de Isaque no ano seguinte. O egoísmo e a incredulidade de Abraão quase destruíram sua vida e o futuro da nação judaica.
É muito triste observar que, anos mais tarde, seu filho, Isaque, usou esse mesmo esquema (26:6ss) com o mesmo resultado amargo.
Conclusão
Obedecer a Deus implica em também confiarmos em suas promessas, não olhando para as circunstancias que parecem ser contrárias.
A promessa de Deus age mesmo quando a situação parece ser totalmente desfavorável.
Até a próxima semana.
Pr Josias Moura