DEUS: PAI E CRIADOR – Parte II
“Creio em Deus pai, todo poderoso e criador dos céus e da terra”.
Genesis 1
O Universo não é explicado satisfatoriamente sem Deus". Este registro foi encontrado no Diário do grande cientista Albert Eistein, o criador da polêmica teoria da relatividade. Há séculos, as pessoas levantam teorias várias para explicar a origem do Universo. Eis um assunto essencialmente complexo que continua a desafiar diferentes áreas do conhecimento humano. Não nos importa, aqui, discutir as várias correntes e teorias que pretendem desvendar os mistérios do Universo. Porém, no estudo de hoje, partimos de um princípio fundamental para quaisquer postulados referentes à criação: DEUS é o Criador do Universo. Em outras palavras: por trás de toda a grande obra criada há um Ser soberano, “Criador dos céus da terra”.
Mesmo sabendo dos riscos que corremos ao analisar este assunto, precisamos repetir, com convicção e com toda a força de nossa voz: “Creio em Deus Pai, Todo- Poderoso, criador do céu e da terra”,
Qual o significado ou valor desta declaração de fé? Que implicações ou conseqüências se encontram nesta afirmação?
O estudo de hoje focaliza esta declaração e aprofunda a nossa compreensão nesta matéria de fé. Vamos considerá-la?
A partir daí, somos desafiados a reafirmar a nossa fé no Deus Pai Criador. Nesta declaração de fé, fazemos as seguintes afirmações:
1 CREMOS EM DEUS PAI… O CRIADOR DE TODAS AS COISAS
O primeiro e principal princípio da doutrina da Criação é que Deus criou todas as coisas. Esta é uma página bastante movimentada da Bíblia. Somente neste capítulo de Gênesis há 53 afirmações a respeito da ação do Deus Criador. Os diferentes verbos indicam a produção de uma obra realizada por um único autor.
Diz o texto básico que Deus criou o mundo em sete dias. É lógico que os dias mencionados não são de 24 horas, mas sim, períodos de tempos (longos) em que o Criador realiza as suas maravilhas. Aqui, a obra da criação é descrita a partir de um calendário ou de uma cronologia conhecida dos leitores que já estavam acostumados a marcar horas, dias e semanas. Não é, portanto, um relato histórico. Mas, sim, uma exposição com finalidade didática, pretendendo ensinar que Deus é o Criador de todas as coisas; e nós, criaturas feitas à sua imagem e semelhança.
Dentre outras considerações, podemos concluir que:
- Deus existe antes de todas as coisas – Deus é eterno. Ele não se originou de nada, nem de ninguém, pois existiu sempre. Ele é o princípio e o fim de todas as coisas. Como preservou a profecia de Isaías: “Eu sou o primeiro e eu sou o último, e além de mim não há Deus” (Is 44.6. Compare com Is 41.4; 48.12). Â iniciativa da criação do mundo nasce no coração de Deus e tudo foi feito por Ele e para Ele.
- Deus cria e age de forma independente – Não houve ninguém, nem no mundo visível, nem no mundo invisível, que tenha sequer opinado quanto à ação criadora de Deus. Ele agiu livre e soberanamente; ele basta-se a si mesmo, e age de acordo com os seus próprios planos e propósitos. Pergunta o apóstolo: "Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a serrestituido. Porque dele e por meio dele e para ele são todas as cousas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém” (Rm 11.34-36).
- Deus faz do nada todas as coisas – Deus é o único capaz de criar do nada. Ele não depende de matéria pré-existente para criar. Ele faz o visível do invisível. Diz a epístola aos hebreus: “Pela fé, entendemos que o universo foi criado pela Palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das cousas que não apareceram” (Hb 11.3). Ele determina e, pela sua Palavra, tudo acontece. E de algo criado, Ele estabelece normas para que a criação continue a acontecer.
Portanto, compreendemos que por trás de toda a obra da criação, há alguém, ou seja, DEUS, o autor de todas as coisas.
2 CREMOS EM DEUS PAI… O CRIADOR E PRESERVADOR DO UNIVERSO
Ao afirmar a crença no Deus Criador, somos inclinados a enfatizar que este é um ato contínuo, isto é, Deus continua a criar a sua obra, preservando-a continuamente. Há pessoas equivocadas quanto à atuação do Criador, concebendo Deus como alguém que criou o mundo, deu corda (como se fosse um relógio), e assiste de longe o curso dos acontecimentos.
Ao afirmar: “Creio em Deus Pai Criador do céu e da terra…”, estamos declarando também a nossa fé em Deus, Criador e Preservador. O suíço Francis Schaeffer escreveu uma obra denominada O Deus que está Presente; semelhantemente, Wright escreveu O Deus que Age. Em ambas, os autores demonstram que o Senhor Deus continua a prestar assistência ao mundo criado.
Daí, podemos dizer que:
- Deus preserva o mundo através de sua Palavra – Nas Escrituras Sagradas há muitos verbos característicos da ação contínua de Deus: Deus funda, constrói, consolida, modela, gera, produz. São expressões humanas sim, mas que fundamentam o poder de Deus. Repete-se na Bíblia inúmeras vezes: “Disse Deus”. Basta uma palavra do Senhor e tudo o que Ele determina acontece. A expressão “criar” (barah) que se repete 52 vezes na Bíblia, em Gênesis, reveste-se de especial significado, pois descreve algo que o homem não consegue repetir – é uma ação restrita à ação exclusiva de Deus.
- Deus preserva o mundo através de suas leis – Ao criar o mundo, Deus estabeleceu leis capazes de sustentá-lo. Por exemplo: os objetos lançados no espaço são atraídos para o centro da terra; a lua obedece ciclos determinados; os movimentos de rotação e translação acontecem sem qualquer participação humana; os astros cumprem missões definidas sem alterar a sua programação original, dentre outros (S119.1-6).
- Deus preserva o mundo através das criaturas – Há um dinamismo intenso e complementar entre os seres criados. Através da reprodução, e metamorfoses, seja por instinto ou necessidade, Deus conferiu aos seres criados uma capacidade própria de se preservarem. O equilíbrio ecológico desenvolvido no mundo natural é um dos bons e conhecidos exemplos da potencialidade das criaturas de Deus.
3 CREMOS EM DEUS PAI… O CRIADOR QUE CONTA CONOSCO
Afirmar a fé no Deus Criador envolve disposição para sentir-se parceiro ou co-cria- dor com o Deus que conta conosco. Significa dizer que Deus preserva o mundo, também, através do homem, o único criado à sua imagem e semelhança. O homem foi dotado de sensibilidade, inteligência, raciocínio, vontade etc. Estas distinções ou privilégios trazem grandes responsabilidades aos seres humanos. Ao dizer que “a criatura não existe por acidente” ou “não existe para si mesma”, o teólogo suíço Karl Barth, em sua„ Dogmática, diz que a Criação tem um aspecto interno fundamentado na aliança entre Criador e criatura. E acrescenta: “A criatura é destinada e preparada por sua natureza mesma, para essa aliança”.
A primeira grande comissão dada ao homem foi: fecundai, multiplicai, enchei a terra e sujeitai-a; dominai o mundo criado (Gn 1.28-30). Cada um, ao afirmar: “Creio em Deus Pai… Criador do céu e da terra" manifesta a sua disposição pessoal em assumir a sua missão de “mordomo” (administrador) ou “cooperador” dele. Conforme diz o Dr. Karl Schelkle: “Se Deus é o Senhor, o homem é servo perante ele… Se Deus é o Pai, o homem é seu filho”.
Há pessoas que transferem para Deus a responsabilidade de muitas situações adversas do mundo, procurando omitir-se ou isentar-se de seu papel como co-criador e preservador do mundo criado. Deus confiou aos seus filhos a missão de administrar o mundo correta e responsavelmente. Não podemos “culpar” Deus pelos inúmeros problemas do mundo que, geralmente, são de nossa total responsabilidade. Diz a Escritura que a criação sofre: "… a criação está sujeita à vaidade… a criação a um só tempo geme e suporta angústias até agora” (Rm 8.19- 22). Por exemplo: a má administração da renda e dos produtos da terra que gera mortalidade, fome, guerra etc.; ou o desequilíbrio ecológico que é conseqüência da exploração, da ganância, do “progresso”; ou mesmo a poluição, o lixo, infecções, dentre outros. Estes exemplos nos desafiam a assumir uma fé comprometida com o mundo criado, que aguarda a sua redenção.
Deus criou o mundo e viu que tudo era bom. Compete a cada um preservar este lema, não permitindo que tudo seja mau. Somos parte de um programa estabelecido pelo Senhor e a nossa fé envolve obras ou atos concretos que visam preservar o Universo. Como diz o ditado: “falar é fácil; fazer é difícil”. Afirmar a fé no Deus Criador é tarefa fácil: difícil é comprometer-se com os desafios do mundo criado. Que esta declaração de fé nos conduza ao exercício de uma fé viva, mas bastante operosa, afinal, somos cristãos responsáveis!
4 DISCUSSÃO
· É possível haver evolução na obra da criação? Justifique.
· Quanto à preservação do Universo, qual deve ser a nossa principal tarefa?
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