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Os Anjos maus
A queda de Lúcifer
- A Bíblia deixa entrever uma história chocante de uma rebelião contra Deus, que ocorreu muito antes de a raça humana existir na terra. Essa história pode explicar a origem do mal no universo e por que o mundo é tão atormentado pelo mal hoje em dia.
O texto de Ezequiel 28:11-18
- Ezequiel 28.11-18 traz uma palavra que, à primeira vista, é dirigida ao rei de Tiro. No entanto, uma leitura atenta do texto revela que o personagem central da história não pode ser o rei de Tiro. Por exemplo, em Ezequiel 28.1 3 diz que a pessoa de quem se fala “estava no Éden, jardim de Deus”, e era um ser criado. A Bíblia diz que apenas Deus, Adão, Eva e Satanás estiveram no jardim do Éden. Em Ezequiel 18.14 e 16 diz que a pessoa em questão era um querubim, que é um tipo de anjo. Dessas indicações podemos deduzir que a pessoa verdadeira descrita em Ezequiel 28.11 -18 é um anjo, caracterizado como um rei terreno. O foco da semelhança entre o rei terreno de Tiro e o anjo é o problema do orgulho.
- De acordo com a história, um dos anjos que Deus criou aparentemente era um guarda perto do trono de Deus (Ez 28.14). Esse anjo foi criado muito belo e sábio, mas corrompeu-se em resultado do orgulho (Ez 28.1 7).
- No Novo Testamento, o Espírito Santo revelou pelo apóstolo Paulo em 1 Timóteo 3.6 que a queda e condenação de Satanás foram resultado da sua presunção (soberba, arrogância). Reunindo esses dados, é muito plausível que a verdadeira pessoa descrita em Ezequiel 28.11-18 é Satanás, apesar de ele não ser identificado pelo nome na passagem.
- Como esse anjo foi assim consumido pelo orgulho? De acordo com a história, ele começou a pensar sobre a grande beleza e sabedoria que Deus lhe dera quando o criou (Ez 28.13,17). Talvez ele começou a pensar mais em si mesmo do que em Deus, e ficou presunçoso. A medida que sua vaidade aumentava, ele começou a adorar a si mesmo, em vez de adorar a Deus. Sabemos pelo encontro de Jesus com Satanás no deserto (Mt 4.1) que o grande desejo de Satanás é ser adorado por Deus (Cristo, Mt 4.9)! Parece que Satanás literalmente tinha enlouquecido em conseqüência do orgulho. Ele queria que Deus adorasse a ele, a criatura, em vez de ele adorar a Deus, o criador!
O texto de Isaías 14:12-14
- Em Isaías 14.12-14 há uma passagem muito semelhante à de Ezequiel 28.11 -18. Esta é dirigida ao rei de Babilônia, porém igualmente parece aplicar-se a alguém maior que o rei de Babilônia, com vaidade ambiciosa similar. Em Isaías 14.12, revela-se que uma pessoa identificada como Lúcifer, “estrela da manhã, filho da alva”, tem a ambição de dominar sobre todos os anjos e tornar-se como Deus (Is 14.13-14). Parece haver uma forte possibilidade de que Ezequiel 28.11 -18 e Isaías 14.12-14 estejam falando do mesmo anjo, que é Satanás.
- Talvez Satanás pensou sobre a criatura magnífica e sábia que ele era, tão digno de adoração e de exercer liderança como Deus. Talvez ele se perguntasse por que os anjos de Deus não devessem adorar e seguir a ele em vez de a Deus. Se esse é o caso, Isaías revelou os pensamentos íntimos de Satanás quando escreveu que o anjo disse a si mesmo: “Acima das estrelas [anjos] de Deus colocarei o meu trono. […] Tornar-me-ei semelhante ao Altíssimo” (Is 14.13-14, BJ). Por causa do seu orgulho, este anjo planejou um golpe contra Deus!
O texto de Apocalipse 12:3,4,7-9
- Em apocalipse há mais uma referencia a queda de Satanás. O texto declara que Miguel, líder dos anjos guerreou contra Lúcifer, e o Diabo foi atirado na terra. Este texto sugere que Lúcifer foi lançado na terra com a terça parte dos anjos.
Como os outros anjos se envolveram na rebelião de Satanás?
- Vale a pena pensar por um momento em como a rebelião de outros anjos provavelmente aconteceu. A Bíblia não nos diz diretamente, mas traz algumas indicações. Como com Satanás, o orgulho pode ter sido a causa. Tal¬vez por sugestão de Satanás, eles quiseram obter uma posição maior do que Deus lhes atribuíra.
- A queda de anjos é mencionada em 2Pedro 2.4, Judas 6 e Apocalipse 12.4. Ali diz que o dragão (Satanás, cf. Ap 12.9) arrastou um terço das estrelas (anjos) consigo. Ao que parece, um terço dos anjos no céu foi seduzido à rebe¬lião contra Deus pela estratégia de Satanás. Os rabinos judeus antigos identifi¬caram a rebelião angélica mencionada em Judas 6 e 2Pedro 2.4 com os even¬tos descritos em Gênesis 6.1-4. Ali os “filhos de Deus” casaram com as “filhas dos homens”. Os “filhos de Deus” pode ser uma referência a anjos, de acordo com Jó 1.6; 2.1; 38.7. Se esse é o caso, então esses “casamentos” foram relacionamentos ilegítimos entre anjos caídos e seres humanos, resultando em uma geração de seres humanos monstruosos e muito maus. Essa idéia pode estar sendo sugerida em Gênesis 6.4-5. Isso explicaria por que Deus decidiu destruir toda a raça humana pelo dilúvio, com exceção da família de Noé.
- Alguém pode perguntar como Satanás pôde pensar que poderia ter sucesso ao opor-se a Deus. A resposta não é dada na Bíblia, mas talvez haja uma indicação na história de Absalão, o filho do rei Davi. Absalão tentou derrubar seu próprio pai. Seu método foi seduzir os corações dos israelitas com promessas atraentes (2Sm 15.3-6). Em Ezequiel 28.16 há uma indica¬ção de que Satanás pode ter feito algo assim. Absalão também lançou dúvi¬das na mente dos israelitas sobre o caráter de Davi (2Sm 15.4). Será que Satanás pensou em um plano semelhante, de lançar dúvidas na mente dos anjos sobre o caráter de Deus? Ele certamente fez isso com Eva no jardim do Éden (Gn 3.3-5). Talvez Satanás pensou que, se conseguisse seduzir anjos suficientes, poderia fazê-los se voltarem contra Deus.
- Parece bem possível que Satanás usou a mesma estratégia com os anjos que se rebelaram que usara no jardim do Éden com o ser humano. Ali ele atraiu Adão e Eva da obediência a Deis para o engano e mentiras sobre Deus (Gn 3.4-6).
- Tendo estado próximo ao trono de Deus, Satanás deve ter entendido melhor do que nós o grande coração cheio de amor que Deus tem por todas as suas criaturas. Ele certamente sabia que o amor de Deus é imutável. Ele provavelmente contou com a possibilidade de que, por causa do seu amor por suas criaturas, Deus não usaria a violência para forçar a ele e a outros anjos à submissão, se se rebelassem.
- É verdade que Deus não usa a força bruta e a violência para conseguir a obediência das suas criaturas. Ele nos fez, e ele quer que o amemos por livre e expontânea vontade (Dt 6.5). Deus sabe que é bom para nós que lhe obedeçamos (Dt 6.24). Ele quer que nosso amor e comunhão venham de um coração cheio de admiração por ele como nosso criador. Ele quer que o amemos pelo que ele é, não por sermos forçados a amá-lo. Nesse sentido, os pais humanos refletem o coração de Deus Pai, quando querem que seus filhos tomem a mesma decisão livre de obedecer-lhes. Eles sabem que será bom para seus filhos escolher amar e obedecer-lhes como seus pais.
Fim desta aula. Até a próxima.