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ESTUDO TEOLOGICO: A PESSOA DE CRISTO NA HUMILHAÇÃO

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A Pessoa de Cristo: A Humilhação de Cristo

As Escrituras ensinam que o Cristo preexistente se tornou homem. “O Verbo se fez carne” (João 1:14); quando chegou a plenitude dos tempos, Deus “enviou seu Filho, nascido de mulher” (Gl. 4:4; cf. Rm. 8:3); que, “subsistindo em forma de Deus .. . antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornandose em semelhança de homens” (Fp. 2:6, 7); “visto, pois que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou” (Hb. 2:14). O relato histórico deste fato pode ser encontrado nas narrativas do nascimento em Mateus (caps. 1, 2) e Lucas (caps. 1, 2). Elas traçam a origem da criança Jesus até a obra do Espírito Santo. Orr diz:

As narrativas da natividade em Mateus e Lucas são indubitavelmente partes genuínas dos respectivos Evangelhos … Os capítulos em questão são encontrados em todos os manuscritos e versões dos Evangelhos cuja existência é conhecida. The Fundamentais (Os Fundamentos) (Chicago: Testimony Pubíishing Co. n.d.), 1,14 e seg.

Ele nos lembra que há centenas deles, alguns muito antigos, pertencentes a diferentes partes do mundo, e muitas versões em línguas diferentes Latim, Sírio, Egípcio, etc, e diz que em nenhum deles esses capítulos estão faltando. Ibid. A história apoia o ensinamento da Escritura. Há mais ou menos mil e novecentos anos atrás, o Homem Cristo Jesus apareceu na Palestina. Apesar de alguns poucos homens terem tentado provar que Jesus nada mais é do que um mito, a existência do Novo Testamento, da Igreja Cristã, e do dia do Senhor são testemunhas presentes contra esse ensinamento. SJ. Case, The Historicity of Jesus (A Historicidade de Jesus) (Chicago: University of Chicago Press, 2? ed., 1928). Cristo veio: é nossa obrigação buscar as razões da encarnação e a natureza dela.

1. As Razões Para a Encamação

Há diversas razões pelas quais Deus se fez homem.

1.1 Para Confirmar as Promessas de Deus.

Ele se fez homem para confirmar as promessas feitas aos pais e para mostrar misericórdia para com os gentios (Rm. 15:8, 9). Começando com o Protoevangelium em Gn. 3:15 e continuando através do Velho Testamento, Deus, em várias ocasiões, prometeu mandar Seu Filho ao mundo. Assim diz Isaías: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu” (9:6), e “Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e lhe chamará Emanuel” (7:14). Miquéias diz: “E tu, Belém Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (5:2). Um exame cuidadoso do Velho Testamento revela o fato de que há duas linhas de profecias referentes à vinda de Cristo: Ele haveria de vir como um Salvador dos pecados e como Rei em Seu Reino.

O primeiro propósito de Sua vinda é prefigurado nos sacrifícios do Velho Testamento, e ensinado em muitos Salmos (por ex. SI. 16:810; 22:1,7, 8,18; 41:911) e nos Profetas (por ex. Is. 52:14; 53:36; Dn.9:26; Zc.ll:12,13; 13:1,7). O segundo propósito é predito em muitas passagens do Velho Testamento (por ex. Gn. 17:6,16; 49:9,10; Dt. 17:1420; II Sm.7:817; SI.2; 8; 24; 45; 72; 89; 110; Is. 11:1; Jr. 23:5; 31:3134; Ez. 37:1524; Zc. 14:9). Confirmandoas, quando Ele veio, apareceu no papel duplo de Salvador e Rei; como disse Mateus, Ele era filho de Davi e também filho de Abraão (Mt. 1:1). Gabriel havia dito a Maria que o Senhor Deus “lhe dará o trono de Davi, seu pai” (Lucas 1:32), e Ele mesmo disse: “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt. 15:24). Entretanto, os Seus não O receberam (João 1:11); apesar da multidão têLo aclamado como Filho de Davi quando Ele entrou em Jerusalém, montado em um jumento (Mt.21:9), alguns dias mais tarde os líderes induziram a multidão a pedir que fosse crucificado. Assim Ele morreu como sacrifício substitutivo e se tornou o Salvador do mundo, e a pedra fundamental da Igreja (Mt. 16:18, 21; Atos 20:28; Ef. 2:20; 5:25).

1.2 Para Revelar o Pai.

No Velho Testamento, Deus é revelado como Criador e Governador (SI. 103:13); Cristo acrescentou a esta a revelação de Deus como Pai. As Escrituras judaicas revelavam a unidade, santidade, poder e beneficência de Deus; Cristo completou a revelação acrescentando a idéia de Deus como Pai. João diz: “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou” (1:18); e, outra vez: “Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim, vê o Pai” (14:9). Jesus ensinou que o próprio Pai nos ama (João 16:27); que o Pai sabe do que necessitamos, antes mesmo que Lho pecamos (Mt. 6:8; cf. v. 32); que Ele não deixará de dar qualquer coisa boa a Seus filhos (Mt. 7:11); e que todos podem se tornar Seus filhos (Mt. 5:45; João 3:3,5; I João 3:1,2). G. Campbell Morgan diz, a respeito desta revelação da Paternidade de Deus: “Esta manifestação conquista a submissão da razão;apela para o amor do coração; exige a rendição da vontade”. The Fundamentais (Os Fundamentos), 1,36.

1.3 Para Se Tornar um Fiel Sumo Sacerdote.

Ele veio para se qualificar para agir como um fiel Sumo Sacerdote. Precisa ser dito, com toda reverência, que Cristo veio para entrar em toda experiência humana, menos o pecado, para que pudesse servir como Sumo Sacerdote. O livro de Hebreus ensina que os sumos sacerdotes eram tirados dentre os homens para que pudessem fielmente representar os homens (5:1, 2), e nos diz de igual modo que Cristo foi tirado dentre os homens e pelas mesmas razões (5:4, 5). Declara que “convinha que aquele, por cuja causa e por quem todas as cousas existem, conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse por meio de sofrimento o Autor da salvação deles” (2:10). Existe, então, uma perfeição que Cristo obteve através de suas experiências aqui como Homem. Este mesmo livro diz ainda que “por isso mesmo convinha que, em todas as cousas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas cousas referentes a Deus, e para fazer propiciação pelos pecados do povo. Pois naquilo que Ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (2:17,18). Lemos algo semelhante em outro lugar: “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecerse das nossas fraquezas, antes foi ele tentado em todas as cousas, à nossa semelhança, mas sem pecado”, e é baseado nisto que se diz: “Acheguemonos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb. 4:15,16). O próprio fato de Ele ter sentido fome, falta de simpatia dos outros, de ter tido noites de insônia, de ter ficado cansado das lidas da vida, de ter sentido todo o tipo de tentação que aparece ao homem, de ter sido mal compreendido, abandonado, perseguido e entregue à morte, foi uma preparação para Seu presente ministério sacerdotal.

1.4 Para Aniquilar o Pecado.

Ele veio para aniquilar o pecado pelo sacrifício de Si mesmo (Hb. 9:26b). Esta verdade já foi mencionada em conexão com o primeiro propósito da encarnação, mas precisa ser estabelecida mais especificamente como o propósito de todos os propósitos. Jesus disse: “Pois o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc. 10:45). É claramente mostrado que Ele precisava se tornar um homem para morrer pelos pecados da humanidade. “Vemos, todavia, aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos, Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi coroado de glória e de honra, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem” (Hb. 2:9); e João diz: “Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado” (I Jo. 3: 5). Diz o Catecismo de Heidelberg, conforme citado por Schaff, Pergunta 16: “Por que deve ser ele um homem verdadeiro e sem pecado?” Resposta: “Porque a justiça de Deus requer que a mesma natureza humana que havia pecado fizesse reparação pelo pecado; mas homem algum, sendo ele próprio pecador, poderia oferecer reparação por outros”. Phil. Schaff, Creeds of Christendom (Credos do Cristianismo) (New York: Harper and Brothers, 1887), III, 312.

Examinaremos a natureza exata da expiação um pouco mais tarde; mas observe algumas verdades gerais a respeito dela aqui. Se Ele veio para dar Sua vida em resgate de muitos, então sabemos que Ele veio para redimir os homens de seu pecado por Sua morte. Sabemos então também que Sua morte foi substitutiva (anti) e ainda mais, que nem todos, mas muitos serão salvos. A idéia de aniquilar o pecado parece se referir ao bode expiatório do Velho Testamento. No Dia da Expiação anual, um bode era oferecido em sacrifício e outro era mandado para o deserto, após os pecados do povo terem sido confessados sobre sua cabeça (Lv. 16:2022). Assim, Cristo foi o “Cordeiro de Deus que tira (ho airon) o pecado do mundo” (Jo. 1:29,36). Como diz Isaías: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos” (53:6). E quando é dito que Ele provou a morte por todos os homens, a idéia é a de que Ele fez isso no lugar de todos os homens. Aqueles que acreditam nesta verdade estão livres de a provarem por si mesmos. Paulo declara que Aquele que não conhecia o pecado foi feito pecado por nós; para que fôssemos feitos justiça de Deus nEle (II Co. 5:21). Cristo veio para ensinar aos homens, para ajudálos em questões materiais e físicas, para lhes dar o exemplo, etc, mas, acima de todas estas coisas, Ele veio para morrer pelos pecados do homem. Sua morte é o requisito básico para todas as bênçãos de que gozamos.

1.5 Destruir as Obras do Diabo.

Ele veio para destruir as obras do diabo (I Jo. 3:8). Lemos em Hebreus:

“Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse a todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida”. (2:14,15).

Comentando a respeito dos dois objetivos da manifestação de Cristo em João 3:5, 8, “tirar os pecados” e “destruir as obras do diabo”, Westcott diz:

A este respeito, ‘as obras do diabo’ estão reunidas no ‘pecado’ do qual elas brotam. Isto o diabo trouxe aos homens e ao mundo, e os homens fazem suas as obras dele. Compare João 8:41. Estas obras, sob diferentes aspectos, são chamadas de ‘obras das trevas’ (Rm. 13:12; Ef. 5:11), e ‘da carne’ (Gl. 5:19). Elas estão colocadas em oposição às ‘obras de Deus’ (Jo. 9:3) e às ‘obras de Cristo’ (Mt. 11:2); B.F. Westcott, The Epistles of John (As Epístolas de João) (Wm. B. Eerdmans Publ. Co., 1949), pág. 107.

A vinda de Cristo, particularmente Sua obra na Cruz, trouxe derrota a Satanás (Jo. 12:31; 14:30). Ele é um inimigo vencido. Perdeu seu poder sobre seus súditos; um dia, será lançado em um lago de fogo (Ap. 20:10). Então tudo que ele causou através da introdução do pecado chegará ao fim, exceto pelo castigo daqueles que foram seus seguidores.

1.6 Para Nos Dar um Exemplo de uma Vida Santa.

Apesar de não encontrarmos este propósito definido com essas palavras em parte alguma, está no entanto, subentendido em muitas referências. Por exemplo, nestas: “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas” (Mt. 11:29); “aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar como ele andou” (I Jo. 2:6); e “porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixandovos exemplo para seguirdes os seus passos” (I Pe. 2:21). Os escritores das Sagradas Escrituras eram mestres infalíveis; mas não tinham caráter infalível. Cristo foi o único que foi infalível em Seus ensinamentos e em Seu caráter. Era necessário que tivéssemos uma ilustração do que Deus quer que sejamos. Cristo é o Salvador do crente; mas é também o seu exemplo. Para os não salvos, a Bíblia diz: crê e vive; para os salvos, segue Seus passos. Esta ordem nunca é revertida. O incentivo mais poderoso à santidade não é preceito, mas sim exemplo, especialmente o exemplo daquele com o qual nos associamos intimamente. Quando Moisés desceu da montanha, onde havia falado face a face com Deus, seu rosto brilhava (Êx. 34 :29). De maneira semelhante, que possamos ser transformados na própria imagem de nosso Senhor, “contemplando, como por espelho, a glória do Senhor” (II Co. 3 : 18). Cristo nos ensinou como devemos agir para com Deus, as Escrituras, o sistema religioso de nossos dias, homens perdidos, crentes verdadeiros e inimigos.

1.7 Para Preparar para o Segundo Advento.

Lemos que “Assim também Cristo, tendose oferecido de uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação” (Hb. 9 :28). Já dissemos que há duas partes na salvação, a saber, a sua provisão e a sua aplicação; mas é evidente que precisa primeiro haver uma provisão de salvação antes que possa haver uma aplicação da mesma.

Agora, manifestamente, muito da salvação que Cristo providenciou há mil e novecentos anos atrás, está sendo aplicada hoje. Os crentes são salvos do castigo e culpa do pecado no momento em que aceitam a Cristo; e estão sendo salvos do poder do pecado pela intercessão de Cristo e a submissão de todo o seu ser a Ele; mas não são salvos da presença do pecado até que sejam levados para estar com Ele. Além disso, existe a redenção do corpo. Quando Cristo morreu na cruz, fê-lo pelo homem todo. Mas a cura do corpo não é concedida a todos hoje simplesmente com base na fé, e imortalidade corporal está totalmente no futuro. Também assim será com a redenção da criação. Na cruz, Cristo adquiriu todo este universo, mas Ele está adiando o livramento real da criação até o dia quando os filhos de Deus forem revelados (Rm. 8:18-25). É como “um Cordeiro como tinha sido morto” (Ap. 5 :6), que Cristo abrirá os selos do Livro, a escritura dos bens adquiridos. Sua primeira vinda foi necessária como preparação para Sua segunda vinda.

2. A Natureza da Encarnação

Há diversas passagens clássicas sobre este assunto. Em Fp. 2 :6 observamos que a humilhação de Cristo começou com a atitude de mente de Cristo; Ele julgou que estar em igualdade com Deus não era coisa para ser usurpada, i. e., forçosamente retida. Esta é uma atitude de humildade, pois os orgulhosos não apenas ficam ansiosos para reter tudo o que possuem, mas também obter tudo aquilo que não possuem ainda. Algumas pessoas erroneamente interpretam esta passagem como tendo referência à vida terrena de Cristo, considerando a forma de Deus como algo que Cristo possuía mesmo no estado de humilhação, e igualdade com Deus como algo a ser obtido no estado de exaltação, um privilégio pelo qual o Humilde se contentava em pacientemente esperar, abstendo se de agarrado prematuramente, fazendo uma demonstração intempestiva de Sua dignidade divina. Bruce, Op. cit. , p. 10.

Mas Bruce mostra que a cláusula: Não julgou como usurpação, se refere a estar na forma de Deus, conforme mostra a estrutura da sentença. Ibid, p. 10. Precisamos agora notar a natureza da encarnação.

2.1 Ele Esvaziou a Si Mesmo.

Em primeiro lugar, é-nos dito que Cristo “a si mesmo esvaziou” (Fp. 2:7). A palavra grega é kenoo, e é dela que obtemos a palavra kenosis. Infelizmente, os chamados teólogos quenóticos interpretaram erroneamente o ato que essa palavra descreve. Eles nos dizem que Cristo Se esvaziou a Si mesmo de seus atributos relativos Sua onisciência, onipotência e onipresença ao mesmo tempo que retinha seus atributos imanentes Sua santidade, amor e verdade. Tomásio e Delitzsch na Alemanha, David W. Forrest na Escócia, e Crosby nos Estados Unidos pensavam assim. Forrest declara que Cristo tinha conhecimento amplo e profundo, mas que não era onisciente; que Ele ainda mais claramente não era onipresente; e que Ele não reteve Sua onipotência, mas realizou Seus milagres “por virtudes do poder a Ele conferido pelo Pai, recebido em resposta à oração, e condicionado em exercício á Vontade Suprema à qual Ele submetia a Sua própria vontade.” D. W. Forrest, The Christ of History and Experience (O Cristo da História e da Experiência) (Edinbugh: T. and T. Clark, 1903). p. 194 e seguintes.

Replicamos porém a essa asserção dizendo que Cristo repetidamente demonstrou Seu conhecimento divino. Assim, lemos que Ele “conhecia a todos”, “sabia o que era a natureza humana” (Jo. 2:24,25); que Ele sabia “todas as cousas que sobre ele haviam de vir” (Jo. 18:4). Quanto ao Seu poder, não apenas lemos que Ele repreendeu o vento, milagrosamente deu de comer aos famintos, curou doentes, expulsou demônios, e ressuscitou os mortos; mas que Ele freqüentemente instava com as pessoas a que cressem Nele por causa de Suas obras, se não cressem em Suas palavras (Jo. 14 :11: 36; 10 :25,37,38; 15 :24). João apresenta oito “sinais” escolhidos do ministério de Cristo, para que seus leitores cressem que “Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e, para que, crendo” pudessem ter vida em Seu nome (Jo. 20 :30,31). Certamente, as obras de E lias e Eliseu não demonstraram que fossem Deus encarnado porque realizaram pelo poder do Espírito; mas somos levados a crer que Cristo é Deus por causa das obras que Ele fez. Este só pode ser o caso se Ele as tiver realizado, pelo menos muitas delas, pelo poder de Sua Própria Divindade. Hodge diz, quando Moisés dividiu o Mar Vermelho, a eficácia não estava nele mais do que estava na vara, e continua:

Cristo, entretanto, realizou milagres por Seu próprio poder inerente . . . Cristo nunca relacionou este poder milagroso a qualquer outra fonte além de Si mesmo; Ele o reivindicou como sendo Sua prerrogativa; e Ele conferiu esse poder a outros … Ele portanto apelou diretamente para Suas obras. Op. cit. , I, 503, 504.

Shedd diz:

É afirmado que o poder de Cristo em realizar milagres era oficial, como o dos apóstolos e dos profetas. Isto é um engano porque (a) Poder milagroso emanava Dele como se da fonte original. Lucas 6:19; 8 :46; Mt. 9 :28. “Credes que eu posso fazer isso?” (b) Os apóstolos afirmam que eles não realizam milagres em seus próprios nomes, mas sim no nome de Cristo. Op. cit., I, 321, 322.

Strong diz:

A humilhação consistia na rendição do exercício independente dos atributos divinos … Na contínua rendição por parte do Deus homem, no que tangia a sua natureza humana, do exercício desses poderes divinos com os quais havia sido dotado por virtude de sua união com o divino, etc. Op. cit. , p. 703.

Quanto à Sua onipresença, João apresenta Jesus dizendo que “o Filho do Homem” está no céu (3:13). “Uma passagem que claramente indica que Cristo tinha consciência, em certas horas de sua vida terrena pelo menos, de que não estava confinado à terra mas também estava no céu”. Strong, Op. cit., pág. 681. Em Hovey’s Commentary on John (Comentário de Hovey sobre João), Wescott e Hort rejeitam essa leitura, mas Broadus a defende como sendo genuína. Alvah Hovey in An American Commentary on the New Testament (Um comentário Americano sobre o Novo Testamento) (Philadelphia: American Baptist Publishing Soe. , 1885), in loc. Rejeitamos, portanto, a teoria de que Cristo se esvaziou de Seus atributos relativos na encarnação.

Ao invés da teoria acima mencionada, as Escrituras ensinam, se as tomarmos como um todo, que Cristo simplesmente abandonou o exercício independente de alguns de Seus atributos relativos ou transitórios. (Strong, Op. cit. , 248 e seguintes) Não abandonou os atributos imanentes ou absolutos de modo algum; foi sempre perfeitamente santo, justo, misericordioso, verdadeiro e fiel; e sempre amou com toda intensidade de Seu ser. Mas se esvaziou quando deixou de exercer independentemente Seus atributos relativos. Assim, Ele é onisciente, onipotente, e onipresente na medida em que o Pai Lhe concedeu exercer esses atributos. Isto está envolvido em ter Ele deixado a glória que tinha com o Pai antes mesmo que o mundo existisse (Jo. 17 :5), e em ter assumido a forma de servo (Fp. 2:6). Que esta é a idéia verdadeira é demonstrado pelo fato de Jesus ter falado das coisas que o Pai lhe havia mostrado (Jo. 5: 20; 8:38), ensinado (Jo. 8 :28), e Lhe dado a fazer (Jo. 5 :36); também pelo fato do Pai terLhe dado certa “autoridade” (Jo. 10 :18); de têLo ungido “com o Espírito Santo e poder” (Atos 10:38); de que Ele, pelo menos às vezes, expulsou demônios pelo Espírito Santo (Mt. 12 :28); de que Ele, pelo Espírito Santo, deu ordens aos apóstolos (Atos 1:2); de ter Ele Se oferecido a Deus através do Espírito eterno (Hb. 9:14). A paráfrase de Lighfoot de Fp. 2 : 7 é insatisfatória. Diz “Ele despiu-Se, não de Sua natureza divina, pois isto era impossível, mas das glórias, das prerrogativas da Divindade.

Isso Ele fez, assumindo a forma de servo”. J. B. Lighfoot, PauTs Epistle to the Phillipians (Epístola de Paulo aos Filipenses) (New York: The Macmillan Co. , 1900), p. 110. Isto é muito parecido com a teoria dos teólogos quenóticos que já refutamos acima.

2.2 Tornou- se em Semelhança de Homens.

Énos dito que Ele tornouse em semelhança de homens (Fp. 2 :7). Temos aqui uma clara distinção entre as duas idéias: “genomenos em contraste com huparchon, tornandose em contraste com “ser por natureza”. AA. Kennedy, em Expositor’s Greek Testament (Exposições do Novo Testamento Grego) (Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans Co., n. d.) In loc. Ele subsistiu em forma de Deus; veio para tornar-se em semelhança de homens. Em Rm. 8:3, Paulo diz que Deus enviou Seu próprio Filho “em semelhança de carne pecaminosa”. Sanday e Headlam comentam a respeito desta expressão: “A carne de Cristo é ‘como’ a nossa só porque é carne; ‘como’ e apenas ‘como’, porque não é pecaminosa”. Wm. Sanday, A.C. Headlam, Epistle to the Romans (Epístola aos Romanos) (New York: Chás. Scribner’s Sons, 1898), p. 193. Moule diz:

O Apóstolo toma muito cuidado para não dizer “em carne pecaminosa”; Pois “não havia Nele pecado” quanto a todo o Seu ser santo. Mas nem tampouco diz que em semelhança de carne, o que poderia parecer significar que a carne era irreal. O Filho Eterno assumiu “carne” verdadeira (Jo. 1:14; Rm. 9:5; Cl. 1:22, etc); e era “como” a nossa “carne” pecaminosa por estar sujeita a todas as necessidades e enfermidades que, embora não pecaminosa em si mesma, são para nós ocasiões para pecarmos. H.C.C. Moule, Romans, em Cambridge Bible for Schools and Colleges (Cambridge: University Press, 1896), pág. 138 e seguintes.

João 1 :14 parece ir além. Diz que o Verbo “se fez (egneto) carne”. Hovey afirma que um estudo de passagens tais como I Jo. 4 :2; II Jo. 7; I Tm. 3 :16; Gl. 4 :4; Rm. 1 : 3; 8:3; Fp.2:7; Cl. 2 :9; Jo.8:58; 17 :5; 3 :11-13, farão com que se hesite por muito tempo antes de concordar com a conclusão de Gess, Godet, e outros, que o verbo se fez inclui uma rendição de sua consciência ou seu modo de existência divinos. Pois este termo não afirma que o Verbo Divino foi convertido em carne ou natureza humana. Declara apenas que se tornou pessoa de quem se pode afirmar a verdadeira humanidade. Op. cit., p. 66. Ele diz que a palavra carne “é geralmente aceita como sendo uma designação da natureza humana, tomada de seu lado mais baixo e mais visível. O significado seria quase que o mesmo se João houvesse dito: O Verbo se fez homem”. Ibid. João diz em outra parte que Cristo veio “carne” (I Jo. 4 :2,3; II Jo. 7; e lemos em Hebreus que Ele “participou” de “carne e sangue” (2:14). Quando lemos em Hebreus (10:5): “Sacrifício e oferta não quiseste, antes corpo me formaste”, precisamos não interpretar isto como querendo dizer que o corpo de Cristo era divino. O verbo katartizo usado aqui não significa preparar no sentido de criar, mas de arranjar, equipar. J.H. Thayer, GreekEnglish Lexicon of the N.T., s.v. (Léxico GregoInglês do N.T., v.p.) (New York: American Book Co., ed. Corrigida, 1889). Era um corpo perfeitamente humano, mas tinha sido equipado para servir ao propósito de Deus. João diz que o Verbo “habitou” (eskenosen) em carne (1:14); e Paulo diz que nEle habita “corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl. 2:9).

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“Dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos dará; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também.” Lucas 6:38

SOBRE O AUTOR:
Josias Moura de Menezes

É formado em Teologia, Análise e Desenvolvimento de Sistemas e Licenciatura em Matemática. É especialista em Marketing Digital, Produção Audiovisual para Web, Tecnologias de Aprendizagem a Distância, Inteligência Artificial, Jornalismo Digital e possui Mestrado em Teologia. Atua ministrando cursos de capacitação profissional e treinamentos online em diversas áreas. Para mais informações sobre o autor <clique aqui>.

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