Aula 02 – Sermão temático

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Princípios Básicos da Preparação de Esboços Temáticos

  1. As divisões principais devem vir em ordem lógica ou cronoló­gica.

Isto significa que devemos ter como alvo desenvolver o esboço em progressão lógica ou cronológica, que será determinada pela natureza do tópico. Escolhemos como tema as verdades vitais referentes a Jesus Cristo, e assim construímos o seguinte esboço:

Título: “Digno de Adoração”

Tema: Verdades vitais referentes a Jesus Cristo.

I.  Ele é Deus manifestado na carne, Mateus 1:23.

II. Ele é o Salvador dos homens, 1 Timóteo 1:15.

III. Ele é o Rei vindouro, Apocalipse 11:15.

Observe que este esboço está em ordem cronológica. Jesus Cristo, Filho de Deus, primeiramente se encarnou, depois foi à cruz e deu a vida para tonar-se nosso Salvador, e algum dia virá para reinar como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Observe também que, de acordo com a definição de sermão temático, as divisões não são tiradas do título, mas do tema ou assunto. O mesmo se aplica a todos os esboços temáticos apresentados neste capítulo.

Abaixo encontra-se outro exemplo de progressão, no qual as divisões estão dispostas em ordem lógica. O tema trata das características da esperança do crente, e empregaremos estas três palavras “Esperança do Crente”, como título do esboço:

Título: “Esperança do Crente”

Tema: Características da esperança do crente

I.    É uma esperança viva, 1 Pedro 1:3.

II.    É uma esperança salvadora, 1 Tessalonicenses 5:8.

III.   É uma esperança segura, Hebreus 6:19.

IV.   É uma boa esperança, 2 Tessalonicenses 2:16.

V.      É uma esperança invisível, Romanos 8:24.

VI.   É uma esperança bendita, Tito 2:13.

VII.  É uma esperança eterna, Tito 3:7.

Note que o esboço atinge o auge na última divisão.

  • 2.      As divisões principais podem ser uma análise do tópico.

Na análise de um tópico é preciso que o dividamos em suas partes básicas e que cada divisão do esboço contribua para a inteireza da apresentação do tema. Tomemos como tópico os fatos principais a respeito de Satanás, apresentados na Bíblia.

Usando “Satanás, Nosso Arquiinimigo” como título, podemos analisar o tema da seguinte maneira:

Título: “Satanás, Nosso Arquiinimigo”

Tema: Principais fatos bíblicos a respeito de Satanás:

I.    Sua origem, Ezequiel 28:12-17.

II.   Sua queda, Isaías 14:12-15.

III.  Seu poder, Efésios 6:11-12; Lucas 11:14-18.

IV.   Suas atividades, 2 Coríntios 4:4; Lucas 8:12; 1 Tessalonicenses 2:18.

V.     Seu destino, Mateus 25:41.

Note que, se omitíssemos a segunda divisão principal deste esboço, não teríamos uma análise satisfatória do tópico, pois faltaria uma característica básica. É possível, contudo, que um estudo posterior de Satanás na Bíblia acrescente a este esboço um ou dois outros pontos importantes. Observe também que, de acordo com a regra anterior, as divisões se dispõem em ordem lógica.

  • 3.As divisões principais podem apresentar as várias provas de um tema.

O esboço que se segue foi construído dessa maneira:

Título: “Conhecendo a Palavra de Deus”

Tema: Alguns benefícios do conhecimento da Palavra de Deus.

I.  O conhecimento da Palavra de Deus torna a pessoa sábia para a Salvação, 2 Timóteo 3:15.

II.   O conhecimento da Palavra de Deus nos impede de pecar, Salmo 119:11.

III. O conhecimento da Palavra de Deus produz crescimen­to espiritual, 1 Pedro 2:2.

IV.  O conhecimento da Palavra de Deus resulta num viver vitorioso, Josué 1:7-8.

Vemos que cada uma das divisões principais deste esboço confirma o tópico: cada afirmativa nas divisões principais mostra um dos benefícios do conhecimento da Palavra de Deus.

  • 4.As divisões principais podem tratar um assunto por analogia ou por contraste com algo mais na Escritura.

Um esboço temático desse tipo compara ou contrasta o assunto com algo a que se relacione na Bíblia. Por exemplo, lemos em Mateus 5:13 que o Senhor Jesus disse: “Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens.”

Um exame do contexto deste versículo indica clara­mente que Cristo se refere ao testemunho do crente e o compara ao sal. Podemos, pois, construir um esboço com o título: “Testemunho Eficaz”, no qual cada divisão consista numa comparação do testemunho do crente com o sal:

Título: “Um Testemunho Eficaz”

Tema: Comparação do testemunho do crente com o sal.

I.   Como o sal, o testemunho do crente deve temperar, Colossenses 4:6.

II. Como o sal, o testemunho do crente deve purificar, 1 Tessalonicenses 4:4.

III.  Como o sal, o testemunho do crente não deve perder o sabor, Mateus 5:13.

IV.  Como o sal, o testemunho do crente deve produzir sede, 1 Pedro 2:12.

  • 5.     As divisões principais podem ser repetições de uma palavra ou frase tirada da Escritura.

A frase “Deus pode” ou “ele pode” ou “ele é poderoso” (na qual o pronome “ele” se refere ao Senhor) ocorre várias vezes na Bíblia. Tendo esta proposição como base de cada divisão princi­pal, obtemos o seguinte esboço:

Título: “A Capacidade de Deus”

Tema: Algumas coisas que Deus pode fazer.

I.    Ele pode salvar, Hebreus 7:25.

II.   Ele pode guardar, Judas 24.

III.  Ele pode socorrer, Hebreus 2:18.

IV.  Ele pode subordinar, Filipenses 3:21.

V.     Ele pode conceder graça, 2 Coríntios 9:8.

VI. Ele pode fazer muito mais do que pedimos ou pensa­mos, Efésios 3:20.

  • 6.     As divisões principais podem ter o apoio de uma palavra ou frase bíblica.

Isso significa que se emprega a mesma palavra ou frase bíblica, não no esboço, como é o caso da regra anterior, mas na substanciação da afirmativa de cada divisão. Como exemplo, damos um esboço de um estudo da expressão “em amor”, que ocorre seis vezes na Epístola aos Efésios. Usando fatos referentes à vida de amor como tema, e apresentando cada referência bíblica no esboço, veremos que esta expressão sustenta cada uma das divisões principais:

Título: “A Vida de Amor”

Tema: Fatos referentes à vida de amor.

I.   É fundada no propósito eterno de Deus, 1:4-5.

II.  É produzida pela habitação de Cristo, 3:17.

III. Deve manifestar-se em nossos relacionamentos cris- tâos, 4:1-2; 4:15.

IV.  Resultará na edificação e crescimento da igreja, 4:16.

V.     É exemplificada pelo próprio Cristo, 5:1-2.

O estudante diligente descobrirá que é frequente a repetição de palavras e frases importantes na Bíblia. Às vezes, expressões significativas são repetidas no mesmo livro, como no caso acima. Estas repetições não são acidentais; sem dúvida foram registradas na Palavra de Deus para que lhes demos atenção especial. O Livro dos Salmos, e também as epístolas de Paulo e a Epístola aos Hebreus, são especialmente ricas em repetições de palavras e frases importantes. Um estudo pormenorizado do contexto em que essas palavras se encontram, redundará em mensagens interessantes e proveitosas.

  • 7.     As divisões principais podem consistir num estudo de palavra que mostre os diversos significados de certa palavra ou palavras nas Escrituras.

Tal estudo pode ser um exame da palavra nas línguas originais. Mediante tal estudo o pregador pode mostrar várias nuances de significados, das quais a pessoa que lê em português pode não ter consciência. O verbo traduzido por “caminhar” na versão portu­guesa do Novo Testamento, por exemplo, pode derivar de uma de seis palavras diferentes no grego, as quais sugerem meios pelos quais podemos compreender o verbo “caminhar”.

O estudo de palavra pode ser um exame do original, a fim de descobrir as nuances dessa palavra no grego ou no hebraico. Por exemplo, a palavra “honra” no grego, é usada em quatro sentidos diferentes no Novo Testamento grego, e de um estudo do seu uso no texto original obtemos o seguinte esboço:

Título: “Estimativas de Valores — de Deus ou do Homem” Tema: Significados da palavra “honra” no Novo Testamento grego.

I.    Preço pago, 1 Coríntios 6:20.

II.   Valor que alguns homens dão às ordenanças humanas, Colossenses 2:23.

III. Estima ou respeito conferido a outrem, 1 Timóteo 1:17; Hebreus 2:9.

IV.  A preciosidade de Cristo para o crente, 1 Pedro 2:7.

Não é preciso conhecer grego ou hebraico a fim de se desenvolver um estudo de palavra. Uma boa concordância bíblica, um dicionário expositivo do Novo Testamento, bem como outras ajudas gramaticais capacitarão o estudante que não conhece as línguas bíblicas originais a fazer uma valiosa pesquisa semântica.

Do mesmo modo, esse tipo de estudo pode investigar uma importante palavra ou frase bíblica por todas as Escrituras, observando-a em seus relacionamentos contextuais e estudando­-a indutivamente. Em outras palavras, procuramos todas as referências específicas de certa palavra ou frase e a seguir comparamos, analisamos e classificamos nossas observações tentando chegar a conclusões válidas com referência a essa palavra ou frase.

Por exemplo, tomemos a palavra “pequei”. Com o uso de uma concordância, descobrimos que esta expressão ocorre vinte e duas vezes no Antigo e Novo Testamentos. Examinando os relacionamentos contextuais de cada uma dessas referências, e também comparando e analisando as palavras, verificamos que “pequei” nem sempre conota verdadeira confissão de pecados. A seguir classificamos nossas observações e as dispomos em forma de esboço. Sob o título “Confissões — Falsas ou Verdadeiras”, mostramos que a palavra “pequei”, quando usada por diversas pessoas na Bíblia, pode significar várias coisas:

I.    Uma expressão de temor, como no caso de Faraó, Êxodo 9:27; 10:16; de Acã, Josué 7:20; de Simei, 2 Samuel 19:20.

II.  Uma expressão de insinceridade, como no caso de Saul, 1 Samuel 15:24, 30.

III.  Uma expressão de remorso, como no caso de Saul, 1 Samuel 26:21; de Judas, Mateus 27:4.

IV.  Uma expressão de verdadeiro arrependimento, como no caso de Davi, 2 Samuel 12:13; Salmo 51:4; de Neemias, Neemias 1:6; do filho pródigo, Lucas 15:18, 21.

 

8.     As divisões principais não devem apoiar-se em textos de prova fora do contexto.

Sempre há o perigo, nos estudos de tópicos, de empregarmos um texto tirado do seu contexto; portanto, o pregador deve, constantemente, tomar o devido cuidado para que cada passagem bíblica citada em apoio de sua afirmativa contida no esboço seja usada exatamente de acordo com o propósito óbvio do seu autor.

Sermões Doutrinários

O estudo temático presta-se admiravelmente à elaboração do sermão doutrinário. A doutrina escolhida fornece o tema, que deve limitar-se a apenas um aspecto dessa doutrina. Por exemplo, podemos escolher o significado da redenção como o tema e selecionar algumas passagens-chave como base do esboço. Se, porém, quisermos aprender a verdade toda concernente a certa doutrina, será necessário cobrir a Bíblia toda, notando todas as referências pertinentes a essa doutrina. Tendo estudado cada uma dessas referências em seu contexto correto, juntamos, analisamos e classificamos nossas descobertas e obtemos uma base bíblica sadia para as nossas conclusões.

Série de Mensagens Temáticas

A preparação de esboços temáticos possibilita um conjunto de mensagens sobre algum assunto. Aqui, também, a variedade da série que pode ser desenvolvida quase não tem limites, mas o espaço não nos permite mais que uns poucos exemplos.

“Retratos do Homem Perfeito” fornece o título geral para a seguinte série de sermões:

“O Amor de Jesus”

“O Rosto de Jesus”

“As Mãos de Jesus”

“As Lágrimas de Jesus”

“A Cruz de Jesus”

“O Sangue de Jesus”

“O Nome de Jesus”

Os exemplos de esboços temáticos dados neste capítulo devem deixar claro que as divisões principais das mensagens, numa série como esta, não sairão dos títulos, mas dos temas específicos com eles relacionados. Por exemplo, para construirmos um sermão temático sob o título “O Amor de Jesus”, podemos usar qualquer destes tópicos: características do seu amor, manifesta­ções do seu amor, ou os objetos do seu amor.

Caso o pastor veja a necessidade de seu povo conhecer certas formas de erro, pode ele escolher o título geral de “Enganos Espirituais Comuns”, e usar as sugestões seguintes como títulos da série:

“O Engano dos Testemunhas de Jeová”

“O Engano do Mormonismo”

“O Engano da Ciência Cristã”

“O Engano do Adventismo do Sétimo Dia”

“O Engano da ‘Unificação’ ”

“O Engano do Espiritismo”

“Vida Em Plano Mais Elevado” pode formar a base de uma série de sermões com títulos como os que damos a seguir:

“A Vida Disciplinada”

“A Vida Consagrada”

“A Vida Contente”

“A Vida de Oração”

“A Vida Abundante”

Outra excelente série pode ser chamada de “Vida Cristã Vitoriosa”, e podemos usar os seguintes títulos:

“Como Ser um Crente Que Cresce”

“Como Ser um Crente Espiritual”

“Como Ser um Crente Útil”

“Como Ser um Crente Tranqüilo”

“Como Ser um Crente Feliz”

“Como Ser um Crente Vitorioso”

Um plano que tem significação especial para a época em que vivemos pode ser chamado de “O Lar Cristão”, e incluir títulos como os seguintes:

“O Fundamento do Lar Cristão”

“O Relacionamento da Esposa com o Marido e com Cristo”

“A Responsabilidade do Marido para com a Esposa e para com Cristo”

“Privilégios da Paternidade”

“Disciplina no Lar”

“Devoções Familiares”

“Ameaças ao Lar Cristão”

“Vida Familiar Feliz”

“A Bíblia Examinada” pode ser o título geral para outro grupo de mensagens, com títulos como estes:

“É a Bíblia Verdadeira?”

“A Bíblia se Contradiz?” “A Bíblia Tem Aplicação?” “Como Compreender a Bíblia?” “Pode-se Confiar na Tradução da Bíblia?”

Um estudo dos assuntos mais importantes de um livro ou conjunto de livros da Bíblia também há de sugerir uma série de sermões. Consideremos a Primeira e a Segunda Epístolas aos Tessalonicenses como um exemplo. Estas epístolas contêm vários assuntos doutrinários, e delas podemos aprender o que Paulo ensinou àqueles cristãos primitivos a respeito de Deus, de Jesus Cristo, do Espírito Santo, do evangelho, do caminho da salvação, da segunda vinda de Cristo, dos crentes e de Satanás. Cada um destes oito itens pode ser encontrado em uma ou em ambas as epístolas.

Selecionamos a segunda vinda de Cristo como um exemplo, e ao estudar a primeira epístola observamos que todos os capítulos dessa carta a mencionam. Assim, conseguimos o seguinte esboço:

Título: “A Bem-aventurança da Esperança do Crente”

Tópico: Efeitos que a esperança da segunda vinda de Cristo produz sobre o crente

I.    Produz paciência, 1:10.

II.   Assegura recompensa pelo trabalho, 2:19.

III.  Satisfaz aos anseios de santidade, 3:13.

IV.  Dá consolo em meio à aflição, 4:13.

V.     Enriquece a oração, 5:23.

Chamamos a atenção do leitor para mais um assunto encontra­do na Primeira e na Segunda Carta aos Tessalonicenses. A palavra “irmãos” ocorre nada menos que vinte e quatro vezes nas duas epístolas: dezessete vezes na primeira e sete na segunda. Outro grupo interessante de mensagens relacionadas pode advir do exame do uso dessa palavra em seu contexto.

Antes de deixarmos o assunto da série de sermões temáticos, é preciso observar duas importantes regras na apresentação de qualquer série de mensagens. Em primeiro lugar, deve ser breve. Ainda que bem desenvolvido com bastante variedade, a congre­gação pode perder o interesse se a apresentação do tema, por importante que seja, passar de certo tempo. Em segundo lugar, a série deve mostrar ordem ou progresso. Um arranjo mal feito de sermões relacionados, em geral não é tão eficaz quanto aquele cujas mensagens são planejadas com cuidado e numa ordem apropriada. Quando a série é adequadamente organizada, a congregação poderá facilmente observar o relacionamento das mensagens. Servirá também para aumentar o interesse, à medida que a série prossegue para um clímax.

Conclusão

O desenvolvimento total do esboço temático deve aguardar mais instruções, mas se o estudante seguiu a discussão neste capítulo, ele pode, mediante aplicação cuidadosa dos princípios aqui contidos, aprender a preparar o esboço básico de uma mensagem bíblica temática.

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